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BANCO CENTRAL: O MAIOR PLANO DE INJEÇÃO DE LIQUIDEZ DA HISTÓRIA


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O Banco Central (BC) anunciou um conjunto de medidas para combater os efeitos do novo coronavírus na economia. Na prática, a lista de ações pode significar a liberação de até R$ 1,21 trilhão em liquidez. Segundo o presidente do BC, Roberto Campos Neto, esse é o maior plano de injeção de liquidez e capital da história brasileira.

Segundo Cristiane Quartaroli, economista e estrategista de Câmbio do Banco Ourinvest, na prática a entidade monetária pretende garantir que haja mais dinheiro em circulação. “Dessa forma, os bancos têm como realizar mais empréstimos e podem ajudar a fazer a economia girar nesse momento de instabilidade”, diz. 

A atuação do BC para enfrentar os efeitos do novo coronavírus tem sido feita com base em cinco pilares:
  1. manter a liquidez dos mercados (medidas de injeção de dinheiro na economia);
  2. garantir capital via crédito;
  3. oferecer condições para que as empresas consigam postergar as dívidas;
  4. atuar no mercado de câmbio;
  5. manter estímulos monetários.
Para a economista, a mensagem do BC chega com o intuito de tranquilizar o mercado e mostrar que há um “arsenal” muito grande de medidas que ainda podem ser tomadas para garantir que o sistema financeiro do Brasil siga funcionando.

Em um primeiro momento, o mercado financeiro recebeu as medidas com entusiasmo. “Mas o oba-oba inicial já está passando e as incertezas estão ganhando força novamente”, diz Cristiane. O cenário político recheado de discussões também colabora negativamente com o momento delicado.

O Brasil passa por um desafio enorme de enfrentamento ao COVID-19 em termos de saúde pública e evolução do número de casos. Além disso, a questão econômica também começa a pesar. Na avaliação do BC, a maioria das pessoas acreditava que o país não seria muito afetado pelo vírus, o que subestimou seu potencial negativo. Agora, com a reclusão da população há um impacto grande no setor de serviços, que representa cerca de 70% do PIB (Produto Interno Bruto). Junto com isso há uma desvalorização dos mercados.

Será preciso que as medidas passem a vigorar para que o mercado financeiro compreenda seus efeitos na tentativa de amenizar os prejuízos. Entre as medidas anunciadas pelo BC estão:
    • liberação adicional de R$ 68 bilhões em depósitos compulsórios, além do valor de R$ 135 bilhões anunciado em fevereiro;
    • estudo de permissão de empréstimo do BC aos bancos com lastro em Letras Financeiras de carteiras de crédito securitizadas (impacto potencial de R$ 670 bilhões);
    • flexibilização das regras das LCAs (Letras do Crédito do Agronegócio), dando mais liberdade às instituições para definirem destinação dos recursos captados com esse papel;
    • recompra provisória de títulos da dívida externa;
    • novo Depósito a Prazo com Garantias Especiais (NDPGE) para captações de bancos;
    • empréstimo com lastro em debêntures (título de dívida corporativa)

Como isso impacta o câmbio?


O Banco Central também intensificou sua atuação no mercado de câmbio. No ano, até 23 de março, a entidade financeira já vendeu US$ 9,654 bilhões das reservas no mercado à vista, US$14 bilhões em leilões de linha – venda com compromisso de recompra – e US$ 10,5 bilhões em contratos de swap, em meio à escalada da moeda norte-americana.

Para Cristiane, as iniciativas como os leilões ajudam a injetar dinheiro no mercado financeiro e isso ajuda a conter a volatilidade. “Isso eventualmente pode colaborar para reduzir a cotação do dólar”, diz. “Ainda não é possível prever muita coisa, uma vez que essa é uma situação historicamente diferente de tudo o que já vivenciamos no mercado financeiro”, finaliza.

Nos dois dias seguintes ao anúncio do BC, o dólar fechou em queda, apesar de ainda se manter acima dos R$ 5. Os dias de menor tensão podem ser explicados também com os mercados globais apostando em medidas de estímulo, sem precedentes, nos Estados Unidos para aliviar os impactos econômicos da pandemia de coronavírus.

Pensando em médio prazo, o relatório Focus mais recente, divulgado na segunda-feira (23) pelo Banco Central, elevou a estimativa para a cotação do dólar em 2020, de R$ 4,35 para R$ 4,50. Em 2021, a previsão passou de R$ 4,20 para R$ 4,29.

O que mais está sendo feito para aquecer a economia?


Os efeitos econômicos da pandemia ainda não são calculáveis, mas o Fundo Monetário Internacional (FMI) calcula que o vírus causará uma recessão global em 2020, que poderá ser pior do que a observada durante a crise financeira global de 2008-2009. Mais de 80 países já pediram ajuda ao FMI, que disse ter capacidade de empréstimo de 1 trilhão de dólares.

Em meio ao cenário preocupante, o governo federal também anunciou uma série de ações para ajudar a aquecer a economia brasileira. Entre as principais medidas está o afrouxamento da meta fiscal, que vai permitir que o governo eleve o gasto público e descumpra a meta fiscal prevista para o ano (déficit fiscal de até R$ 124,1 bilhões). Também houve o anúncio de apoio à população mais vulnerável e a flexibilização das leis trabalhistas para manutenção de empregos, o que gerou discordância nos últimos dias.

Além disso, há frentes para pagamento de auxílio aos trabalhadores informais e autônomos, prorrogação do pagamento de tributos e redução de contribuição, apoio financeiro a estados, e uma ajuda do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que anunciou a suspensão de cobrança de empréstimos por seis meses, além de uma injeção de R$ 55 bilhões na economia para reforçar o caixa de empresas.



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