O SENTIMENTO SOCIOAFETIVO PELA TERRA CULTIVADA
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Aposentados em Alerta
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17:05
DO AGRISSÊNIOR NOTÍCIAS
O SENTIMENTO SOCIOAFETIVO PELA TERRA CULTIVADA
Luiz Ferreira da Silva
(Capítulo XII do livro em formatação – A NATUREZA CONSTROI E O HOMEM DESTROI).
Vi, através da BAND, belos vinhedos
cultivados por famílias italianas de gerações
sucessivas. Aquelas belas jovens colhendo
cachos verdes de uvas como que viam os
olhos da mesma cor de seus ancestrais,
unindo-as aos pioneiros. E ao provarem o
vinho, a emoção se renovava e se fazia
presente em toda a família na imaginação
afetiva.
Não é só uma arte para ganhar
dinheiro com a terra cultivada, mas um vetor
de fertilização de almas.
Um simples exemplo do Sul alienígena
que encontra ECO na agricultura familiar do
semiárido nordestino.
Neste duro torrão, também o pequeno
agricultor lavra a terra com amor e se torna
um cuidador da Natureza, pois a tem para a
sua sobrevivência e sua escola de vida.
Como era bonito ver os humildes rurais
trazendo em caçuás os produtos, literalmente
frutos do seu labor, da sua competência, do
seu “ganha pão”, abastecendo as feiras!
O ponto mais importante de uma
Cidade, sobretudo no Nordeste, é a sua feira.
O primeiro “shopping center” que se tem
notícias e, possivelmente, inspirador dos
Americanos em sua capacidade de ganhar
dinheiro com a edificação de complexas
estruturas de cimento, abrigando lojas de
diversas matizes.
O do meu interior (Coruripe, Al) é a céu
aberto, com um galpão para abrigar certos
produtos, a exemplo de carnes e farinha.
Alguns feirantes com pequenas toldas e a
maioria no chão mesmo, espalhando os seus
cultivos trazidos das roças.
Dois aspectos importantes. O primeiro
se refere ao estímulo ao pequeno produtor
rural que dispõe de um lugar para
comercializar os seus produtos. Em segundo,
a importância para o pobre, adquirindo
alimentos e outras necessidades sem o
famigerado código de barras.
Fico pasmo ao ver pessoas carentes
comprando nos supermercados pagando
altos impostos, pela falta de uma feira. Ao
invés dos saquinhos já pesados e
etiquetados, a cuia e a balança suspensa
para mensurar o quanto de feijão, de farinha,
de açúcar, dentre outros gêneros se deseja
adquirir.
Poder-se-ia agregar outra importância, o
ponto de encontro de toda a sociedade, todos
dependentes da humilde feira. É importante
se enfatizar esse seu valor social.
A figura do freguês é a marca da
relação de quem compra com quem vende,
diferentemente dos hipermercados, nos quais
o prezado leitor nem é notado, não se criando
qualquer vínculo amistoso. O dinheiro fala
mais alto.
Isso foi, com maior preponderância, 70
anos atrás. Veio a nova revolução verde
através de uma agricultura de altos insumos
e máquinas modernas de plantar e colher,
sem se falar nos drones e sistemas de
inteligência artificial, bem diferente de um
passado dos chamados fazendeiros, aqueles
de muita terra e coração fincado nela.
Oravam pelas chuvas, acendiam velas
a São Pedro e conheciam as vacas pelo
nome. Uma relação socioafetiva com a terra,
tal qual os seus vizinhos de pouca terra.
Mesmo chamados de latifundiários tinham o
visgo da terra e, talvez por isso, brigavam de
unha e dente pelo seu patrimônio.
Hoje, já se deslumbra uma outra
figura, agora chamado de empreendedor
rural, com muita terra e plantios a perder de
vista, cujo interesse maior é faturar e ter
poder.
Têm até neófitos que nunca pisaram
no chão rural. Com muito dinheiro, sem saber
o que fazer, contratam um assessor
financeiro que lhe convence a plantar para
exportação, pois o retorno é certo. - É só
adquirir terras no cerrado, contratar
agrônomos e técnicos agrícolas e, com seu,
poder usufruir das instituições públicas.
Sabemos da importância da grande
produção para a economia do país via
exportação, porém não atende ao combate
da fome interna e, no geral, provoca
destruição dos recursos naturais.
Qual a razão? Falta, a muitos deles, o
sentimento socioafetivo à terra.
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