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PENSE UM POUCO - 
 
Eis o ótimo texto do jornalista J.R. Guzzo - PENSE UM POUCO-:  
 
 
Previsões sobre o que vai acontecer amanhã sempre ficam melhores
    quando são feitas depois de amanhã. O que temos na vida real é o hoje, só
    isso — e o grande problema é chegar a alguma conclusão coerente sobre o que
    está realmente acontecendo hoje. Há uma sugestão honesta para resolver
    isso; infelizmente, ela dá trabalho, exige esforço mental e não pode ser
    encontrada no Google. Como não há o mais remoto acordo sobre o dia de hoje
    — as coisas estão melhores que ontem, ou nunca estiveram tão horríveis? —,
    a única ferramenta disponível para ter alguma ideia decente das coisas é
    pensar. E pensar, como se sabe, é uma das atividades humanas mais odiadas
    neste país, sobretudo por aqueles que imaginam saber o que estão falando. 
 
No caso, pensar significa olhar com um pouco mais de atenção para
    onde o Brasil está indo. No fundo, é isso o que importa. O país vai estar
    melhor daqui a três anos? Depende das decisões que estão sendo tomadas
    agora. Se você está construindo a cada dia 1 quilômetro de estrada, por
    exemplo, daqui a 100 dias terá 100 quilômetros de estrada construídos. 
 
 Não
    pode ser de outro jeito. Há uma única coisa que importa nisso: se aquele 1
    quilômetro por dia está sendo construído mesmo. Se estiver, a realidade do
    país estará sendo mudada para melhor. Se não estiver, a realidade
    continuará a mesma.  
 
O resto é conversa inútil de sociólogo-politólogo-intelectuólogo.
    E então: para onde estamos indo, com base nos fatos que se podem verificar
    hoje? 
 
É certo, para começar, que há oito meses não se rouba por atacado no
    governo federal, coisa que jamais ocorreu, na memória de qualquer
    brasileiro vivo. Não há a mais remota denúncia de nada de errado por aí,
    apesar da vontade imensa dos adversários do governo de denunciar tudo. Pode
    haver daqui a meia hora — mas por enquanto não houve. É bobagem ignorar
    isso, ou achar que não faz diferença — é claro que faz uma tremenda
    diferença. Também não há dúvida sobre uma realidade raramente mencionada: o
    ministro da Economia é Paulo Guedes, e Paulo Guedes é o primeiro
    capitalista de verdade a chefiar a economia brasileira desde Roberto
    Campos, há mais de cinquenta anos. Guedes é artigo genuíno: não tem
    compromisso nenhum com a “economia de Estado” e a sua burocracia estúpida,
    sabe que não pode haver progresso duradouro no Brasil sem o máximo de
    liberdade econômica e está convencido de que a única função útil de um
    governo neste mundo é tornar mais cômoda a vida das pessoas. É igualmente
    óbvio que isso vai mudar o país nos próximos três anos. 
 
É um fato que haverá uma reforma tributária — e, qualquer que ela
    seja, as coisas não vão ficar como estão, nem a situação atual dos impostos
    no Brasil vai piorar, pois isso é praticamente uma impossibilidade
    científica. Não há nenhum motivo concreto para alguém acreditar que o
    Brasil passará os próximos anos sem fazer privatizações, como passou os
    treze anos da era Lula-Dilma. Também é uma realidade concreta que não falta
    capital para ser investido no processo brasileiro de privatização já em
    andamento: estima-se que existam no exterior, neste momento, entre 15
    trilhões e 17 trilhões de dólares aplicados a juros negativos. É possível
    que nenhum centavo venha para cá? Possível é — mas aí seria preciso
    demonstrar qual a lógica de uma coisa dessas.  
 
Também não há falta do que
    privatizar. O governo brasileiro é o maior proprietário de imóveis do
    mundo; boa parte do que tem pode ir para o mercado. O Brasil tem 72?000
    torres de telefonia; a China tem 1 milhão. A razão sugere que há alguma coisa
    a fazer nessa área — ou em saneamento, já que 100 milhões de brasileiros
    não dispõem hoje de esgotos, por falta de investimento. 
A Petrobras tem 12?000 funcionários a menos do que no fim do governo
    Dilma; mais 10?000 serão dispensados no futuro próximo, e a empresa estará
    enfim preparada para a privatização — depois de já ter vendido, sem barulho
    algum, sua distribuidora BR e suas operações de gás, e posto à venda oito
    de suas refinarias. Um dos resultados disso, pela lógica, será a redução
    geral dos custos da energia no país. Por causa do monopólio estatal, o
    preço do metro cúbico de gás no Brasil é de 12 dólares, em comparação com
    7,70 na Europa e 2,80 nos Estados Unidos. Sem Petrobras, sem monopólio e
    com concorrência, por que essa aberração iria continuar?
 
 
Houve uma queda
    superior a 20% no número de homicídios neste primeiro semestre, segundo o
    site G1. A inflação está perto de zero. Os juros são os mais baixos dos
    últimos trinta anos. A construção cresce. 
 
São fatos. Pense neles, para pensar no amanhã. | 
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