Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

A ECONOMIA SINISTRA

Brasil Dignidade

O Estado de S.Paulo 23/11/2011

Oswaldo Colombo Filho

Sob o título “Pobreza versus pobreza extrema” (Estado de S.Paulo - 21/11), o economista Fabio Giambiagi do BNDES, traça a perfeita apologia decisória que o Poder Público é guindado em suas decisões. Coloca seu pensamento sobre a necessária escolha de prioridades pela gestão pública, dada à capacidade finita de recursos tomados da sociedade a título de carga tributária. Afinal, em que investir, quanto, onde e quando. Giambiagi cita que a economia é chamada de “ciência sinistra da escassez” – essa é a economia dele, talvez em sua visão de maior personagem na questão. As Ciências Econômicas, de muitos outros, versa pela busca da prosperidade de uma nação. Não há nada de sinistro nisso. Talvez seja na tese do economista do BNDES por ser contra os aumentos reais ao salário mínimo, alegando que o governo deveria poupar estes recursos para reduzir a pobreza extrema do país; ou seja, pessoas que sequer tem a renda de um salário mínimo.
“Pelo cheiro da brilhantina se conhece a gafieira” - dizia o bom malandro, e Giambiagi nada mais quer do que atacar o RGPS. Já é um velho conhecido e representante do clientelismo rentista que ganha muito com a precarização da Seguridade Social (Saúde e Previdência).

Contudo tem razão sobre a definição de prioridades, mas não a que “sinistramente coloca”: - tirar de quem tem pouco para dar a quem tem menos. No Brasil isso nem é cabível. Há o que tirar de um Estado perdulário em sua gestão incompetente, dando privilégios bisonhos a quem é cliente do Poder. O próprio BNDES, onde atua Giambiagi, é um instrumento que funciona subsidiado pelo Tesouro (o povo), enriquecendo alguns empresários nacionais, financiadores de campanhas políticas; e até fazendo obras em países vizinhos, como a Transcocaleira na Bolívia. No Brasil, produzimos combustível (álcool) e exportamos com subsídios – são as renúncias previdenciárias que entram a débito da Seguridade Social e que de qualquer parte do mundo, o nosso é o maior Regime Orçamentário capaz de distribuição de renda e limitação da pobreza. Antes disso, por que não produzir mais alimentos aos miseráveis?

Também poderia aludir: - fazer a Copa do Mundo de futebol ou ter a disposição o que se investe em 13 anos no saneamento básico no Brasil? Fazer as Olimpíadas ou urbanizar as favelas cariocas? Não foi o Governo Lula que decidiu isso, e todo povo irá pagar por muito tempo? E agora, surge nas colunas do Estadão, em mais uma investida do “cavaleiro do apocalipse” (e sinistro), querendo que os que os 80% da população; pobres e classe média, trabalhadores e aposentados da sociedade civil que devem arcar de alguma forma na distribuição de renda para acabar com a miséria. Lembrando que são estes que proporcionalmente são os mais escorchados pelo fisco.

Talvez não tenha ocorrido ao sinistro economista, que tão apenas os 10% mais ricos do país possuem 44% da riqueza nacional. Nem mesmo e quando sempre fala de Previdência, lembra que tão apenas 980.000 ex-servidores públicos darão este ano R$ 52 bilhões de déficit ao Tesouro; ou seja, colocam na conta do povo; para que uma minoria (0,5% da população) viva num privilégio indecente e que já é um escárnio aos outros 27 milhões de atendidos pelo RGPS. Mais do que isso, trata-se de 2/3 do Orçamento da Saúde Pública para os outros 99,5% da população brasileira. Tudo isso sem contar com as mirabolantes estimativas que a corrupção rouba e mata nesse país.
Certamente o jornal O Estado de S.Paulo encontrará melhores análises e colunistas do que alguns como o supracitado, e que acha que estamos no país das maravilhas, todos apadrinhados pelo beneplácito do BNDES, da politicalha e continuamente dispostos a deles ouvir a mesma cantilena apocalíptica da falta de recursos e não da incompetência de um Estado gerido para atender ao clientelismo travestido de uma já comprovada e promíscua lógica libertina dita neoliberal, e que não passa da ampliação de proposições em benesses a cidadãos (corporativismo), e a setores empresariais (clientelismo) da "sociedade de privilégios" que assalta e domina o Poder Público neste país.

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