Saiba quais são os sintomas
do sarampo e como evitar
Escrito por Agência Brasil
Publicado em 17
de julho de 2018
A ocorrência
de centenas de casos confirmados de
sarampo em Manaus e Roraima e a morte de um
bebê em Manaus deixaram o país em alerta. Outros três estados – Rio Grande do
Sul, Rondônia e Rio de Janeiro – também já registraram pacientes com
diagnóstico positivo para a doença.
O Brasil não registrava casos desde 2014 e a
volta da doença preocupa. O sarampo já foi uma das principais causas de
mortalidade infantil no país e pode deixar sequelas neurológicas. O vírus
provoca manchas vermelhas no corpo, febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e
pontos brancos na mucosa bucal.
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A vacina contra o sarampo está disponível na
rede pública. A mais comum é a Tríplice Viral, que protege ainda contra rubéola
e caxumba. A Tetra Viral fornece ainda proteção adicional contra a varicela.
São indicadas duas doses em um intervalo de um a dois meses. Em crianças, o
intervalo deve ser um pouco maior, sendo a primeira dose entre os primeiros 12
e 15 meses de vida.
A reportagem
da Agência Brasil conversou com a médica
Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm),
para tirar dúvidas sobre a transmissão da doença, vacinação e como evitar.
“Vacinar e combater a circulação do vírus não é só um ato individual, é um ato
de solidariedade e de responsabilidade coletiva”, destaca a médica.
Como se pega o
sarampo?
]
“O vírus é facilmente transmissível. A doença se
dissemina de forma similar à gripe, por vias respiratórias, através de um
espirro, tosse, beijo e também pelas mãos. Então, é fácil ocorrer um surto de
sarampo. Ele se alastra rapidamente.”
Quais os riscos
para quem contrai?
“Em caso de suspeita, a pessoa precisa procurar
uma unidade de saúde. Ela não deve usar medicamentos por conta própria. O
sarampo não tem tratamento e o papel do sistema de saúde é dar suporte à
pessoa. Pode ocorrer necessidade de hospitalização, mas é raro. Na maioria dos
casos, o paciente fica em casa. Mas quadros graves ocorrem e a doença pode
inclusive levar à morte.”
Como se
proteger?
“A única maneira eficaz é através da vacina.
Crianças, adolescentes e adultos devem se imunizar não apenas para se
protegerem, mas para proteger também os que não podem se vacinar e que são os
que correm o maior risco de complicações e de terem quadros que evoluem ao
óbito. Estamos falando de pessoas com câncer, pessoas que vivem com HIV e estão
imunodeprimidas, pessoas que estão fazendo quimioterapia ou outro tratamento
com drogas que causam imunossupressão.”
Quem já teve
sarampo precisa se vacinar?
“Não. Quem tem certeza que teve a doença não
precisa. O sarampo não ocorre duas vezes.”
Quem não se
lembra ou não sabe se foi vacinado precisa se vacinar?
“Quem não tem certeza, mesmo que ache que já
tenha se vacinado, deve se vacinar. Se não tem a carteirinha que comprove a
vacinação, não há nenhum prejuízo para a saúde do indivíduo receber uma nova
dose.”
Onde se
vacinar?
“Em postos de saúde espalhados pelas cidades. O
Ministério da Saúde disponibiliza a vacina há muito tempo. Não é uma novidade.
Se todos tivessem seguido o calendário de vacinação, talvez não estivéssemos
passando por esta situação. É importante destacar que a vacina não é só para a
criança. O adulto pode ser o responsável pelo início de um surto no país ou na
sua região. Apenas uma minoria que recebe as duas doses não cria imunidade. São
cerca de 2%. Mas se toda a população estiver vacinada, essas pessoas também
estarão protegidas.
Caso não tenham se vacinado na infância, pessoas
com até 29 anos conseguem obter duas doses da vacina na rede pública. Já entre
30 e 49 anos, recebem uma dose apenas. A SBIm, do ponto de vista individual,
recomenda as duas doses em qualquer idade para pessoas que ainda não tenham
sido imunizadas. Mas o Ministério da Saúde opta por não vacinar maiores de 50
anos, porque a maioria das pessoas dessa faixa etária teve o sarampo na
infância.”
Há alguma
situação em que a vacina não é recomendada, por exemplo, após o consumo álcool
ou drogas?
“Situações de vida comum, como o consumo de
álcool, não contraindicam a vacinação. Uma das contraindicações é
relacionada com as situações de imunodepressão. Grávidas não podem ser vacinadas.
Para que estas pessoas fiquem protegidas, as demais precisam se vacinar.”
Qual estação do
ano ocorre mais transmissão da doença?
“Antigamente, o sarampo tinha maior ocorrência
na primavera. Hoje, o que podemos dizer é que ambientes fechados ampliam as
chances de disseminação das doenças que são transmitidas por via respiratória”.
Como
está o cenário atual?
“A preocupação é grande. Se não tomarmos as
medidas necessárias e as pessoas não forem se vacinar, podemos ter de
volta a circulação do vírus do sarampo no país. Temos atualmente surtos
secundários decorrentes da importação do vírus. O que não podemos é ter a
circulação do vírus sem controle. De 2000 a 2013, tivemos casos pontuais e
todos importados. Não tivemos surtos. Em 2013, importamos o vírus, provavelmente
da Europa, e tivemos surtos no Ceará e em Pernambuco. De 2014 pra cá, não
tivemos mais casos. Em 2016, recebemos o certificado de erradicação da
circulação do vírus do sarampo no país. E agora, em 2018, fomos surpreendidos
pela importação da Venezuela. E temos uma preocupação grande quando vemos, por
exemplo, casos em Porto Alegre, onde o vírus foi trazido de Manaus”.
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