Carecemos
de um projeto
A
elaboração de um projeto de nação nos traz uma oportunidade para buscarmos
sinergia entre todos que integram a sociedade
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O Estado de S. Paulo
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10 Jul 2020
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EDUARDO VILLAS BÔAS
A elaboração de um projeto de nação nos
traz a oportunidade para buscarmos sinergia e, com o interesse coletivo como
referência, encontrarmos caminhos de paz e prosperidade.
Somos um país com mais de 200 milhões
de habitantes, cuja população contém em si própria riquezas geradas desde 1500,
decorrentes da miscigenação em que as três raças se mesclaram, cada uma delas
aportando características ímpares. A criatividade, a alegria de viver, a
tolerância, a adaptabilidade, a resiliência, a religiosidade, o sentido de
família, o patriotismo, enfim, esses e outros atributos são como uma vasta
produção de frutos, à espera de serem colhidos e colocados na grande cesta da
nacionalidade brasileira.
Esse enorme cartel de singularidades
vive sobre uma base física que metaforicamente constitui uma arca plena de
riquezas, sobre as quais estamos sentados, desconhecendo o conteúdo e tampouco
sabendo como abri-la.
O que nos falta para que se produza uma
mobilização da vontade e das capacidades no sentido de soberanamente os
utilizemos atendendo prioritariamente às necessidades do nosso povo?
Infelizmente, nossa sociedade se deixou
impregnar por esquemas mentais que nos são estranhos, depois de 50 anos em que,
a despeito das precariedades, trazíamos conosco um senso de grandeza, aliado a
uma ideologia de desenvolvimento e a um sentido de progresso.
Infelizmente, a partir de então – anos
oitenta – não atentamos a que nós estávamos deixando fracionar, inicialmente
por interesses alheios travestidos de ideologias e, quando elas fracassaram,
permitimos que esquemas mentais alheios a nossa natureza viessem a nos dividir
ainda mais, a ponto de o ser humano não mais fosse valorizado como tal,
passando a que sua essência, para ser reconhecida, dependesse da militância em
prol de um desses grupos onde se abrigam.
Caímos num fosso, em cujo interior
andamos em círculo, progressivamente nos afundando sem dispor de ferramentas
que nos tornem possível dele sair, de maneira a que recuperemos a capacidade de
vislumbrar o horizonte e nele identificar indicações dos rumos a seguir com
vistas no futuro. Em outras palavras, carecemos de um projeto nacional que nos
possibilite ter um olhar em direção ao interesse comum, capaz de nos livrar da
prevalência do individualismo, do imediatismo e dos interesses grupais ou
corporativos.
A elaboração de um projeto de nação nos
traz uma oportunidade para buscarmos sinergia entre todos que integram a
sociedade brasileira e, colocando o interesse coletivo como referência,
encontrarmos os caminhos que conduzam à paz e à prosperidade.
É o que esperam de nós as gerações
futuras, os países que nos são vizinhos e os que desejam compartilhar um futuro
comum. Somos, talvez, o único país com capacidade de inaugurar um novo caminho
de desenvolvimento, a partir das qualidades de nossa gente, assinaladas no
início dessas palavras. É hora de arregaçarmos as mangas e, cada um,
considerando as capacidades e disponibilidades, participar desse grande
mutirão.
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GENERAL DA RESERVA E EX-COMANDANTE DO
EXÉRCITO
1 comentários:
Aí esta um texto profundo e coberto de razões óbvias. O Brasil seria uma maravilha se todos os seus habitantes, desde os mais fracos como os mais fortes, se entendessem harmoniosamente, dividindo o nosso rico quinhão de modo farto entre todos os cidadãos. Que cada um de nós abandone a cobiça desmedida, a torpe trapaça, adote a verdadeira justiça e honestidade. Os mesmos direitos e deveres também deveriam ser iguais para todos. Mas, qual! Vivemos como no mundo animal. Somos como o leão e outras três feras carniceiras que ao abateram uma presa dividiram-na em quatro pedaços. Na hora da partilha o leão com todo o poderio que tem diz: Este primeiro pedaço é o meu. Este segundo pedaço também é meu porque sou o rei dos animais. Este terceiro pedaço também é meu porque sou o mais forte. Já este quarto pedaço, venha apanhar quem tiver coragem! Almir Papalardo.
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