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Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

GEISEL E A EMBRAPA

GEISEL E A EMBRAPA: reparos TC AMAN/MatBel-1963 – IME/Eletrônica-1971 Autor do livro “Os militares e a guerra social”, Ed. Artes e Oficio, 1994 Vou colaborar com o texto do coronel João Batista Pinheiro, “Para ativar a memória do povo brasileiro”, escrito como um desagravo pela divulgação do tal memorando da CIA que ataca o governo Geisel e os militares. Tenho dois reparos a fazer já que o foco é o governo do presidente Geisel, mas para não ser cansativo vou deixar o segundo para um próximo texto por ser, a meu ver, mais indigesto. O relato, transcrito pelo coronel, que atribui ao governo Geisel, na figura do seu ministro da Agricultura Alisson Paulinelli, a autoria da "maior revolução na agricultura já realizada na América Latina", merece reparos, por uma questão de justiça. Não se discute se Geisel, antes de assumir, chamou Paulinelli e lhe afirmou que “a agricultura brasileira só sairia da mesmice de cinco séculos de extrativismo se sofresse uma revolução tecnológica” e que tenha, ao convidá-lo, dito que “vamos fazer essa revolução” e que o futuro ministro tenha topado. O que aconteceu, depois, é que merece reparos, para que a “relapsa memória do povo brasileiro” não fique ainda mais confusa. “Paulinelli topou.

CHAMOU O PRESIDENTE DA ADORMECIDA EMBRAPA, E ESTABELECERAM O RUMO DAS AÇÕES”. Quem iniciou esta revolução que transformou o agronegócio no motor-chefe da economia brasileira e o Brasil em um dos mais importantes players do mercado mundial de commodities foi o jovem ministro gaúcho do governo Médici que, aos 36 anos, assumiu ministério da Agricultura: Luiz Fernando Cirne Lima. Foi ele que montou e deu apoio ao grupo de trabalho que deu origem a Embrapa, cuja diretoria, basicamente, se manteve durante o governo Geisel. Foi Cirne Lima que mandou a primeira leva de brasileiros para se especializar no Exterior, J. Irineu Cabral, primeiro presidente da Embrapa, registrou em seu livro “O sol da manhã”, “a cultura de vanguarda começou a ser forjada já nos primeiros meses, quando mais de mil profissionais seguiram para treinamento no exterior, em uma iniciativa que produziu forte impacto na época”. Sobre a importância de Cirne Lima, o próprio J. Irineu Cabral registra em seu livro, quando foi se despedir do ministro que pedira demissão porque rompera com Delfim Neto, na briga para que a Agricultura não pagasse sozinha pelas medidas de restrição para conter a inflação: “Saí do Gabinete com uma sensação de lástima, POIS PERDÍAMOS, SEM DÚVIDA, A NOSSA MAIOR LIDERANÇA E O VERDADEIRO PROMOTOR DE TODO O PROCESSO DE CRIAÇÃO DA EMBRAPA”. “NÃO SÃO POUCAS AS PESSOAS QUE ME PERGUNTAM QUEM, AFINAL DAS CONTAS, FOI O VERDADEIRO CRIADOR DA EMBRAPA”, MAS “A DECISÃO POLÍTICA DO MINISTRO CIRNE LIMA DE SEGUIR ADOTANDO AS RECOMENDAÇÕES DO GRUPO FOI, SEM DÚVIDA, DECISIVA”. Outro reparo: durante o governo Geisel o protagonista da continuação desta revolução foi o próprio presidente tendo Paulinelli como um competente executor. J. Irineu Cabral conta em seu livro que Geisel foi, realmente, um grande estimulador da Embrapa. No seu primeiro mês de governo foi para dentro da Embrapa, em reunião com pauta aberta, passou 4 horas se inteirando sobre a empresa. Registra que “o Presidente escutou, atentamente, anotando pontos sobre os quais iria comentar, questionar e fazer recomendações. Ele tinha muito clara a prioridade da agricultura e o papel da pesquisa no seu desenvolvimento. Foram dezessete as intervenções do Presidente, entre as quais destacamos: SUA SATISFAÇÃO POR ENCONTRAR A DIRETORIA DA EMBRAPA CONSCIENTE E SEGURA SOBRE COMO CONDUZIR A SUA IMPLANTAÇÃO.

Felicitou-nos pela clareza das nossas exposições sobre as questões ligadas às políticas de recursos humanos, os procedimentos e critérios da implantação do novo Modelo e assuntos relacionados à captação de recursos financeiros. Alegou, de pronto, algumas preocupações sobre a capacidade da Embrapa em apoiar a autossuficiência de alimentos de consumo popular no país. Foi seco e direto ao tema. Como Chefe da Nação e em um país como o nosso, não admitia a importação de feijão, arroz, trigo, milho e leite. Para ele, a Embrapa só tinha sentido existir se, via pesquisa e a ajuda direta de crédito e assistência técnica, resolvesse o atendimento à demanda de alimentos essenciais à população brasileira. Lançava um desafio à Diretoria da Empresa para que cumprisse metas de autossuficiência e sustentabilidade na produção desses alimentos. Daria todo apoio, irrestrito e imediato para a consecução desses objetivos. E iria cobrar resultados”. E concluiu, o presidente Geisel:

 “NÃO MUDEM A ROTA POIS O CAMINHO É ESTE QUE FOI TRAÇADO”. E, reconhece, o primeiro presidente da Embrapa: “O Presidente cumpriu tudo que prometeu nos cinco anos que se seguiram”. (Enviada por Alício Rocha)

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