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“politicamente correta”.
9 de março de 2016
Allende, o socialista
A esquerda não
teria absolutamente nada se não fosse sua retórica de vítima. Salvador Allende,
o presidente socialista chileno, representa um ícone perfeito para o discurso
de vitimismo. Afinal, acabou morto e se seguiu um regime militar opressor,
sendo que Allende representava o “socialismo democrático”. É assim que muitos
jovens aprendem nas universidades e livros. Mas está, claro, tudo errado.
Abaixo, veremos um pouco mais do contexto que levou Pinochet ao poder no Chile.
Um pouco de
história do Chile nos mostra que este é um país com fortes raízes de
patriotismo, instituições capazes de manter a ordem, e um povo respeitador da
Constituição, datada de 1925. Os militares sempre se mantiveram fora da
política, como deve ser. O governo sempre teve um papel central, principalmente
para proteger o controle sobre os recursos naturais do norte.
O Partido Comunista
Chileno era o mais antigo da América do Sul, e sempre foi altamente obediente
ao Kremlin. O partido fundado por Salvador Allende era também declaradamente
marxista. Em 1967, o seu Partido Socialista deu a seguinte declaração: “O
Partido Socialista como uma organização Marxista-Leninista propõe a tomada do
poder como objetivo estratégico a ser conquistado por esta geração, para
estabelecer um estado revolucionário que irá libertar o Chile da dependência
econômica e cultural e iniciar o processo do socialismo. Violência
revolucionária será inevitável e legítima. Constitui o único caminho para se
chegar ao poder político e econômico. A revolução socialista poderá ser
consolidada apenas destruindo-se as estruturas burocráticas e militares do
estado burguês.”
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O MIR, movimento
revolucionário de esquerda similar as Farc e ao MST, era um corpo militar que
defendia a tomada do poder pelos comunistas e socialistas. O sobrinho de
Allende, Andres Pascal Allende, era um dos líderes de tal movimento. Outro
pilar de sustentação das bases revolucionárias estava na Igreja Católica e sua
teologia liberacionista, que acreditava na militância política como único meio
de transmitir a mensagem divina. Com esse conjunto de forças dando apoio, e
mais promessas de respeito à Constituição que se mostraram mentirosas depois,
em 1970 era eleito Salvador Allende para presidente. Em 1971, em uma
entrevista, o novo presidente já deixava claro suas intenções, ao dizer que
“nós precisamos expropriar os meios de produção que ainda estão em mãos
privadas”. Disse também que “nosso objetivo é o socialismo marxista total e
científico”.
Allende venceu as
eleições com 36% dos votos, o que estava longe de ser considerado um maciço
apoio popular. O primeiro aspecto de seu programa de governo foi um assalto às
propriedades privadas agrícolas, na medida conhecida como “tomas”. As
expropriações eram carregadas de violência, por bandos armados, normalmente
membros do MIR. Várias vítimas foram assassinadas, e alguns morreram de ataques
do coração ou se suicidaram. Entre novembro de 1970 e abril de 1972, quase 2
mil fazendas foram tomadas por bandos armados.
Em seguida, Allende
iniciou um programa de nacionalização de diversos setores da economia, como
mineração e têxtil. Seu governo utilizou pequenas brechas na lei para
infernizar a vida das empresas, e conseguir assim expulsar o capital
estrangeiro do país. A liberdade de expressão também foi fortemente atacada,
como em todos os países socialistas. Allende chegou a afirmar que “coisas são
boas ou ruins dependendo se elas nos trazem para mais perto ou longe do poder”.
Seu governo atuou direta e indiretamente contra jornais e estações de rádio não
socialistas.
Foi criada uma
instituição bizarra conhecida como “Corte do Povo”, em que juízes não
treinados, mas ligados às organizações de esquerda, eram indicados. Seus
poderes eram amplos, e batiam de frente com as leis já estabelecidas. Além
disso, Allende criou, em 1971, sua própria Guarda Pessoal, a GAP, fortemente
armada.
Todas essas medidas
inconstitucionais, num país que respeitava sua Constituição desde 1925, fizeram
com que o governo de Allende entrasse em conflito com a Suprema Corte. Vários
casos eram questionados na justiça, mas Allende simplesmente ignorava as
decisões da Corte. Ele chegou a dar a seguinte declaração em rede nacional:
“Num período de revolução, a força política tem o direito de decidir em última
instância se as decisões do judiciário se enquadram ou não nos objetivos e
necessidades históricas de transformação da sociedade. Conseqüentemente, cabe
ao Executivo o direito de decidir seguir ou não os julgamentos do judiciário”.
