QUAIS OS ESTADOS COM MAIOR CRESCIMENTO DO PIB NA PANDEMIA. E QUEM FICOU PARA TRÁS
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DO JORNAL GAZETA DO POVO
Economia
Estimativas
Quais os estados com maior crescimento do PIB na pandemia. E quem ficou para trás
Vandré KramerPor
02/05/2022 09:20
crescimento commodities
Transporte de minério de ferro: estados com grande produção de commodities têm maior crescimento do PIB no período 2020-2022, segundo a MB Associados.| Foto: Agência Vale
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A alta no preço das commodities, desde o início da pandemia, impulsionou o Produto Interno Bruto (PIB) de estados com grande atividade de agronegócio e mineração, aponta um estudo realizado pela consultoria MB Associados a partir de dados do IBGE.
É o caso de Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Pará e Espírito Santo, que, conforme o estudo, devem acumular expansão entre 3,9% e 4,9% no período de 2020 a 2022. O crescimento desses estados é muito superior ao estimado para o PIB nacional no mesmo período, de apenas 0,5%, segundo a consultoria. “São estados que têm uma base forte de commodities como soja, minério de ferro e celulose”, diz o economista-chefe da consultoria, Sergio Vale.
Segundo a plataforma de investimentos Investing.com, desde o início de 2020, a oleaginosa se valorizou mais de 90%, atingindo na quinta-feira (27) a maior cotação na Bolsa de Chicago desde 2012. O minério de ferro se valorizou mais de 70% no período, e a guerra da Ucrânia e os problemas de logística global deixaram mais apertado o mercado da celulose, inflando os preços dessa matéria-prima.
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A Secretaria de Comércio Exterior (Secex) aponta que as exportações desses três produtos cresceram 11% em valores no comparativo entre os primeiros trimestres de 2021 e 2022.
Por outro lado, estados como Alagoas, Acre, Ceará e Bahia estão perdendo representatividade no PIB nacional. Segundo Vale, são regiões que dependeram muito de auxílios públicos concedidos durante a pandemia. E com o fim do auxílio e o aumento da inflação, o consumo tende a ficar mais deprimido.
Parte desses estados tem no turismo uma de suas principais fontes de renda. No pior momento da crise, em fevereiro de 2021, os serviços de hospedagem e alimentação tiveram uma queda de 38,9% no acumulado de 12 meses, em comparação com o igual período anterior, segundo o IBGE. E o transporte aéreo experimentou uma retração de 58%.
Expectativas de crescimento para 2022
A MB Associados projeta que a economia brasileira deverá crescer 0,5% neste ano. Ela será impulsionada, do lado da demanda, pelas exportações e pelo consumo focado em serviços. E, do lado da oferta, pela recuperação consolidada no segmento de serviços e pelo bom desempenho do agronegócio.
Segundo Vale, o grande desafio será a inflação. A guerra entre Rússia e Ucrânia acentuou uma situação que já era problemática: “Havia uma pressão de demanda por causa da forte recuperação depois da pandemia e com atraso na distribuição de produtos. O conflito militar piorou a situação”.
Das 27 unidades da federação, 14 deverão registrar um crescimento superior ao nacional em 2022, com destaque para o Tocantins, que deve ter uma expansão de 1,7% no PIB, seguido de Mato Grosso do Sul e Goiás, ambos com uma projeção de alta de 1,4% no PIB. E quatro devem ter taxas negativas: Acre (-0,3%), Amazonas (-0,2%), Bahia (-0,2%) e Amapá (-0,1%).
Para o Sul, as expectativas são de baixo crescimento neste ano. A região foi afetada pela falta de chuvas, o que complicou o desempenho do agronegócio. Os últimos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram uma queda de 41,1% na produção paranaense de soja e de 50,8% na gaúcha. No Rio Grande do Sul, a safra de arroz também deve ser afetada, com uma queda de 11,1%.
“São baques sucessivos que a região vem enfrentando. No ano passado, o problema foi com a safrinha de milho. Neste ano, a de soja e a de arroz”, afirma Vale.
Ele também lembra que a região tem uma base industrial forte. Mas o ritmo do crescimento vem perdendo força. Segundo o IBGE, no período de 12 meses até fevereiro, a produção industrial gaúcha aumentou 6,5% em relação a igual período anterior (até agosto, crescia a um ritmo de 12,9% ao ano); a catarinense subiu 7,3% (contra 16,9% até agosto) e a paranaense, 7,5% (ante 12,9%).
No Sudeste, São Paulo e Rio de Janeiro tendem a ter mais dificuldades. “Mesmo com o dinheiro do petróleo, os fluminenses têm uma dinâmica mais complicada por causa da violência”, explica o economista-chefe.
Situação mais preocupante vive o Nordeste. “É uma região que depende muito de programas sociais do governo e está quase fora da dinâmica das commodities”, diz Vale. As exceções são áreas da Bahia, Maranhão e Piauí próximas à divisa com o Tocantins – área conhecida como Matopiba – onde há produção de soja e milho.
O economista lembra que o turismo também vem reagindo, apesar da alta nos preços das passagens aéreas, mas os impactos dessa melhora sobre a economia são mais concentrados nas capitais e nas regiões litorâneas.
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A região que deve impulsionar o crescimento brasileiro neste ano é o Centro-Oeste, por causa da safra. A região vive um bom momento e tem crescido em importância no PIB nacional. Dados do IBGE mostram que em 2002, ela respondia por 8,8% da geração de riquezas do país. Em 2019, último dado oficial disponível, a fatia foi de 9,8%.
“Não dá para escapar do bom momento para o agronegócio.” Mato Grosso e Goiás devem ser os dois maiores produtores de soja neste ano, com 45% da produção nacional e uma expansão de 7,9% na safra combinada da oleaginosa.
O Norte é outra região problemática para o crescimento. O economista aponta que os efeitos do crescimento vão ser muito diluídos. De um lado, há maior demanda por minério paraense; de outro, a região sofre com a pobreza endêmica. “Há problemas para a exploração legal dos recursos da Amazonia”, diz Vale.
Projeção para o crescimento do PIB dos estados no acumulado de 2020 a 2022
Unidade da federação Variação do PIB (2020-22)
Mato Grosso do Sul 4,9%
Tocantins 4,7%
Goiás 4,5%
Pará 4%
Espírito Santo 3,9%
Santa Catarina 3,6%
Mato Grosso 3,4%
Minas Gerais 1,8%
São Paulo 1,3%
Rio Grande do Sul 1%
Distrito Federal 0,9%
Rio Grande do Norte 0,7%
Paraná 0,7%
Rondônia 0,6%
Maranhão 0,6%
Roraima 0,5%
Piauí 0,5%
Paraíba 0,5%
Sergipe 0,4%
Amazonas 0,4%
Pernambuco 0,3%
Rio de Janeiro 0,3%
Amapá 0,3%
Bahia -0,2%
Ceará -0,7%
Acre -0,9%
Alagoas -1,4%
Fonte: MB Associados, com dados do IBGE
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