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AMÉRICA LATINA E UNIÃO EUROPEIA BUSCAM GANHOS MÚTUOS NA "NOVA GUERRA FRIA"

DO JORNAL GAZETA DO POVO Vozes Filipe Figueiredo Filipe Figueiredo Explicações para os principais acontecimentos da política internacional Geopolítica América Latina e União Europeia buscam ganhos mútuos na “nova Guerra Fria” Por Filipe Figueiredo 21/07/2023 16:03 0 Como você se sentiu com o conteúdo dessa matéria? 0 Felizes Líderes da União Europeia (UE) e da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), se reunindo para uma foto durante a cúpula que se encerrou na terça-feira (18)| Foto: EFE/EPA/JULIEN WARNAND Ouça este conteúdo Em meio a uma suposta “nova Guerra Fria” entre EUA e China, a União Europeia busca se projetar como uma terceira opção para os países latino-americanos. Na segunda e terça-feira (17 e 18), foi realizada em Bruxelas a terceira cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, a Celac, e a UE. Como resultado, dezenas de bilhões de euros em investimentos europeus foram acordados, o que é uma boa notícia não apenas para a América Latina, mas também para os europeus. A cúpula reuniu representantes de 60 países, mais de um quarto de todos os Estados internacionalmente reconhecidos, sendo 33 da Celac e 27 europeus. A Celac é resultado de um dilema do pan-americanismo que remonta ao final do século XIX. Em 1898, foi realizada a Primeira Conferência Internacional dos Estados Americanos, em Washington. Naquele momento, surgiu uma bifurcação, entre os defensores de um pan-americanismo “do Alasca à Terra do Fogo” e os que priorizavam uma integração latino-americana. Histórico A bifurcação gira em torno de diferenças culturais e sociais entre os países ibero-americanos e os EUA e o Canadá, além da óbvia assimetria de peso político e econômico entre EUA e demais países americanos. Mesmo entre os proponentes de uma integração latino-americana, havia outra clivagem, que excluía o lusófono Brasil, também assimétrico em relação aos seus vizinhos, especialmente por seu gigantismo territorial. O debate entre os dois modelos de integração pan-americana girou em torno especialmente de temas políticos até o período da Segunda Guerra Mundial. A consagração dos EUA como superpotência após o conflito pareceu solucionar o dilema. Foi criada a Organização dos Estados Americanos, OEA, e o Banco Interamericano de Desenvolvimento, consolidando a influência hemisférica dos EUA. Curiosamente, despertou efeitos contrários, já que setores tanto de direita quanto de esquerda resistiam à ideia de serem o “quintal dos EUA”, termo utilizado naquele período. Começaram a ganhar força propostas de retomar a integração latino-americana. Tais integrações eram focadas agora em pautas econômicas, como a Associação Latino-Americana de Livre-Comércio, a Alalc, de 1960, que nunca decolou na prática. Depois, vieram as tentativas de integração política, como o Grupo do Rio, e as integrações regionais, que tiveram mais sucesso, como a Comunidade Andina, o Mercosul e a Aliança do Pacífico. Claro que isso é um resumo extremamente objetivo desse processo centenário, que resultou na Celac em 2010. Em bom português, a Celac nasceu para ser uma “OEA sem os EUA”. Ela reúne não apenas os países ibero-americanos, mas também 12 países anglófonos do Caribe, o francófono Haiti e o Suriname, colonizado por holandeses. O histórico da formação da Celac é interessante para a compreensão de seu papel e de sua amplitude, especialmente em meio às diversas “sopas de letrinhas” da integração americana, que muitas vezes contribuem para seu descrédito, com frequentes novas iniciativas. Leia mais em: https://www.gazetadopovo.com.br/vozes/filipe-figueiredo/america-latina-e-uniao-europeia-buscam-ganhos-mutuos-na-nova-guerra-fria/?#success=true Copyright © 2023, Gazeta do Povo. Todos os direitos reservados.

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