Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

O SENTIMENTO SOCIOAFETIVO PELA TERRA CULTIVADA

DO AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS O SENTIMENTO SOCIOAFETIVO PELA TERRA CULTIVADA Luiz Ferreira da Silva (Capítulo XII do livro em formatação – A NATUREZA CONSTROI E O HOMEM DESTROI). Vi, através da BAND, belos vinhedos cultivados por famílias italianas de gerações sucessivas. Aquelas belas jovens colhendo cachos verdes de uvas como que viam os olhos da mesma cor de seus ancestrais, unindo-as aos pioneiros. E ao provarem o vinho, a emoção se renovava e se fazia presente em toda a família na imaginação afetiva. Não é só uma arte para ganhar dinheiro com a terra cultivada, mas um vetor de fertilização de almas. Um simples exemplo do Sul alienígena que encontra ECO na agricultura familiar do semiárido nordestino. Neste duro torrão, também o pequeno agricultor lavra a terra com amor e se torna um cuidador da Natureza, pois a tem para a sua sobrevivência e sua escola de vida. Como era bonito ver os humildes rurais trazendo em caçuás os produtos, literalmente frutos do seu labor, da sua competência, do seu “ganha pão”, abastecendo as feiras! O ponto mais importante de uma Cidade, sobretudo no Nordeste, é a sua feira. O primeiro “shopping center” que se tem notícias e, possivelmente, inspirador dos Americanos em sua capacidade de ganhar dinheiro com a edificação de complexas estruturas de cimento, abrigando lojas de diversas matizes. O do meu interior (Coruripe, Al) é a céu aberto, com um galpão para abrigar certos produtos, a exemplo de carnes e farinha. Alguns feirantes com pequenas toldas e a maioria no chão mesmo, espalhando os seus cultivos trazidos das roças. Dois aspectos importantes. O primeiro se refere ao estímulo ao pequeno produtor rural que dispõe de um lugar para comercializar os seus produtos. Em segundo, a importância para o pobre, adquirindo alimentos e outras necessidades sem o famigerado código de barras. Fico pasmo ao ver pessoas carentes comprando nos supermercados pagando altos impostos, pela falta de uma feira. Ao invés dos saquinhos já pesados e etiquetados, a cuia e a balança suspensa para mensurar o quanto de feijão, de farinha, de açúcar, dentre outros gêneros se deseja adquirir. Poder-se-ia agregar outra importância, o ponto de encontro de toda a sociedade, todos dependentes da humilde feira. É importante se enfatizar esse seu valor social. A figura do freguês é a marca da relação de quem compra com quem vende, diferentemente dos hipermercados, nos quais o prezado leitor nem é notado, não se criando qualquer vínculo amistoso. O dinheiro fala mais alto. Isso foi, com maior preponderância, 70 anos atrás. Veio a nova revolução verde através de uma agricultura de altos insumos e máquinas modernas de plantar e colher, sem se falar nos drones e sistemas de inteligência artificial, bem diferente de um passado dos chamados fazendeiros, aqueles de muita terra e coração fincado nela. Oravam pelas chuvas, acendiam velas a São Pedro e conheciam as vacas pelo nome. Uma relação socioafetiva com a terra, tal qual os seus vizinhos de pouca terra. Mesmo chamados de latifundiários tinham o visgo da terra e, talvez por isso, brigavam de unha e dente pelo seu patrimônio. Hoje, já se deslumbra uma outra figura, agora chamado de empreendedor rural, com muita terra e plantios a perder de vista, cujo interesse maior é faturar e ter poder. Têm até neófitos que nunca pisaram no chão rural. Com muito dinheiro, sem saber o que fazer, contratam um assessor financeiro que lhe convence a plantar para exportação, pois o retorno é certo. - É só adquirir terras no cerrado, contratar agrônomos e técnicos agrícolas e, com seu, poder usufruir das instituições públicas. Sabemos da importância da grande produção para a economia do país via exportação, porém não atende ao combate da fome interna e, no geral, provoca destruição dos recursos naturais. Qual a razão? Falta, a muitos deles, o sentimento socioafetivo à terra.

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