GAZETA DO POVO
UFPR desenvolve teste para Covid-19 com resultado em 15
minutos e custo de R$ 10
Por Célio Yano
[22/06/2020] [14:29]
Um grupo de
pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) liderado pelo bioquímico
Luciano Huergo desenvolveu uma metodologia para teste de Covid-19 capaz de
entregar o resultado em 15 minutos, a um custo de R$ 10. A equipe busca agora
uma parceria no mercado para a transferência da tecnologia, o que permitirá sua
produção em larga escala.
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O teste é do tipo imunológico, ou seja, aponta a presença de
anticorpos no plasma sanguíneo de uma pessoa que tenha sido infectada pelo
Sars-CoV-2 e já tenha desenvolvido imunidade ao vírus, o que ocorre cerca de 10
dias depois da contaminação. A verificação é útil para fins de vigilância
epidemiológica e para se atestar a eficácia de possíveis vacinas, por exemplo.
“Para a retomada de atividades é fundamental ver o porcentual da população que
já desenvolveu anticorpos contra o novo coronavírus”, explica Huergo.
O grande diferencial do teste criado pela equipe foi
conseguir reproduzir antígenos do vírus (moléculas que acionam a produção de
anticorpos) em laboratório. No caso do Sars-CoV-2, os principais antígenos são
as proteínas nucleocapsídeo e Spike (N e S). “São os insumos mais caros para o
desenvolvimento de testes imunológicos”, explica Huergo. Empresas de
biotecnologia estrangeiras chegam a comercializar um miligrama dessas proteínas
por 1 mil dólares, sem contar os custos de importação.
Testes são gargalo no controle do coronavírus
Em março, diante da declaração da Organização Mundial de
Saúde (OMS) de pandemia do novo coronavírus, Huergo começou a estudar de que
forma poderia ajudar no combate à disseminação do patógeno. “Como tenho
experiência em bioquímica de proteínas, notei que o gargalo era a questão do
teste”, conta o bioquímico, que é pesquisador associado ao Laboratório de
Microbiologia Molecular do campus Litoral da UFPR e professor do Programa de
Pós-Graduação em Bioquímica da universidade, em Curitiba.
Uma parceria com a Universidade de Tubingen, na Alemanha, e
com a Fundação Alexander von Humboldt permitiu que a UFPR tivesse acesso a uma
quantidade dos antígenos trazidas do exterior. Sequências que codificam as
proteínas foram inseridas em um fragmento de DNA, posteriormente introduzido em
uma bactéria, o que permitiu a reprodução das moléculas em larga escala e sem o
risco de se trabalhar diretamente com o vírus.
Com o material sintético, o teste pode ser feito a um custo
de cinco a dez vezes mais barato do que os similares existentes no mercado. A
ideia inicial era usar um método conhecido como Elisa (sigla em inglês para
ensaio de imunoabsorção enzimática), que detecta a existência de anticorpos em uma
amostra de sangue a partir de marcadores presentes em uma superfície sólida
onde anteriormente são fixados os antígenos. Esse tipo de teste levaria, no
mínimo, cinco horas para ficar pronto.
“No desenvolvimento do trabalho, surgiu a ideia de usar
nanopartículas para acoplar os antígenos, fazendo com que as proteínas fiquem
em solução, e não fixadas em um material seco”, explica o pesquisador. O tempo
para observação do resultado caiu para 15 minutos. “Temos maior superfície de
contato, o que facilita e agiliza todo o processo”. Com a adição de reagentes
cromogênicos, a presença do anticorpo imunoglobulina G (IgG) pode ser observada
a olho nu, por causa da alteração na cor da solução.
Universidade aguarda parceria para produzir teste em escala
Enquanto aguardam parceria com alguma empresa ou algum órgão
público que banque a escalabilidade do sistema, os pesquisadores conseguem
realizar até 96 testes por vez. Em fase preliminar, foram realizados testes com
seis amostras de soro sanguíneo de pacientes do Hospital de Clínicas da UFPR –
alguns infectados, outros, não. A precisão foi de 100%. O teste não exige
necessariamente o isolamento do soro do sangue, podendo ser feito com uma
amostra sanguínea recém-coletada.
Esta semana, outras 60 amostras serão testadas com o novo
método e ajudarão a equipe a ajustar a concentração de reagentes, de modo a
tornar ainda mais preciso o processo. Também está em estudo a possibilidade de
incluir um leitor de luz para detectar a reação do reagente cromogênico com
maior precisão.
Empresas interessadas na oferta do know-how para produção
dos testes imunológicos podem encaminhar propostas até 30 de junho por meio da
Agência de Inovação da UFPR. Mais informações disponíveis neste link."
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https://www.gazetadopovo.com.br/parana/ufpr-teste-rapido-covid-19-15-minutos-10-reais/?ndc=BROWSER%3A1568495697230_395df49d6a7d_544057746&nduid=web_1592841471653_cb14push&ndry=PUSH
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