Pinochet, o general. Foto de Russell
Boyce/REUTERS
Em janeiro de 1972,
o Congresso aprovou o impeachment do ministro de Interior por falhar na
proteção dos direitos à propriedade e liberdade de expressão, apenas para vê-lo
assumir a pasta de Ministro de Defesa. Em julho do mesmo ano, um novo ministro
de Interior sofreu impeachment, mas foi apontado por Allende para um alto cargo
administrativo. Em dezembro, o Ministro de Finanças também sofreu impeachment
por ações ilegais contra trabalhadores em greve, mas foi transformado em
ministro da Economia. O desrespeito de Allende às claras regras do jogo, à
Constituição, ao Congresso e à Suprema Corte, era simplesmente total.
A crise econômica
se alastrava de maneira assustadora no Chile de Allende. A hiperinflação
atingiu mais de 500%, faltavam produtos nas prateleiras e o desemprego crescia
rapidamente. No meio desse caos econômico, Carlos Matus, um dos ministros de
Allende, disse que “o que é uma crise para outros representa uma solução para
nós”. O único setor que prosperou durante os anos de Allende foi o paralelo, o
mercado negro. Assim como na URSS, a nomenklatura chilena, composta de pessoas
ligadas ao governo e influentes, enriqueceu por meio da importação de
produtos escassos no Chile. O dólar, que no mercado livre da era pré-Allende
valia 20 escudos, atingiu 2.500 escudos em agosto de 1973. A produção agrícola
caíra 23% e a mineral uns 30%. No Chile de Allende, reinava o caos econômico e
social, fruto do total desrespeito à ordem.
Foi nesse contexto
que se deu o “golpe” de 1973. Os militares na verdade apenas cumpriram com suas
obrigações constitucionais. Uma guerra civil era iminente, e inúmeras armas já
estavam sob o poder dos revolucionários, enviadas sobretudo por Cuba. Allende
era bastante próximo de Fidel Castro, e no passado, como presidente do Senado,
já havia oferecido refúgio aos membros do grupo terrorista de Che Guevara.
Durante seu governo, não só centenas de guerrilheiros cubanos migraram para o
Chile, como membros de diversos grupos revolucionários do Brasil, Uruguai,
Argentina, Peru, Nicarágua e Honduras. A residência de Allende no El Canaveral
serviu como importante centro de treinamento para tais terroristas. Castro
chegou a mandar dois de seus maiores especialistas para ajudar na organização
da violência política chilena.
Como fica claro, o
general Augusto Pinochet não resolveu do nada tomar o poder porque as “elites”
estavam insatisfeitas com as “conquistas sociais” de Allende, o “socialista
democrático”. Essa narrativa é totalmente falsa, fabricada pelos “intelectuais”
de esquerda para aliviar a barra do seu guru e vender vitimismo aos leigos.
Quando governantes da esquerda radical, impopulares após destroçar a economia,
resolvem partir para o completo desrespeito às regras do jogo e intensificar na
escalada socialista autoritária, isso produz naturalmente uma reação por parte
daqueles que desejam manter a ordem.
Ou seja, quando a
esquerda corrupta, incompetente e golpista resolve partir para o tudo ou nada,
isso costuma levar a um dos dois cenários: 1. se ela for bem-sucedida, a
democracia acaba de vez, assim como a economia, e o país vira uma ditadura
socialista, como Cuba e Venezuela; se ela fracassar, é porque houve intervenção
militar, a ordem acaba resguardada após uma fase inicial de conflito, e a democracia
também morre. A história mostra que a segunda alternativa é muito melhor do que
a primeira. O Chile pós-Pinochet teve bons resultados econômicos e sociais,
graças aos liberais inspirados em Milton Friedman, ao contrário de Cuba e
Venezuela, mergulhadas no caos.
Mas ninguém pode
celebrar um general no comando da política, um regime opressor e muitas vezes
brutal. É algo triste, sempre perigoso, que ameaça as liberdades individuais.
É, infelizmente, o resultado da irresponsabilidade e da ousadia dos canalhas
revolucionários da esquerda radical.
Rodrigo Constantino
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