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Canabidiol brasileiro chega às farmácias: desenvolvido na USP
12 de Maio de 2020
Por redação
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Chegou às farmácias
brasileiras o primeiro extrato de canabidiol desenvolvido no país.
O remédio é fruto
de uma parceria entre a indústria farmacêutica e cientistas da Faculdade de
Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da Universidade de São Paulo – USP.
Ele é indicado para
o tratamento de epilepsia, esclerose múltipla, doença de Parkinson,
esquizofrenia, ansiedade, fobias sociais e vários outros distúrbios
psiquiátricos e emocionais.
Fabricado pelo
laboratório Prati-Donaduzzi, no Paraná, o produto foi liberado para
comercialização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 22 de
abril. Os primeiros lotes foram entregues ao mercado perto do Dia das Mães, 10
de maio, informou o Jornal da USP.
“Ver essa medicação
com uma possibilidade de usos tão grande chegar à farmácia é, realmente, uma
satisfação muito grande”, comemora o pesquisador José Alexandre Crippa,
professor titular de Psiquiatria e chefe do Departamento de Neurociências e
Ciências do Comportamento da FMRP.
O canabidiol (CBD)
é uma das várias substâncias presentes na maconha – chamadas canabinoides
– que agem sobre o sistema nervoso central, especialmente no cérebro.
O remédio
O produto
brasileiro é uma mistura de óleo de milho com CBD puro, extraído de plantas de
maconha importadas da Europa – porque o plantio no Brasil segue proibido, mesmo
para fins terapêuticos.
A fórmula,
desenvolvida e patenteada pelos cientistas da USP, em parceria com a empresa, é
isenta de tetra-hidrocanabinol (THC), a substância que dá o “barato” da
maconha, quando a planta é fumada.
Fármaco
O canabidiol
brasileiro foi registrado como um fitofármaco – fármaco de origem vegetal – sem
indicação clínica pré-definida. Diferentemente do medicamento Mevatyl (ou
Sativex) — único canabidiol disponível no mercado nacional até agora, produzido
pela britânica GW Pharma —, que tem indicação específica para o tratamento de
espasticidade (contrações musculares involuntárias) relacionada à esclerose
múltipla.
Isso significa que
o canabidiol da USP pode ser receitado para qualquer condição em que o remédio
seja considerado potencialmente benéfico para o paciente.
“A indicação fica a
critério do médico”, resume Antonio Zuardi, de 73 anos, professor titular de
Psiquiatria da FMRP e um dos pioneiros da pesquisa com derivados da maconha no
Brasil e no mundo.
“É uma
responsabilidade do médico, compartilhada com o paciente e seus familiares,
quando este não tiver condições de decidir sozinho”, explica Jaime Hallak,
professor titular do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento
da FMRP, que também participou do desenvolvimento do produto.
Vendas
O duro é o preço,
que continua proibitivo.
O Canabidiol Prati
Donaduzzi, 200mg/ml, está disponível no site da Droga Raia por R$ 2.500, ou R$
2.143,30 com desconto automático. O preço do similar importado, chamado
Mevatyl, é de R$ 2.800,00.
E não adianta
procurar por ele nas prateleiras.
A venda do canabildiol
só pode ser feita com receita médica tipo B (azul), de numeração controlada, a
exemplo do que já ocorre com calmantes, antidepressivos e outras substâncias
psicoativas, que atuam sobre o sistema nervoso central.
Epilepsia
A mesma formulação
aprovada como fitofármaco está sendo usada num ensaio clínico de fase três, com
110 crianças, para testar a eficácia do CBD no tratamento de casos graves de
epilepsia refratária (que não responde aos tratamentos disponíveis).
Algumas dessas
crianças, segundo Zuardi, chegam a ter mais de 500 convulsões por mês. Trata-se
de um estudo randomizado e duplo-cego, que vai comparar os resultados de
crianças tratadas com o CBD versus placebo — em ambos os casos, sem deixar de
aplicar o tratamento padrão, com as drogas convencionais. Os resultados são
esperados para o ano que vem.
Além disso, o
pesquisadores trabalham no desenvolvimento de várias moléculas sintéticas,
análogas ao CBD, que permitiriam produzir novos medicamentos sem a necessidade
de usar a planta da maconha.
Com informações
do JornalDaUSP
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