Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

REFORMA POLÍTICA OU DO ESTADO?




Luiz Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo e Escritor

Ultimamente, em razão das passeatas, só se fala numa tal reforma política, mas sem a preocupação de atacar o cerne do problema- a desordem, o caos.

 O problema não está só na questão política e, tampouco, no sistema em si. O atual, o distrital, o misto, ou o que for não tem a mínima importância, pois o buraco é mais embaixo: corrupção, nepotismo, malandragem, sinecuras, assessores de porra nenhuma, má administração, ignorância na aplicação dos recursos públicos e gerência incompetente. Enfim; custo estratosférico para a sociedade. Isso abrange não só a Câmara Federal, o Senado e as Assembleias Legislativas, mas os demais poderes. Uma reforma global, pois, a ser enfrentada.

Imaginemos 5.570 municípios com Prefeitos, Vereadores, parentes, aderentes, sugando o dinheiro público, ou com má fé ou por incompetência administrativa, incluindo obras desnecessárias e a falta de planejamento!

Mas isso não acontece no Legislativo. No Executivo e, com aspectos diferencias, no Judiciário, também. É um pool de Instituições pesadas, caras e pouco produtivas. São ralos que já não podem ficar mais abertos, razão fundamental das injustiças e da miséria de milhões de brasileiros, tapeados pelas bolsas e pelas cotas.
Que pontos deveriam ser atacados? 

I. Com respeito à estrutura política, o mote é economizar, evitar desperdícios, alijar os corruptos e selecionar pessoas competentes. Algumas ideias:

(1) As cidades com menos de 100 mil habitantes não teriam Prefeitos e nem Vereadores. Imaginemos o quanto o país economizaria com tantos inaptos e ineptos!

O governo federal formaria gestores públicos, com treinamentos na FGV, que administrariam esses Municípios, com base em um programa articulado pela União com a participação do governo estadual. 

Cada gestor teria um mandato de 5 anos, não prorrogável, e seria de outro Estado, sem comprometimento local, exercendo aquela missão específica. Seria formado um Conselho Assessor por pessoas da comunidade com a função de fiscalizar a administração, defender os anseios dos habitantes e aprovar as contas públicas.

Com o passar do tempo, até que o município atinja o novo quorum, a comunidade iria se estruturando para, com melhor ajuizamento, escolher o seu líder e componentes da câmara de vereadores, cujo número seria reduzido à metade do que é hoje.
(2) Uma reformulação radical na Câmara federal e no Senado é urgente, reduzindo os exageros, pois é inconcebível se sangrar os cofres públicos para pagamento de mordomias a uma turma privilegiada, dominada por incompetentes e preguiçosos políticos, sem qualquer retorno à Nação.

Eles passariam à condição de servidor público, seguindo os seus estatutos e tabela salarial. O Senador se enquadraria no teto: R$ 28.000,00; e o Deputado, 90% deste. Para ambos, uma ajuda de custo de 20% para cobrir aluguel e outras despesas por estarem fora de seu domicílio. Somente isso e mais nada

Por outro lado, nada de assessores, carro oficial privativo, passagens de avião, telefone e gabinetes suntuosos. Assim, como o governo formou gestores públicos, disporia de um pool de competentes consultores, aos quais os Senadores e Deputados poderiam recorrer em auxílio quando da elaboração de seus projetos. Afinal, teoricamente são pessoas competentes com capacidade para nos representar, não é verdade?
O gabinete seria uma sala de, no máximo 16,00 m2, com uma secretária apenas. Só, somente só! É pegar ou largar!

Com o tempo, depois de um freio de arrumação, apenas os competentes e comprometidos com a causa pública sobreviveriam. 

Imaginemos a economia, quando hoje um deputado custa R$167.000,00 e convivendo numa estrutura de alto luxo. Isso sem se contar com os altíssimos salários do excessivo número de servidores. Para se ter uma ideia, o orçamento para 2013, Senado e Câmara, é de 8,5 bilhões de reais. Repito para todo brasileiro gravar na cuca, grifando-o: R$ 8.500.000.000,00.

(3) Quanto às Assembleias Legislativas e Câmara de Vereadores, a mesma vassourada, sem pena e nem dó. Que dinheirama não sobraria para os Estados e Municípios?

II. Também o Poder Executivo entraria nessa nova concepção de Estado competente, apesar de ser o primo pobre com menos ralos, pois há certo gerenciamento e formação de jovens competentes com a criação das chamadas carreiras do Estado. O gargalo maior está nos cargos comissionados, preenchidos por políticos incompetentes que causam elevados ônus ao país.

Uma Empresa Privada, como exemplo, jamais vai colocar na sua Diretoria e outros cargos relevantes pessoas inabilitadas. Desgraçadamente, no Serviço Público dos três níveis isso acontece frequentemente.
O Governo acabaria com todos esses cargos, preenchendo-os com o pessoal competente da casa, formado no dia a dia da função pública. Apenas uma gratificação, nunca superior a 20% do salário básico.

III. Não ficaria de fora o Judiciário, que teria que se enquadrar aos novos paradigmas, acabando com as mordomias, assessores, sedes suntuosas e unidades que só servem para procrastinação, tornando uma justiça lenta, preguiçosa e elitista, sem o devido acesso aos pobres. 

Os custos são altíssimos. Basta analisar o dispêndio do STF, com 11 ministros, em torno de 562 milhões de reais. Imaginando tantos tribunais por esse Brasil afora, com muita gente e ricas sedes, o quanto o Brasil não gasta para dispor de uma justiça ineficiente?

Vale colocar, aqui,  uma praxe do Poder Judiciário que é a de premiar aos juízes que cometem falta grave com aposentadorias, quando no Executivo é demitido e até pode ir para cadeia. Isso é uma afronta à sociedade brasileira, sobretudo partindo de uma Instituição que nos ajuíza e demonstra o quanto ela se coloca acima de todos.

Que resultados teria o nosso país?

(1) Em matéria de redução de gastos, estaria na casa de muitos bilhões (o leitor que calcule, ora essa!), dinheiro este para se implantar uma educação de qualidade, uma saúde plena e ações compensatórias de cunho social;

(2) Eficiência e eficácia da máquina pública, alavancando o país com o aumento da sua produtividade, acabando com o custo-Brasil e os famosos jeitinhos;

(3) Controle da corrupção; e

(4) O mais importante: criação de uma consciência cidadã, sobretudo para os jovens respirarem um ar sem “poluição”.

E quem vai fazer isso? Quem é o  macho, na acepção da palavra, que vai entrar nessa? Os Deputados, os Senadores, os Governadores, os Prefeitos, o Presidente? Qual o interesse deles?

 Só o povo seria capaz: unido, consciente, preparado, organizado, pressionando e fazendo valer o seu poder sistêmico de massa corporativa, eivado de patriotismo e fé. A esperança é a meninada que já começou a treinar! 

É querer muito, é utopia ou coisa de velho, 76?!(Maceió, 27 de agosto de 2013).


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