Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

MAS, QUEM SE IMPORTA?


MAS, QUEM SE IMPORTA?
Aileda de Mattos Oliveira (2/5/2019)

Quando, nos textos, falo em “alicerces da educação”, não estou fazendo retórica para tornar o artigo mais estético; falo em “alicerces” no sentido literal, fundamentos que sustentam o planejamento educacional: objetivos, filosofia de trabalho, currículos dos diversos níveis de aprendizado rigorosamente observados, tempo, horário, recursos didático-pedagógicos, livros didáticos, qualificação de professores e, por fim, alunos. Esses elos não podem ficar soltos, mas, sim, comporem uma formação em cadeia que chegue ao polo oposto, ao alvo da Educação, ao final da linha, ao ALUNO, de maneira eficaz.
Não há outro jeito, senão reerguer novamente as bases que o PT destruiu, intencionalmente, para que crianças e adolescentes se tornassem produtos primários de uma estupenda manipulação ideológica. Não há como remendar a Educação no estado em que se encontra. Temos que refazê-la.
Os que estão do lado de fora do magistério só veem as consequências desse estrago, nas cenas de alunos agredindo professores, de erotismo em salas de aula, e acreditam que, simplesmente, poderão reverter a situação caótica, a partir da reintegração desses alunos ao meio social. Mas como fazer isso, se é pela Educação que se consegue esse milagre? Permanecemos, então, num círculo vicioso.
Essa experiência somente é positiva, quando as escolas passam a ser militarizadas, entregues à direção da Polícia Militar, por já terem os seus integrantes, por formação, um planejamento disciplinar tanto comportamental quanto curricular, aos quais diretor, professores e alunos devem-se enquadrar.
Temos que entender, reitero, que o planejamento educacional tem como OBJETO o ALUNO, meta a ser atingida, para que, a partir dos conhecimentos recebidos, torne-se SUJEITO na sociedade, um SER pensante, responsável, com personalidade, cônscio de seus deveres para ocupar o seu espaço no mercado de trabalho, com consciência do que sabe fazer e consciência de fazer bem o que sabe fazer.
Por essa razão, não deve a política partidária introduzir-se no âmbito da Educação e transformar diretores, professores e alunos em instrumentos de satisfação pessoal e das ambições de poder do mandatário do momento, que faz refletir na Educação a inutilidade dos livros e a satisfação em viver na ignorância (Lula); que faz a Educação espelhar-se no seu raciocínio alógico, como reprodução de um pensamento irracional (Dilma).
Não se constrói uma casa pela cumeeira, mas pela sapata. Assim é a Educação. Portanto, não podemos, simplificar a situação e enchermos as salas de aparelhos de ar condicionado e de computadores, construir novas escolas e recheá-las de quadras de esportes, para atrair o aluno ao lazer e não aos estudos, se não, simultaneamente, arregaçarmos as mangas para um sério trabalho de base. Se quisermos alunos atentos, qualifiquemos os professores; hoje, copiadores dos textos do Google, esquecendo-se dos direitos autorais a que têm direito, aqueles que elaboraram os trabalhos copiados; hoje, cometendo os mesmos erros gramaticais praticados pelos alunos, oralmente e na escrita; hoje, sentados em cima da mesa, achando que, fazendo o que eles fazem, conquistam as suas graças.
Qualquer que seja o ministro do momento, não pense que somente cursos técnicos estão em consonância com as necessidades atuais. Um grande técnico que não sabe redigir um manual de um aparelho, como costuma acontecer; que não sabe transmitir o que diz ter aprendido, não resolverá a questão do desenvolvimento de que tanto precisa o país. Há que ter, paralelamente, disciplinas humanísticas; há que ter o ensino da língua e de interpretação, porque o ser humano não pode continuar um mero autômato na atual visão de ‘modernidade’. O pragmatismo que visa somente ao lucro material substituiu nessa nossa ‘civilização’ o conhecimento, que constrói para a vida do espírito o acervo cultural que abrirá as portas do mundo.
Mas, quem se importa com isso?
Dr.ª em Língua Portuguesa. Acadêmica Fundadora da ABD. Membro do CEBRES e Acadêmica da AHIMTB.

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