A MÃE NATUREZA NOS ENSINANDO O CAMINHO DO BEM
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A MÃE NATUREZA
NOS ENSINANDO O CAMINHO DO BEM.
Luiz Ferreira da Silva, 87
Manoel Malheiros Tourinho, 84
(Floresta amazônica, fonte de ensinamentos)
O título do artigo que faz o conteúdo desse capítulo, é o mesmo de um
livro do primeiro autor desse capítulo, editado e lançado em 2018. A obra que
agora os autores revivem, foi fruto de mais de 50 anos de estudo e pesquisa do
primeiro autor, sobre os solos tropicais como força interativa de alto valor
ambiental.
Nos trópicos, os solos se formam rápido como também se intemperizam,
condicionando a vida na sua superfície, tanto a vida humana como a não-
humana. Os humanos, apesar de Sapiens, não entendem ou não querem
entender a sabedoria da natureza.
Não querem saber, por exemplo, que os solos trabalham e se perpetuam
sob a “lei do mínimo” e a natureza vive em ampla solidariedade ecológica. Uma
entidade divina, bastante espiritualizada, que favorece os grandes avanços da
ciência na via dos conhecimentos integrados. É a mãe natureza dando régua e
compasso para gerenciar o mundo, sem destrui-lo, seguindo o lema USAR
SEM DEPREDAR.
Há na natureza diversos trabalhos comunitários, um tipo de
solidariedade natural, uma perfeita harmonia Natura-Naturans, como menciona
Francisco I, em diversas Cartas Apostólicas que clama aos cristãos o amor a
Terra. “A Terra geme a dor do parto”. As ‘praças biológicas” de micro-
organismos, que o se desconhece para o bem e manutenção da sociedade
humana ecossistêmica, são destruídas completamente nas obras mega
capitalistas como a exploração mineral, a construção de hidroelétricas, a
expansão urbana com o aterro de zonas florísticas alagadas, entre outros. A
Natureza só nos ensina os caminhos do bem. Então vamos lá. Ela vai nos
ensinar sem cobrar taxas de inscrição, mensalidades ou outros tipos de taxas
de acumulação. Então, vamos lá:
Primeiro, coloquemos uma mochila nas costas e visitemos a floresta
amazônica lá para as bandas do Xingu. Sem drones e mapas com imagens.
Paremos numa bela castanheira e, numa linguagem “fito telepática”,
escutemos o que ela tem a nos ensinar.
- Sua copa apara as águas, amortecendo a força energética, evitando
erodir o solo.
- As bromélias que se agarram ao seu frondoso caule, formam um meio
de cultura para diversos micro-organismos que vão trabalhar em funções
especificas.
- As parceiras, ao seu redor, árvores do mesmo tope, outras mais baixas
até chegar aos extratos inferiores, formam uma comunidade de irmãos, vivendo
em comensalismo, ajudando-se para a preservação de todos, sobretudo
cuidando do solo e da água.
- O sistema amplo de raízes finas a grandes pivotantes se interagem
com as bactérias, fungos, nematoides e animais, remexendo o solo e o
enriquecendo de nutrientes. Neste contexto a minhoca funciona como um
arado, mas sem destruir a capa orgânica, ou seja, como os arados da
mecânica humana.
- A água se amolda ao terreno suprindo as necessidades das plantas,
dos animais e recarregando o lençol freático.
- De repente, surge o uirapuru com seu canto melodioso para encantar
as fêmeas, como se fosse um buquê de flores à sua amada. Não tem o
sentimento nocivo do “dar ou desce”.
- Um carapanã zune e lhe rouba um pouco de sangue, sem qualquer
infecção, pois faz parte do sistema de auto sustentabilidade.
- No oco de uma andiroba, um enxame de abelhas, no seu projeto de
polinização, contribuindo para a perpetuação das espécies, em parceria com os
belos beija flores que não se cantam de imitar os helicópteros.
