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Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

POBREZA E DESIGUALDADE NÃO CAÍRAM POR CAUSA DA BONDADE DE LULA

                DO BOLETIM COPPOLLA
ARTIGO RECOMENDADO
Pedro Menezes
Colunista e fundador de O Mercado Popular, para a Gazeta do Povo
Embasado por pesquisas, dados internacionais  e números oficiais, Pedro Menezes desconstrói a narrativa onipresente na esquerda brasileira, que coloca Lula como arquiteto e responsável pelo resgate de milhões de brasileiros da miséria na 1a década deste século. Pelo contrário, ele estava surfando uma onda e, em comparação a outros países, o Brasil se saiu pior. Confira trechos do artigo:
A primeira década desse século vai ficar conhecida como um dos maiores períodos de redução da pobreza na história humana. Por todo o mundo, a pobreza caiu consideravelmente. O Brasil segue a regra. A menos que Lula tenha sido o responsável por todo esse fenômeno global, esta é uma ressalva importante que deve ser feita aos excelentes números do seu governo. A causa do que aconteceu não está num presidente bondoso, mas numa conjuntura internacional onde todos tiveram números excelentes, especialmente no combate à pobreza.
No estudo “A Década Perdida: 2003-2013”, os economistas João Manoel Pinho de Mello (professor do Insper, Ph.D pela Stanford University), Vinicius Carrasco (professor da PUC Rio e Ph.D pela Stanford University) e Isabela Duarte (mestre pela PUC Rio) avaliaram o desempenho econômico brasileiro em contraste com o de países comparáveis, no mesmo período.
O método foi simples: para que a conclusão do estudo fosse mais precisa, em cada quesito foi feita uma comparação entre o Brasil e o que se chama de “grupo de controle sintético” – um grupo de países que pode ser tomado como o melhor possível para uma comparação justa. A conclusão é assustadora: o Brasil, entre 2003 e 2013, “cresceu, investiu e poupou menos; recebeu menos investimento estrangeiro direto e adicionou menos valor na indústria; teve mais inflação; perdeu competitividade e produtividade, avançou menos em Pesquisa e Desenvolvimento e piorou a qualidade regulatória; foi pior ou igual em quase todos os setores importantes; a distribuição de renda, a fração de pobres, e a subnutrição caíram em linha ou um pouco menos; a escolaridade avançou menos, a despeito de maiores gastos; a saúde andou em linha, sem grandes diferenças”.
O único critério em que avançamos mais do que os países de comparação foi no mercado de trabalho, mas mesmo nele os pesquisadores julgaram que apenas “avançamos na margem mais fácil: colocar as pessoas para trabalhar”. Em tarefas mais difíceis, como a já citada produtividade – que seria capaz de garantir empregos de melhor qualidade e com salários maiores –, o Brasil foi pior.
Portanto, Lula não deve ser julgado pelos resultados do seu governo. Cabe observar, principalmente, qual legado foi deixado ao Brasil. E o fato é que, apesar de ter tido mais de 80% de popularidade durante boa parte do mandato, Lula nunca entregou uma boa reforma tributária ou outras medidas estruturantes de longo prazo. Pelo contrário, suas tentativas de acelerar o crescimento brasileiro – como o PAC e a farra do BNDES – resultaram num estrondoso fracasso.

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