AS QUEIMADAS NA AMAZÔNIA
Luiz Ferreira da Silva, 82
Engenheiro agrônomo e Escritor
luizferreira1937@gmail.com.
Há muita falta de conhecimento sobre as queimadas no meio rural, apesar de ter sido
uma prática desde o nosso Brasil aborígene.
Um bando de jornalistas despreparados, capitaneados por falsos ecologistas que
nunca foram mordidos por um carapanã, destilam conversas fiadas, aproveitando a bola da
vez, a Amazônia.
A agricultura de corte e queima é praticada há milhares de anos nas áreas florestadas
do planeta, principalmente nos trópicos úmidos, a exemplo da Amazônia. É a chamada
agricultura migratória (nômade, itinerante, de pousio ou “shifting cultivation”), o mais antigo
e ainda usado sistema de agricultura nestas regiões.
A queima procedida promove a reposição dos nutrientes removidos pelos cultivos;
manutenção das condições edáficas apropriadas para a utilização agrícola; controle da
proliferação de pragas e doenças; controle da acidez do solo e dos elementos tóxicos devido
à ação das cinzas; e controle da erosão.
Após 5 anos, em média, abandona-se a área, após a queda de produtividade dos
cultivos, incorporando outro talhão ao mesmo sistema, retornando àquela após o surgimento
da mata de segundo crescimento, indicando condições de recuperação do solo.
O tal sistema não suporta uma alta pressão social, levando o homem a necessitar de
mais áreas desmatadas, e cada vez mais e mais, por não possuir
ensinamentos/conhecimentos que lhe possibilite auferir eficazmente maiores produtividades
sem desgastar o recurso solo.
O problema está com a indústria madeireira e/ou agricultura extensiva, quando muitas
áreas são desmatadas, após o que se queima os restolhos (folhagens, galhos, arbustos),
incorporando-se ao solo os nutrientes acumulados na massa vegetal de centenas ou
milhares de anos. É uma prática de limpeza da área e fertilização natural. Não causa tantos
danos ao solo, mas ao ar, atingindo ao homem a curto prazo.
Neste caso, geralmente se semeia pastagens, aproveitando a momentânea riqueza
do solo, cuja produtividade de massa decai no intervalo de 3 a 5 anos, após o que se procede
nova queima, visando sobretudo controlar as pragas, notadamente as cigarrinhas, e
adicionar novos nutrientes, desta vez em menor quantidade.
Isso aconteceu no Sul da Bahia, como exemplo extensivo, ocasionando a degradação
de milhares de hectares, por não ter sido procedido um manejo adequado, mas constante
uso do fogo.
No caso da Amazônia, há os 3 processos de queima, com maior ênfase nos pósdesmatamento, estando logicamente esta derrubada de árvores intrinsicamente relacionada
com as queimadas subsequentes. E, ademais, a queima das pastagens, pelas razões
explicitadas, contribuindo para a poluição atmosférica.
É justamente o que está acontecendo neste “agosto cinzento” que, pela falta de ação
do governo, cobriu as Cidades da Amazônia da mesma fuligem que, em 1971, quando estive
pela primeira vez na Amazônia, fez-me arder os olhos, numa noite em Manaus. Nada, pois,
de novidade!
O resto é tapar o sol com a peneira, com elucubrações infundadas e conversas
desconexas, procurando os culpados fictícios, que já ultrapassaram os umbrais do nosso
país. (Maceió, 25 de agosto de 2019)AS QUEIMADAS.
Há muito sensacionalismo de jornalistas e ecologistas que nunca foram picados por um carapanã.
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