Esta resumida descrição fito ecológica já ensina ao Homem sobre
solidariedade, trabalhar em mão dupla, preservar-se e aos seus, não destruir a
o seu meio e caminhar de mãos dadas no mesmo passo.
Daquele ambiente salutar, continue andar até chegar ao mar. Arreie o
matulão e se sente nas areias brancas de quartzo e sinta a brisa do mar
salitrado.
Receba a energia do trabalho das ondas e o espumar da limpeza dos
sargaços. Lá, além os arrecifes com vida, através do plâncton, provendo as
espécies marinhas, observe as gaivotas se refestelando.
Tudo isso, são ensinamentos de humildade, trabalho diuturno e
compromisso.
Nessa viagem, em todos os nichos visitados, um outro ensinamento
capital, a capacidade de mudar. De repente, muda o seu meio e as espécies
vão se selecionando naturalmente, adaptando-se, como é o caso da
castanhola, árvore ornamental, que vicejava nos baixios úmidos e teve que
migrar para as áreas secas, quando aqueles se inundaram. Diferentemente, o
Homem tem medo da morte, do futuro e da mudança, incapaz de enfrentar,
recorrendo aos psicólogos ou ao colo da mamãe.
Entretanto, não é ela quem vai lhe dar guarida, mas a Mãe Natureza que
pode lhe fazer o bem, desde que aprenda os seus ensinamentos e se enturme
no seu grupo, espelhando-se ao mesmo tempo no macaco jupará ou no urubu
que, sem irem à escola, plantam, respectivamente, cacau e dendê e vivem
felizes e faceiros.
Quem é o irracional? Como se depreende o ser humano tem
negligenciado os ensinamentos da Natureza. Então o humano é o irracional?
Os fundamentalistas bíblicos dizem não; os ecologistas ou os que vivem
ecologiando a natureza, dizem sim. É provável que existam tantos “gostos”
possíveis a responder essa pergunta. Um encaminhamento dialético é que
natureza e cultura são opostas, porém, da mesma moeda plasmada na trilogia:
Criatura-Natureza-Criação. Tudo está interligado. Não existe uma separação
clara entre natureza e cultura.
Mas o que vale a pena proteger ou mudar porque constitui uma ameaça
ou um transtorno? Entretanto, assim que a mente passa explorar ideias mais
abrangentes, até culturalmente construídas foram da ambiência, os cenários-
razões naturais e culturais, podem mudar de figura, conteúdos e formas.
Os autores, com experiencias vivenciais no assunto, afirmam que as
endogenias proporcionam os melhores meios de tratar com a natureza e
escrever com esta um novo contrato natural, respaldado em novas formas de
manejá-la, construídas em ontologias de raiz, ainda que venham ser evolutivas.
A floresta amazônica, para cumprir a sua função termostática do clima,
deveria permanecer tão intacta e inalterada quanto possível. Maneja-la com
“regras de quintal”, porque permitem regras de uso da terra mais maleáveis.
Isso não aconteceu.
E hoje se clama pela agricultura ombrófila; a Amazônia pedindo,
clamando pela sombra, ao invés da agricultura a “céu aberto” a qualquer custo
de insumos de elevados preços financeiros e ambientais. Até o cacau,
atividade agro econômica emblemática da agro-fruticultura-florestal, está sendo
forçado a mudar o manejo a favor da “desambientaçao” da atividade.
Se vê, pois, que o extrativismo, ainda que tenha escrito uma história
econômica saudável para a região, foi jogado no desterro e substituído por
cultivos e cultivares, de alhures, sem nenhuma adesão a cultura e ao território.
Melhor seria a “tecnificação” do Homem Original, visando tornar a terra
mais produtiva, porém sem destruí-la, possibilitando uma convivência com as
árvores extratoras e os cultivos adaptados ao ambiente e fundamentais à sua
sobrevivência e felicidade grupal. (01/10/2024)
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