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O SUCESSO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL

O SUCESSO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL Desde os tempos do Império, passando pela República Velha, chegando à ditadura Getúlio Vargas que o Brasil era o país do futuro, vivendo de uma agricultura extrativista, notadamente produzindo em sua pauta de exportação apenas algodão e café. Em plena 2ª Guerra Mundial, o ditador Vargas negociou no Rio de Janeiro com o Presidente Roosevelt, dos Estados Unidos, que nos visitava, a cessão provisória da Base Aérea de Natal RN até o fim da guerra, o que felizmente aconteceu em poucos anos, em troca da instalação da pioneira usina siderúrgica de Volta Redonda RJ, dando o primeiro passo para o nosso avanço industrial. Contudo, continuávamos pobres, apesar de ricos em minérios, imensa vastidão de território, possuindo um solo fértil e uma condição climática de produzirmos produtos agropecuários o ano todo. Os governos se sucediam na mesmice de uma indústria acanhada e uma produção agrícola de uso interno. Não pensem os brasileiros que o sucesso do agronegócio, no Brasil, caiu do céu ou foi uma faísca mágica e casual que fecundou as fazendas do interior do Brasil! Nada disso, o futuro havia chegado para o país e para o agronegócio. Foi um trabalho memorável dos vários governos militares, notadamente o presidente Ernesto Geisel e uma equipe de técnicos do seu Ministério da Agricultura. Tudo aconteceu quando, em 1974, o Presidente da República Ernesto Geisel, mandou chamar para conversar o jovem Secretário de Agricultura de Minas, Alisson Paulinelli, saído das salas de aulas e da direção da Universidade Agrícola de Lavras de Minas Gerais, e expressaria a este, o óbvio: a agricultura brasileira só sairia da mesmice de cinco séculos de extrativismo se sofresse uma revolução tecnológica. Em seguida, Geisel o convida para ministro da Agricultura e diz: vamos fazer essa revolução. Paulinelli topou. Chamou o presidente da adormecida Embrapa e o diretor de recursos humanos Eliseu Alves e estabeleceram o rumo das ações: não queremos cientistas para resolver problemas da ciência, mas para resolver os problemas da produção da nossa agricultura. Pegaram uma verba de US$ 200 milhões e escolheram, em várias universidades do Brasil 1.600 dos melhores recém formados acadêmicos em agricultura e veterinária, e os mandaram para fazer mestrado ou doutorado nas melhores universidades do mundo: Califórnia nos Estados Unidos, França, Espanha, Índia, Japão e outras. Plantaram a semente da maior revolução na agricultura já realizada na América Latina. Eliseu Alves que havia chegado dos Estados Unidos com bagagem mundial como cientista e como gestor de ciência e tecnologia assumiu a presidência da Embrapa e estabeleceu, junto com Paulinelli, as seguintes linhas de trabalho: 1) Criou 14 Centros de Pesquisas em 14 regiões do País para pesquisar 14 produtos (exceção do café que já tinha o IBC, e do cacau que tinha a CEPLAC), soja em Londrina e em todo o Paraná, mandioca e fruticultura em Cruz das Almas na Bahia, milho e sorgo em Sete Lagoas MG, vinho em Bento Gonçalves RS, feijão e arroz em Goiânia GO, gado de leite em Juiz de Fora MG, gado de corte em Campo Grande MS e seringueira em Manaus AM. 2) Criou 4 Centros de Recursos Genéticos para o serrado, em Brasília. Não foi milagre, foi competência mesmo. Anos depois, o investimento da Embrapa em aprendizado externo e pesquisas internas explodiu a agricultura brasileira para melhor. Foi a visão correta da ciência e das necessidades do Brasil. Hoje, o mundo inteiro corteja o nosso país por conta desse triunfo. Vamos aos fatos atuais. O presidente Geisel não se locupletou do seu sucesso e morreu anônimo e esquecido, mas o povo brasileiro deve muito a este ex-presidente. Alisson Paulinelli voltou para Minas Gerais, com seus estudos, suas pesquisas e suas assessorias. Eliseu Alves está em Brasília, com suas consultorias, ainda considerado o estrategista da agricultura brasileira. Fica aqui registrado, um belo exemplo de cidadania e patriotismo para os atuais políticos do nosso país, nenhum desses brasileiros reivindicou cargo público de relevância ou aumentou o seu patrimônio, por conta desse expressivo sucesso. José Batista Pinheiro Cel Ref EB (Rio de Janeiro, 05.01.2021)

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