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COMO JOSÉ DIRCEU FEZ DA AVIAÇÃO UM GRANDE BALCÃO DE NEGÓCIOS

Por Cláudio Magnavita*
Como José Dirceu fez da aviação um grande balcão de negócios para beneficiar a Tam e a GOL
Ao ser condenado a cumprir em regime fechado a pena de 32 anos, Jose Dirceu começa a pagar parte dos seus pecados. O maior deles é o de ter sido o algoz da Varig.De todos os inimigos que teve, José Dirceu, como chefe da Casa Civil, foi o mais feroz. Hoje, sabemos os motivos pecuniários que levaram o capitão-mor do PT a atuar em favor da TAM e, de certa forma, da recém nascida GOL.
Com a TAM, o jogo foi mais escancarado. Envolveu uma relação pessoal de Dirceu com o cunhado e sucessor tampão do Comandante Rolim, Daniel Mandelli, que ocupou a presidência da aérea por um curto e nefasto período. Era uma amizade Caipira, com forte sotaque dos “Rs”. A TAM Executiva foi a asa petista no translado eleitoral do Lula. Um documentário sobre os bastidores da campanha tem a sua melhor parte feiro a bordo dos jatinhos da empresa. Estes voos habilitaram a TAM a cobrar caro. O texto de uma medida que dividia a Varig em duas chegou a ser redigida na casa Civil. Os voos internacionais passariam para a TAM, e os domésticos para a Gol. A redatora do texto foi a então chefe jurídica de Dirceu, a charuteira Denise Abreu, que depois foi infernizar a aviação na ANAC. Esta partilha foi urdindo em um jantar que reuniu o condenado Dirceu, o embaixador José Viegas, então Ministro da Defesa, Daniel Mandelli pela TAM e o hoje sumido Constantino Junior, principal executivo da Gol na época.

A medida jurídica que liquidava a Varig só não foi em frente porque o seu texto vazou. Medalhões da aeronáutica ficaram assustados com a transformação da solução da Varig em um balcão de negócios. O presidente Lula chegou a receber em um voo do Aerolula uma copia do texto, que até então estava sendo negociado por Dirceu, sem o aval presidencial. Viegas deixa o ministério e assume José Alencar, que aborta definitivamente a jogatina de Dirceu. Com o vazamento ficou claro o porquê Zé Dirceu barrava qualquer aceno de solução para a empresa, seja encontro de contas da ação de defasagem tarifaria ou a entrada do BNDES como custodiante das ações da Varig. Todos as propostas apresentadas eram engavetadas, enquanto o negocio era feito para ceder o espolio para a TAM e Gol.

O curioso é que no apagar das luzes da Varig, quando ela vivia de soluços e tinha como presidente Marcelo Bertini, ele foi chamado pelo escritor e jornalista Fernando Morais para um conversa em Ipanema, com uma figura importante. Era o Zé Dirceu tentando vender seus serviços a Bottini e aos novos acionistas. Ele voltou enojado com a proposta que recebeu e, principalmente, de quem propôs. Até no final Dirceu quis pegar na alça do caixão para ganhar algo. Com a Lava Jato, a caixa preta da aviação começa a ser aberta. A própria TAM surge na semana que Dirceu é levado ao cárcere, no noticiário por ter financiado com caixa 2, através do Mandelli, a hoje presidente do PT, Gleisi Hoffmann. A Gol esta envolvida com Eduardo Cunha, e o seu acionista Henrique Constatino vivendo um inferno astral. E ainda não abriram a caixa preta da relação das aéreas com a BR Distribuidora e nem com a Secretária de Aviação Civil, que teve dois dos seus ex-ministros, Moreira Franco e Elisio Padilha, sob a lupa do Ministério Público.

Nas redes sociais, o variguianos comemoram o pedido de prisão de Dirceu. Porém, ele agiu assim não por amor a aviação, e sim por estar a serviço de interesses empresariais que o financiavam. O ciclo de punição se fecha quando todos estes negócios paralelos estiverem expostos.No DNA da GOL, uma mágica de berço precisa ainda ser explicada. Como uma novata ganhou todos os slots que queria nos aeroportos centrais e virou a queridinha do DAC nos seus primeiros meses? Hoje a história é que cobrará a fatura destes negócios que foram “esquecidos”. Outro capitulo é o fim do Snea, o quase centenário Sindicato Nacional das Empresas Aéreas, colocado para dormir, e o surgimento de uma associação civil com mais flexibilidade para proteger o negócio da aviação comercial.
 A TAM (hoje LATAM) não esta isenta desta bagunça criminal. A fusão só agravou a sua exposição. Foi feito um instrumento jurídico capenga que permitiu, sem alterar a lei, a transferência do seu controle para os chilenos. A empresa mãe no Chile é mestre de relações intimas com os Governos, ainda mais quando seu ex-sócio volta à presidência da República. A família Amaro esta rica e não brinca mais com aviões. O Brasil vive das sobras de frota dos chilenos. Perdemos a nossa empresa de bandeira, ou seja, os efeitos nefastos de José Dirceu na aviação se perpetuam até hoje. A luz da faxina que ele mofe na cadeia e veja o sol nascer quadrado pelos dias que lhe restam, sonhando com as praias de Cuba, que poderiam ter lhe dado um exílio dourado.

*Cláudio Magnavita é jornalista especializado em aviação comercial

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