SUA MAJESTADE O
CHOCOLATE
Luiz Ferreira e Altenides C. Moreau
(In. livro no prelo: Cacau, um bem da
Natureza para proveito do homem)
Imagine, prezado leitor, um garoto
suíço, lá em Genéve, escolhendo um fino
bombom de chocolate, num supermercado de
produtos finos, sem saber da sua origem e,
tampouco, que naquela guloseima está o suor
do homem alienígena de uma roça a milhares
de quilômetros de distância! E, que talvez,
pense que aquela gostosura nasce naquelas
gôndolas que ativam as suas glândulas
salivares!
Por outro lado, numa noite mal
dormida, por uma decepção amorosa, a coroa
se consola com várias barras de chocolate,
ativando a endorfina, aliviando-se e
engordando.
Esse é o famoso produto do cacau que
encanta o mundo todo. Uma iguaria produzida
pelos países pobres para deleite das
sociedades ricas, nem sempre gratificados,
pois são elas que ditam as normas
comerciais, levando vantagens sempre.
Amigo de todas as horas, sucesso
entre todos os públicos, ingrediente soberano.
Embora o chocolate alimente e seja capaz de
despertar paixões e nossos mais sinceros
sorrisos, ele também é o responsável por
alguns dissabores, sobretudo pela sua
energia calórica.
Dessa maneira, é um alimento amado
pela maioria das pessoas, sendo que para
muitos, principalmente as mulheres, ele é
considerado irresistível. Muitas dizem que ele
vicia e que faz engordar. Para ver se essas
alegações são realmente verdadeiras e quais
são os benefícios e malefícios de se comer
chocolate, sendo importante, pois,
conhecermos de que se compõe.
O chocolate consiste de 8% de
proteínas, 60 % de carboidratos e de30% de
gorduras. De relance já se nota a sua alta
capacidade em calorias. Por exemplo uma
barra de chocolate de 100 g fornece 520
calorias. Os menos calóricos são o amargo e
o meio amargo, seguidos pelo ao leite e, por
último, o chocolate branco.
A notícia boa é que a sua gordura ou
manteiga de cacau é essencialmente
saturada e não conduz a um aumento dos
níveis de colesterol.
O chocolate também fornece minerais
(potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ferro,
sódio e zinco e vitaminas (A, B1, B2 e B3 e
E), razão maior porque é usado como ração
alimentar de soldados e exploradores em
situações de emergência.
Adicionalmente, existem mais de 300
substâncias químicas no chocolate, uma
delas especial, não por ser nutritiva, mas por
afetar a nossa “bio-fábrica” orgânica.
Trata-se da Fenil-etil-amina, substância
responsável por provocar a sensação de bemestar em nosso cérebro, pois ela pode acionar
a liberação de dopamina, substância química
do cérebro que causa a sensação de
felicidade.
Mas o fruto do cacaueiro também
possui outros componentes que valorizam a
sua matriz insumo-produto:
Casca. Pode ser aproveitado como
fertilizantes orgânicos e ração para bovinos,
sobretudo quando adicionada a capins de
corte. Também, para o fabrico de composto
orgânico e biogás, que poderia servir para a
secagem das próprias sementes do cacau.
Polpa. Extraída das sementes (cacau
mole) com despolpadora, produz um
refrescante suco muito apreciado e, inclusive,
usado para uma bebida assemelhada a
“caipirosca”: suco de cacau + vodca + gelo +
açúcar. Por prensagem, obtém-se o mel, cujo
destino maior é a fabricação de geleia.
Entretanto, o cacauicultor sempre teve
os olhos voltados para as sementes
ensacadas, não antenando-se para o valor
agregado, via a produção de chocolates na
própria região e outros produtos afins.
Ora, uma região rica em frutas da mata
atlântica e do semiárido contíguo (Jequié, BA)
bem que poderia produzir produtos
achocolatados com sabores especiais, a
exemplo do que é vendido em Belém –
chocolate com recheio de creme de cupuaçu
– de pequena produção artesanal.
E neste contexto, o suco de cacau
como base a uma mistura de outras frutas
(maracujá, caju, cajá, graviola, mangaba),
poderia criar uma bebida nutritiva e com o
selo tropical. Para aclarar essa ideia, recordese do “Xodó da Bahia”, uma bebida produzida
em Salvador, há mais de 40 anos, constituída
de um “blended” (goiaba, maracujá e umbu),
com sucesso absoluto, até que foi tragada
pelas multinacionais que se sentiram
ameaçadas.
Enquanto isso acontece, nos
deliciamos com os chocolates importados e
os de Gramado, RS, cuja matéria prima é
comprada dos argentinos, num “bypass”
contraproducente.
Para os chocólatras, vale a pena para
enaltecer o que o chocolate, usado com
parcimônia, pode lhes ajudar em termos de
vitalidade e saúde. É um dos alimentos com
maior concentração de antioxidantes e fonte
de neurotransmissores como a serotonina,
dopamina e a referida feniletilamina,
constituindo-se um antidepressivo natural e
um liberador de bem-estar. As pesquisas
sobre os flavonoides no chocolate têm
demonstrado os seus benefícios, tais como a
diminuição do risco de doenças
cardiovasculares e a diminuição do colesterol.
Os chocolates com um elevado teor de
sólidos de cacau são os que demonstram ter
um efeito mais benéfico.
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