Previdência virou um 'buraco negro fiscal' e economia está no 'fundo do poço', diz Paulo Guedes
Ministro da Economia falou em comissão do Congresso. Segundo ele, cabe aos parlamentares aprovar reformas propostas pelo governo e tirar país da atual situação econômica.
Por
Alexandro Martello, G1 —
Brasília
14/05/2019
14h38 Atualizado há 49 minutos
Paulo Guedes participou de audiência na Comissão de Orçamento do
Congresso — Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
O ministro da Economia, Paulo Guedes,
afirmou nesta terça-feira (14), em audiência pública na Comissão Mista de
Orçamento, que a Previdência Social virou um "buraco negro fiscal que
ameaça engolir o Brasil". Guedes disse ainda que a economia do país está
no "fundo do poço", mas deverá sair dessa situação com a aprovação
das reformas, como a Previdência e a tributária.
Ele lembrou que as contas do governo
vêm apresentando resultados primários negativos,
ou seja, com despesas maiores do que receitas (sem contar os juros da dívida
pública) desde 2014, e que a estimativa da área econômica é de que o resultado
continue no vermelho até o fim do governo Bolsonaro.
De acordo com o ministro, o principal
responsável pelos resultados negativos das contas públicas é a Previdência
Social, que tem apresentado rombos bilionários nos últimos
anos.
"O buraco da Previdência virou
um buraco negro fiscal que ameaça engolir o Brasil", afirmou Guedes.
Ele lembrou que o governo pediu autorização ao
Legislativo para um "crédito suplementar" de R$
248 bilhões neste ano.
O crédito suplementar, segundo
Guedes, visa evitar o descumprimento da chamada "regra de ouro", que
impede que o governo contraia dívida para cobrir despesas correntes, como o
pagamento de salário de servidores.
"Estamos pedindo um crédito
suplementar para não quebrar a 'regra de ouro'. A regra de ouro é um preceito
básico, que é evitar a irresponsabilidade de ficar se endividando para pagar
despesa corrente. Estamos à beira de um abismo fiscal, e por isso precisamos de
um crédito suplementar para poder pagar despesas correntes", completou o
ministro.
A lei admite que o governo se
endivide apenas para fazer investimentos, que podem depois se refletir em
crescimento da economia e em aumento da arrecadação.
Guedes citou que o rombo das contas
públicas tem impulsionado a dívida bruta do setor público, que atualmente está
em cerca de 80% do Produto Interno
Bruto (PIB), bem acima da média dos países emergentes.
'Fundo do poço'
Guedes ainda afirmou que a economia
do país está no "fundo do poço". De acordo com ele, está nas mãos do
Congresso tirar o Brasil dessa situação, com a aprovação de reformas propostas
pelo governo.
“Independente do mercado querer que
as coisas aconteçam rapidamente, a nossa realidade é que nós estamos no fundo
do poço. Então, não adianta achar que nós vamos crescer por fora, que vamos
crescer 3%. Não é a nossa realidade. A nossa realidade é o seguinte: estamos lá
no fundo. Agora está nas mãos da Casa [Congresso Nacional] nos tirar do fundo
do poço, com esse equacionamento fiscal”, disse o ministro.
Mais cedo, o Banco Central avaliou,
por meio da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que
o PIB pode registrar retração no primeiro trimestre deste ano. Guedes afirmou
que, assim que as reformas forem aprovadas, a resposta da economia será rápida.
“As pessoas dizem: 'A economia não
está respondendo rapidamente'. Eu pergunto: 'Respondendo a quê?' Se é para
responder, é para responder a alguma coisa. O que que nós fizemos para ela
crescer? Nós não aprovamos nada. Não fizemos nada, como ela vai sair crescendo?
Só na base da saliva, da expectativa, do sonho? Não”, argumentou o ministro.
De acordo com Guedes, a estratégia de
crescer na base de declarações de autoridades da área econômica já foi tentada
em governos do passado. Na visão
do ministro, “funciona durante um certo tempo, e ali na frente colapsa tudo”.
do ministro, “funciona durante um certo tempo, e ali na frente colapsa tudo”.
"Nós não vamos fazer isso. Nós não vamos vender falsas esperanças. Ao contrário. Dizemos: 'A situação é séria, mas as reformas têm o poder de produzir a resposta”, completou.
0 comentários:
Postar um comentário