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Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

ORÇAMENTO DE 800 MILHÕES PARA A UFPEL

Recebi através de um e-mail e repasso por ser um assunto muito atual.

Hoje o dia chuvoso foi produtivo, fiz um tour pelos portais da transparência da nossa universidade e de algumas prefeituras e compartilho minhas considerações finais a respeito deste assunto.

Orçamento inicial segundo a Lei de orçamento anual em 2018:
Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) - 801.047.885,00.
Prefeitura de Rio Grande - 758.923.404.68.
Prefeitura de Pelotas: 1.128.929.837,40.
Prefeitura de Gramado: 240.599.179,85.

Resumidamente, o orçamento destinado a UFPel é mais do que 2/3 do orçamento destinado a cidade de Pelotas, uma cidade com mais de 300 mil habitantes, maior que o destinado a cidade de Rio Grande, com 200 mil habitantes e faz quase 4 cidades de Gramado. Se eu for colocar os valores referentes a cidades pequenas da região é ainda mais chocante. Levando em consideração que estes valores são de 2018 e que em 2019 aumentaram, mesmo com os cortes de 29 milhões, o orçamento da Universidade continuaria maior do que de praticamente todas as cidades vizinhas. Não vou nem entrar no mérito de que de toda essa grana vai basicamente pra pagar a folha da Universidade.

Quem quiser acreditar no alarmismo irresponsável depois de passear pelos portais, fique a vontade, mas eu repito: não falta dinheiro, falta gestão.


Estamos acostumados a ver políticos (e seus fiéis militantes) levantando a infame "bandeira da falta de verbas". Quando ouvimos nossos próceres falando, via de regra estão reclamando da falta de dinheiro. O Estado, coitado, está falido. Mesmo com uma carga tributária equivalente a 33% do PIB nacional. Ainda é pouco. Teto de gastos? Nem pensar. Não podem existir limites para gastos.

Saúde pública? Uma ruína. Em Pelotas, por exemplo, o Pronto-Socorro tem pessoas atiradas pelos corredores, e qualquer um minimamente informado sabe que essa situação não é exceção.

Os 33% do PIB em impostos não são suficientes para garantir saúde pública decente.

Segurança pública? Em números absolutos somos o país líder em homicídios no mundo. Algumas cidades vivem uma situação de guerra civil. Insegurança pública é um termo mais apropriado. Os 33% do PIB em impostos não são suficientes para nos manter seguros.

Educação pública? Bom, aí depende. Se estivermos falando sobre educação de base, educação fundamental, então, claro, de modo geral é uma porcaria. É um país miserável, com uma fração da população analfabeta ou com deficiências graves de ensino. Entre os pobres, fique claro. Considera, agora, que a Constituição Federal prevê que é responsabilidade do Estado garantir a educação dessas crianças. É uma de suas atribuições mais elementares.
Mas os 33% do PIB em impostos não são suficientes pra educar criança favelada.

Ah, sim. 33% do PIB são equivalentes a R$ 2, 388 trilhões de reais. Dois trilhões. Pouco pila.

Recentemente o reitor da Universidade Federal de Pelotas (uma típica cidade brasileira: violenta, cercada por favelas e com problemas de saúde pública) disse, publicamente, que em função de um corte equivalente a 4% do orçamento total, a instituição que preside seria fechada até setembro. Falta de verbas. Soa familiar?

O orçamento da UFPel em 2018 foi de R$ 710.793.509,10.
Mais de meio bilhão. Pouco pila.

Fato da vida: o Estado nunca vai estar satisfeito com aquilo que arrecada. Nem seus agentes. O problema sempre vai ser a tal "falta de dinheiro". Mas aos poucos, espero, as pessoas vão perceber que o problema não é, nem nunca foi, falta de dinheiro. Dinheiro tem aos montes. O que se faz com ele é que é a questão.

Não temos prioridades. Ou as temos e elas estão erradas. O fato de sustentar instituições de ensino superior com dinheiro público em um país com graves problemas de ensino fundamental, por exemplo, é só uma pequena amostra. E o fato dessas mesmas instituições milionárias não conseguirem administrar os recursos que recebem é mera constatação do que foi dito ao longo deste textão.

Pelotas não tem um Pronto-Socorro decente, mas tem uma universidade que ainda vai dar bilhão.

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