O MAQUIAVEL DE BRASÍLIA
Roberto Saboya Maio,
2019
Será que Bolsonaro conseguirá obter os recursos necessários
para desenvolver o seu ambicioso plano de geração de empregos e melhoria da
qualidade de vida dos brasileiros?
Em entrevista
concedida à TV Globo logo após as eleições, seu ministro da Economia, Paulo
Guedes, disse que o plano se dividia em três grandes itens: a reforma da
Previdência, a redução nos juros da dívida pública e a reforma do Estado.
Desses, somente a reforma da Previdência ainda patina no Congresso.
A redução dos juros
já está sendo feita com a redução da dívida pública através das privatizações e
venda do patrimônio público. A Petrobrás, por exemplo, já vendeu gasodutos, blocos
de petróleo, postos de gasolina, empresas de gás e refinarias, no valor total
de US$11,3 bilhões. E tudo sem greves de petroleiros, campanhas na internet ou
passeatas do CUT ou LGBT. E ainda pretende vender outros US$30 bilhões até o
final do ano.
Quanto à reforma do
Estado, o caminho é reduzir os gastos com a máquina pública. Bolsonaro reduziu
ministérios, cargos comissionados e suspendeu nomeações e concursos públicos.
Guedes diz que não vai contratar ninguém até o final do governo e que nos próximos
anos mais da metade dos servidores estarão aposentados e não serão
substituídos.
A meta é ambiciosa,
com a reforma do Estado e redução da dívida pública, Guedes diz ser possível
conseguir até um trilhão de reais. Outro trilhão seria gerado pela reforma da
Previdência. Guedes esclarece que esses valores são metas possíveis de serem
alcançadas, mas dependem de decisões de governo a serem referendadas pelo
Congresso.
Aos incrédulos,
Guedes cita o fundador da ciência politica moderna, Nicolau Maquiavel*: “deve-se
fazer como os arqueiros hábeis que, considerando muito distante o ponto que
desejam atingir e sabendo até onde vai a capacidade de seu arco, fazem mira bem
mais alto que o local visado, não para alcançar com sua flecha tanta altura,
mas para poder com o auxílio de tão elevado ângulo atingir o seu alvo”.
Não existe outra solução, diz Guedes, o Estado brasileiro
está quebrado. Sem as reformas, o governo federal aguentará até o final do
mandato, mas os estados e municípios não. Se o Congresso desmontar o plano, os
funcionários públicos estaduais e municipais ficarão sem receber seus salários,
os policiais, bombeiros, lixeiros e professores entrarão em greve, os hospitais
ficarão sem medicamentos, o desemprego aumentará e o povo irá às ruas. Dentro
de dois anos prefeitos e vereadores perderão seus empregos e governadores,
deputados, senadores e o próprio presidente ficarão desempregados dentro de
quatro.
Guedes conversa com políticos dizendo que nada pode ser
feito para dourar a pílula. Não adianta ficar fatiando aos poucos, pois o que
sobrar será sempre ruim. Cortem e substituam o que quiserem e os eleitores
nunca ficarão satisfeitos. Ninguém gosta de perder dinheiro. Ouçam Maquiavel*
“Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do
património”. O melhor é terminar logo com isso e passar para uma agenda mais
positiva: “O bem se faz aos poucos. O mal, de repente”, já dizia Maquiavel*.
A aprovação rápida e
discreta está até sendo ajudada pelas trapalhadas da família Bolsonaro, as
gafes de ministros e os arroubos esquizofrênicos do judiciário. Hoje, os
debates sobre a Previdência só ganham espaço na mídia quando algum destemperado
recorre a insultos e agressões. Falta espaço na imprensa para cobrir tanta
bobagem midiática. A reforma da Previdência e o resto do Plano Guedes navegam
em surdina quase despercebidos.
Vai dar tudo certo, o
maquiavélico Plano Guedes vai ser aprovado, o dinheiro voltará a fluir para os
centros de produção e o Brasil voltará a crescer.
“Onde há uma vontade
forte, não pode haver grandes dificuldades (...) Os homens prudentes sabem
tirar proveito de todas as suas ações, mesmo daquelas a que são obrigados pela
necessidade.(...) Empreendedores são aqueles que entendem que há uma pequena
diferença entre obstáculos e oportunidades e são capazes de transformar ambos
em vantagem”.
Nicolau Maquiavel (*) Nicolló dei Machiavelli, filósofo,
historiador, diplomata florentino do século XV e conselheiro de Lourenço
Médici, o duque de Florença, é reconhecido como fundador do pensamento e da
ciência política moderna, pelo fato de ter escrito sobre o Estado e o governo
como realmente são e não como deveriam ser.
(https://citacoes.in/autores/nicolau-maquiavel/)
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