Sábado, 29 de Novembro de 2014
| Ano 17 nº 6538
Carlos Chagas
MAIS LUCRO, MENOS ENCARGOS
Publicado: 29 de novembro de 2014 às 0:00 - Atualizado às 0:02
Chame-se ajuste gradual ou arrocho fiscal, a verdade é
que vem chumbo grosso por aí. Em cima de quem? Dos mesmos de sempre, ou
seja, a classe média. A previsão é de cortes não propriamente nas
despesas públicas, mas nas aposentadorias e nos investimentos sociais,
sem atingir o bolsa-família e programas similares. Não parece de graça
que os setores conservadores, na imprensa e fora dela, vem saudando com
efusão a nova equipe econômica.
A pergunta que se faz é sobre o estelionato eleitoral verificado em outubro. Porque a campanha da presidente Dilma indicava precisamente o contrário. Assim veio a reeleição, mesmo apertada. Agora vem o troco.
Outro desmentido das promessas eleitorais surge na formação do novo ministério. Os selecionados pelo PMDB pouco ou nada tem a ver com os problemas das respectivas pastas. Não são os melhores de cada setor, muito pelo contrário. Ocuparão espaços, de preferência os mais aquinhoados com verbas orçamentárias, sem planos destinados a promover mais eficiência e melhores realizações.
No PT, a mesma coisa, assim como nos partidos menores da base oficial. Em suma, permanece o loteamento da máquina pública, sem maiores preocupações com sua performance. Como hoje ignoram-se os nomes dos ainda ministros do primeiro mandato, no próximo nada mudará. Fora alguma exceção, serão ilustres desconhecidos, em se tratando de intimidade com os temas a conduzir.
Fica clara a pouca importância dada pela presidente da República à sua equipe. Entre os novos, certamente haverá aqueles que entrarão apenas uma vez no gabinete de Dilma, para tomar posse. Porque depois, tanto faz quando for a hora da demissão, nem precisarão despedir-se. Muito menos terão despachado questões de rotina. Simples cartas de agradecimento bastarão para caracterizar a pouca importância e até o desprezo demonstrado pela chefe do governo diante da maior parte de seus auxiliares. Em suma, o segundo governo pouco irá diferir do primeiro, exceto quanto à política econômica. A vez será do andar de cima, aliás, jamais alijado das alturas. Apenas, a visão de seus ocupantes ficará mais clara, em se tratando das metas a conquistar: mais lucro, menos encargos.
AS QUINTAS-FEIRAS VIRARAM QUARTAS
Faz tempo que os trabalhos do Congresso limitavam-se às tardes das terças-feiras, às quartas inteiras e às manhãs das quintas. Era o período máximo em que a maioria dos deputados e senadores permaneciam em Brasília, fora as exceções de sempre. Pois agora mudou, tanto faz se por conta das eleições de outubro passado ou outros fatores. As quintas-feiras não existem mais, como tempo de trabalho parlamentar. Ou na noite da véspera ou de manhã bem cedo, viajam para seus estados.
ATÉ O PAPA…
O português era secretário do Papa e todas as manhãs adentrava os aposentos papais, abrindo as cortinas e despejando o chavão: “Sumo Pontífice, são sete horas, aqui está o seu chá e está um dia lindo”. Sua Santidade jamais deixava de responder: “Eu sei, meu filho, porque os anjos me contaram…”
Implicado com aquela premonição, “seu” Manoel foi-se irritando e um dia acordou o Papa com a mesma cantilena, respondida com a mesma referência aos anjos. Mas retrucou com malícia: “Pois então arrebentou-se, porque são oito horas, isto aqui é chocolate e está chovendo como o diabo!”
A piada se conta a propósito do segundo governo Dilma, prestes a se iniciar. A todo-poderosa poderá quebrar a cara quando pela primeira vez reunir seu novo ministério e, em vez de sorrisos e laudatórios, receber da equipe a uníssona indagação: “Estamos aqui para quê?”
Comentários:

Odoaldo Vasconcelos Passos Passos · Quem mais comentou · Trabalha na empresa Aposentado
Êta,
lá vem mais arrocho em cima dos velhinhos da Previdência Social. Será
que eles vão cortar o reajuste ínfimo do repasse da inflação? É só o que
está faltando, considerando que o índice do PIB, conforme é dado ao
salário mínimo, já foi aniquilado pelo governo do PT. A manutenção dos
reajustes para o "Bolsa Família/compra de votos", é claro, será mantido,
pois, 2018 virá logo mais. Ai está meus amigos aposentados e
pensionistas que votaram na Dilma Rousseff, o agradecimento. Ela
continua a mesma, odiando a nossa classe e fazendo tudo para se livrar
de nós. Assim, sobrará mais dinheiro para o superávit primário. A corda
sempre arrebenta pelo lado mais fraco, ou seja o dos indefesos e
desrespeitados idosos da Previdência Social. Agora é aguardar a próxima
eleição para a tentativa de corrigir tamanho erro daqueles que continuam
rezando pela cartilha dos ptralhas.
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