Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

ONDE ESTÁ O DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA NO BRASIL?

DO JORNAL DO COMÉRCIO
Porto Alegre, sexta-feira, 20 de maio de 2011

Oswaldo Colombo Filho

Vários posicionamentos são veiculados sobre os regimes previdenciários brasileiros e que aludem relações com as contas públicas e comparações com regimes de outros países. A forma incompleta e incongruente que muitos se apresentam em nada contribui para evolução do entendimento e razoabilidade que a questão merece. Partem de realidades e situações díspares; mal distinguem o que é “previdência e o que é seguridade”; quais as formas de financiamento adotadas; e insensatamente desconsideram conjunturas sócio-econômicas, como: (a) rede de proteção social; (b) realidades demográficas e de expectativa de vida; (c) securitização do trabalho etc... Nos resultados há fugaz descaracterização daquilo que ocorre mundo afora. Lá, os regimes e seus resultados são apresentados de forma equânime. Aqui, são midiaticamente impostos à sociedade e tendo em destaque o resultado consolidado do RGPS, basicamente formado pela iniciativa privada no sub-regime urbano (nexo contributivo) e pelo assistencialismo rural. Mormente isto ocorre quando da divulgação dos resultados do governo central. Seja lá qual for a sorte deste, sempre restará ao RGPS o ônus pela perfídia ação contra as contas públicas! Assim estrategicamente acabam-se sob parcos números referentes aos nossos regimes previdenciários tornando menos emblemática tal questão e subtraindo do cenário a flibusteira previdência dos servidores públicos (RPPS). Afinal, apenas 3% dos inativos do Brasil são responsáveis por pouco mais de 60% do “déficit” acumulado por todos os regimes juntos. Em 2010, o saldo previdenciário consolidado do RGPS foi negativo em R$ 42,9 bilhões. Cabendo ao RGPS Urbano (nexo contributivo) o saldo positivo de R$ 7,8 bilhões; no RGPS-Rural (assistencial), o saldo previdenciário foi negativo em R$ 50,7 bilhões. Em dezembro de 2010, o RGPS-Urbano contava com 12,6 milhões de beneficiários, ex-contribuintes e mais de 40 milhões de contribuintes ativos. O RGPS-Rural com 8,3 milhões de „beneficiários‟, dos quais apenas 15 mil aposentados por terem contribuído. Em 2010, o RPPS-Federal, com apenas 998 mil inativos, propiciou déficit a esta Nação de quase R$ 52 bilhões. De 2003 a 2010, o déficit acumulado para menos de um milhão de ex-servidores foi tal qual o gasto em educação pública (R$ 323 bilhões). Tal valor ainda equivale a 87% do que se gastou em saúde pública aos relegados 190 milhões de brasileiros pela fragorosa marmelada encoberta pelo midiático discurso de déficit do RGPS.

Oswaldo Colombo Filho

Economista/SP

Movimento Brasil Dignidade aos Aposentados e Trabalhadores

2 comentários:

Excelente e deve ser remetido a todos órgãos de imprensa, um discurso sincero e baseado em números e que nenhuma entidade faz por estarem amarradas com o rgps rural e com o funcionalismo público. Pesquise no Google e verão quantos sindicatos rurais são associados a várias entidades de aposentados e a COBAP; não se serve a dois senhores ao mesmo tempo e os que contribuiram no urbano que se danem. Parabéns

 

Deve ser enviado ao Congresso Nacional, Presidenta
Dilma, e ao Movimento Sindical .

Todos devem apoio aos direitos aposentados ,pensionistas deste Brasil.

Justiça Social Já.

 

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