Odoaldo Passos
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
Reeleita para o cargo de presidente da República, Dilma Rousseff (PT) revoltou aposentados que assistiram sua entrevista no Jornal da Band, nesta terça-feira (28), direto do Palácio do Alvorada.
Perguntada
pelo jornalista Ricardo Boechat sobre a possibilidade de olhar com
maior atenção a situação dos aposentados, que reclamam das perdas em
seus vencimentos, Dilma simplesmente fugiu da questão e deu a entender,
infelizmente, que nada vai mudar.
O
âncora relatou que na rádio Band News FM, onde ele também tem um
programa, vários aposentados “desesperados” mandaram mensagens pedindo
que a mandatária fosse questionada sobre medidas que pudessem reverter a
perda do valor em suas aposentadorias, causada pela defasagem frente ao
salário mínimo e pelo fator previdenciário.
“Muitos
ouvintes escreveram: ‘[Boechat,] consegue uma boa notícia para os
aposentados da presidente, hoje à noite’. A senhora tem essa boa notícia
para eles?”, questionou o jornalista.
Ao
responder, a presidente nada trouxe de bom aos beneficiários do INSS.
“Eu tenho uma imensa responsabilidade com a Previdência, tanto com
aqueles que estão aposentados e lutam por uma melhoria em suas
aposentadorias, como pelos que vão se aposentar”, disse Dilma, que, de
forma enviesada, queria sugerir que dar ganhos reais aos inativos seria
uma irresponsabilidade.
O
raciocínio da presidente se revela uma verdadeira “pérola”, já que
recuperar as perdas dos aposentados e beneficiar milhares de homens e
mulheres que dedicaram suas vidas inteira ao trabalho é uma temeridade,
enquanto tirar dinheiro do caixa da Previdência em benefício dos
empresários, como acontece com a política de desoneração da folha de
pagamento criada em seu governo, é louvável. Quanta contradição!
Pensamento torto
A presidente ainda procurou fazer um autoelogio ao governo quando proclamou que “69% de todos os aposentados tiveram ganho real, acima da inflação”. Eis mais um pensamento apresentado de maneira torta. Dilma se refere aos aposentados que recebem apenas o piso previdenciário, que, por lei, não pode ser inferior a um salário mínimo.
A presidente ainda procurou fazer um autoelogio ao governo quando proclamou que “69% de todos os aposentados tiveram ganho real, acima da inflação”. Eis mais um pensamento apresentado de maneira torta. Dilma se refere aos aposentados que recebem apenas o piso previdenciário, que, por lei, não pode ser inferior a um salário mínimo.
O
que a petista não diz é que, ano a ano, os aposentados e pensionistas
que ganham acima do piso estão tendo os seus benefícios achatados,
empurrados para apenas um salário mínimo, com reajustes que mal cobrem a
inflação. Para se ter uma dimensão da gravidade do problema, desde a
implantação do Real, em 1994, a desvalorização dos benefícios de quem
recebe acima do piso previdenciário chega a 81,5% em relação ao salário
mínimo. A permanecerem as coisas como estão hoje, em poucos anos, a
quase totalidade dos aposentados estarão recebendo apenas um salário
mínimo.
“O
governo mostra claramente que não tem a intenção de acabar com o
achatamento das aposentadorias e, da mesma forma, colocar fim ao nefasto
fator previdenciário, que sequer foi citado na resposta. A entrevista
da presidente Dilma é revoltante”, condenou Josias de Oliveira Mello,
diretor da Admap (Associação Democrática dos Aposentados e Pensionistas)
do Vale do Paraíba e da Cobap (Confederação Brasileira dos Aposentados,
Pensionistas e Idosos).
“A
propaganda eleitoral anunciava ‘governo novo, ideias novas’. Mas,
passadas as eleições, vemos que era mais uma peça de marketing. O
pensamento, infelizmente, continua o mesmo: aos banqueiros e
empresários, tudo; aos aposentados e trabalhadores em geral, nada. Só
nos resta promover grandes mobilizações pressionando o governo a atender
nossa pauta. Precisamos sair às ruas e mostrar nossa revolta”,
acrescentou Josias.
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