Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

PREGANDO A REVOLUÇÃO


PREGANDO A REVOLUÇÃO
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Suponhamos ou “imaginemos”, como inspira a canção “Imagine” de John Lennon, que fosse algo possível ouvir, diretamente, a grande voz popular, mas sem interferências dos interesses político-partidários ou ideológicos, acerca das diversas situações de fato, que vêm ocorrendo aqui, depois que se tornou notório o “desastre brasileiro" (só para se ter algum ponto de referência), do qual resultou o “impeachment” da ex-presidente Dilma.
Que reações seriam colhidas, e quais as soluções que o povo exigiria que fossem adotadas relativamente a todo esse descalabro, verificado no executivo, no legislativo e no judiciário?
Conquanto não seja uma questão tão presente, começo a falar do tal “impeachment”, por mero exemplo. Não me ataranta qualquer dúvida de que a ampla maioria da sociedade – que exigiu a saída de uma presidente acusada de crime de responsabilidade ou de ter levado o País ao caos e ainda do maior desemprego da história contemporânea no Brasil – por certo não concederia àquela a inconstitucional, petulante e debochada “anistia” relativa à proibição do exercício de função ou cargo público, nem permitiria gozar de odiosas regalias e vantagens, as quais nenhum brasileiro comum teve acesso ou jamais terá. Convenhamos esta senhora não honrou os mais sagrados compromissos e deveres que assumiu com a Nação, mas serve para desta receber gordos proventos e inúmeras regalias, proteções e benesses, até que morra. Não é justo. Expliquem como quiserem, mas não é justo...
É revoltante. Este País explora, sem dó, quem trabalha e quem por ele trabalhou até se retirar dos negócios. Onera, implacavelmente, quem produz e dá emprego. Não oferece saúde, educação e segurança ou protege o cidadão, mas lhe impõe uma conta louca e absurda, como se estivesse prestando o melhor serviço do mundo. Assim procede sempre em relação a quaisquer dos deveres do Estado, porém perdoa o político corrupto e desprezível, o agente público preguiçoso, incompetente ou venal, e socorre o bandido mais sanguinário e suas famílias, às vezes tão ruins quantos aqueles, para abandonar, ao Deus dará, o homem honrado. Explique quem quiser principalmente a “esquerda nervótica”, mas não é justo.
Tenho convicção que o povo se consultado, não consentiria: a) que Lula, Dilma e a camarilha destes permanecessem incólumes sem pronta punição, ainda que sujeitos a serem julgados pela justiça, porque o terrível mal que produziram já aconteceu; b) que o atual Presidente da República nomeasse para integrar seu Ministério, políticos já manchados pelas pechas da corrupção e do desmando do dinheiro público, como se, além deles, nenhum cidadão competente e do bem houvesse mais, neste País; c) que senadores da república, um deles respondendo por 11 inquéritos perante o Supremo Tribunal Federal e, como réu, noutra ação criminal, tal como outros tão desqualificados quantos, continuassem a exercerem seus vergonhosos mandatos, ainda mais das formas desafiadora, afrontosa e ousada com que o fazem; d) que a Câmara de Deputados deixasse de ser punida (de alguma maneira) por tentar, de forma vil na calada da noite, anular a legítima iniciativa popular, conhecida como a “Lei das Dez Medidas de Combate à Corrupção” (PL 4.850/16); e) que restassem tranquilos os políticos infames que visam aparelhar os órgãos do legislativo (Comissões de Constituição e Justiça, Conselhos de Ética e outros, do Senado Federal e da Câmara Baixa) com objetivo maior de “melar” ou desmoralizar a chamada “Operação Lava-Jato”; f) que as vagas para Ministros e Desembargadores, nos Tribunais Superiores e nos demais Tribunais do País, prosseguissem sendo preenchidas com nomes que tenham algum tipo de ligação política, partidária ou não; g) que continuasse vigendo essa excrescência antirrepublicana denominada “foro privilegiado”; h) que permanecessem, dentre nós, carreiras de servidores públicos – nos três poderes e em todas as esferas governamentais – aquinhoadas com remunerações astronômicas e dotadas de privilégios ou vantagens, como se constituíssem uma casta superior; i) que escapassem da condenação pública, os “Justiça’s” e os “Caju’s” da vida, (assim nomeados pelos delatores da Odebrecht), aqueles que, brandindo suas arrogâncias e desfaçatez, trabalham incansavelmente para tentam “blindar” políticos e agentes públicos maléficos, e a eles próprios em especial, todos alvejados pela Justiça, e outros que tais.
Some-se a tudo isso, então, os desvios de dinheiro público; os gastos com projetos ou obras desnecessárias e as despesas referentes ao custo dos serviços ineficientes ou surrupiados do cidadão; o enorme desperdício, descaso e abandono dos bens do País, e daí grita, estridentemente, uma questão: - porque suportamos toda esta vergonha e até quando vamos tolerar calados tudo isso? O que falta para o povo se rebelar?
Ante o pacato conformismo, a esquerda, sem verniz, se assanha cada vez mais. Já fala em ser eleita senadora da república “Dilma Carabina” (alcunha da guerrilheira nos anos 70); em Lula solto e candidato; na volta ao poder daquela gente que se especializou em assaltar os cofres da Nação; no retorno dos militantes enfurecidos porque perderam suas “boquinhas”, e quejandos.
Notáveis filósofos e pensadores lecionam que esta “apatia resignada” do homem de bem no Brasil decorre da falta de consciência de sua força e de sua responsabilidade como cidadão, bem como de um estado de “anestesia” (quase comatoso) decorrentes do simples entendimento no sentido de que “o povo não tem culpa direta dessas coisas, nem do Brasil ter se tornado no que aí está”. Não há como contestar.
Contudo, não vou me agarrar ao diagnóstico de que o problema é cultural, pois falta educação para o povo, e pronto. Aí, então, a solução seria, vamos todos esperar por quatro gerações, enquanto nossa gente se educa, e rezar para que, até lá, Deus “dê bom tempo”. Talvez se possa mais.
Reconheço que o homem comum, normal e são, tem - e deve ter mesmo - suas prioridades imediatas: a casa, a comida, o emprego, a segurança, a saúde, etc. Não me arvoro a aconselhar ou indicar caminhos. Não vou além das minhas sandálias, nem é do meu feitio. Porém, podia argumentar como nos versos de Lennon: “You may say, I'm a dreamer / But I'm not the only one/ I hope someday you'll join us” (Você pode dizer que sou um sonhador/ Mas eu não sou o único/ Espero que um dia você junte-se a nós). Pois bem, entendo possível e eficaz – e não enxergo outra maneira – senão difundir, divulgar, reunir, arregimentar ou doutrinar obstinadamente, sobre aquilo que cada um de nós pode fazer pelo País, relegando ao lixo da sociedade aqueles torpes responsáveis por nossas mazelas. Que mais nos caberia?
Se dissermos a algum compatriota, pelo menos uma vez ao dia, que podemos fazer acontecer o Brasil que queremos, e a nós próprios em primeiro lugar, eis aí a Revolução que a Nação precisa. Comecemos em casa. É simples assim...
 
José Mauricio de Barcellos, ex Consultor Jurídico da CPRM-MME é advogado - email: bppconsultores@uol.com.br.
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