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Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

O MENSALÃO JÁ FOI JULGADO. ATÉ EM INGLÊS


O mensalão já foi julgado. Até em inglês

Clóvis Rossi 28/07/2012

Eis que "mensalão" já tem a sua devida tradução e análise para o inglês: a revista "The Economist" que começou a circular ontem trata do "big monthly stipend", quase que torcendo para que alguns dos réus sejam condenados.

É o que se pode deduzir do trecho em que a revista diz, primeiro, que o fato de que "o mensalão tenha afinal sido levado a julgamento já é um progresso", para completar depois: "Cadeia para políticos corruptos pode ainda ser improvável, mas já não é impensável".

A essência do artigo é exatamente essa: lamentar, como você já deve ter lido (e reclamado) uma e mil vezes, a impunidade característica do Brasil. A frase inicial do texto diz, com toda a razão, que "uma reputação frágil não tem sido, historicamente, empecilho para uma longa carreira na política brasileira". Cita dois exemplos em seguida, os de Fernando Collor de Mello e de Paulo Maluf --não por acaso hoje aliados do PT, depois de terem ambos metralhado e sido metralhados pelo partido de Lula.

Tanto a "Economist" como Lincoln Secco (professor de História Contemporânea na USP, em artigo para a Folha desta sexta-feira) coincidem em que o principal do julgamento do mensalão já ocorreu.

Diz a revista: "O escândalo moeu a pretensão do PT de representar uma nova política, mais limpa". Reforça o prof. Secco, autor de uma história do partido: "O escândalo do mensalão derrubou o discurso sobre a 'ética na política' e abateu o seu núcleo dirigente".

Na verdade, se o Brasil fosse um país sério, o "big monthly stipend" já teria sido punido, pela simples e boa razão de que é crime confessado pelo principal dirigente do PT, o icônico Luiz Inácio Lula da Silva.

Lembra-se daquela famosa entrevista em Paris para uma jornalista da qual ninguém ouvir falar até então? O que dizia Lula: que o PT fizera o que todo mundo faz. O que é que todo o mundo faz? É caixa-2. O que é caixa-2? "É coisa de bandido", na avaliação de ninguém menos do que o então ministro da Justiça de Lula, Márcio Thomaz Bastos.

Significa que você pode montar um caso contra a cúpula petista sem recorrer à oposição ou à mídia supostamente golpista. Basta usar a palavra de personalidades de primeira linha do governo do PT.

Restaria apenas ao STF julgar os demais itens da pauta, que a "Economist" cita: "corrupção, conspiração (em português seria formação de quadrilha), desfalque, lavagem de dinheiro e mau uso de fundos públicos".

A revista ainda acrescenta que "alguns admitiram ter ajudado as finanças de partidos políticos 'off the books' (em inglês, caixa-2 fica menos agressivo, não é?), o que é ilegal mas comum no Brasil".

Se o crime foi confessado pelo mais alto escalão da República, não se deveria esperar do STF um bóson de Higgs político-jurídico.
Nem a "Economist" nem o professor Secco esperam. A revista prevê "modesta" consequência do julgamento.

E compra a tese de que Dilma Rousseff será ainda menos atingida, porque "nenhum dos acusados no caso é próximo dela".

Aliás, "Dilma foi quem mais lucrou com o mensalão", como diz o belo texto de Bernardo Mello Franco na Folha de quinta-feira.

Foi a queda de José Dirceu, acusado de chefe do que a "Economist" chama de "conspiration", que catapultou Dilma à Casa Civil, primeiro passo de uma escalada que a levaria à Presidência.

Lincoln Secco, de sua parte, constata, com razão, que "o respaldo que ele [o PT] tem não depende do que se lê nos autos do processo". Depende do que, então? "Do discurso social", responde o professor.

E, neste, ao contrário do que aconteceu com o enganoso monopólio da ética que o PT dizia ter, de fato o desempenho de seu governo é sólido. Só um opositor descerebrado e hidrófobo diria que os brasileiros, especialmente os mais pobres, vivem hoje pior do que viviam quando Lula assumiu em 2003.

Se o que ainda sobrou de esquerda, pode dizer, também com razão, que não houve mudanças estruturais no país, quem compra uma geladeira antes inacessível não vai reclamar. Mais provavelmente vai achar que é masturbação sociológica.

Até porque há uma sensação disseminada --e não só no Brasil, diga-se-- de que todo político é ladrão. Se é assim, perdoa-se quem rouba mas faz, uma história que começou faz 60 anos pelo menos, com Adhemar de Barros.

E a pessoa de Lula e suas indicações, continuam a merecer algum crédito da classe média? Da classe que não é iletrada ou analfabeta funcional - qual a reação a esperar dos brasileiros nas próximas eleições? São estes que sustentam, através de carga fiscal absurda, os que votam e acabam por decidir com o estomago pelo Bolsa Família e que mantém o ciclo da miséria pela miséria? - a benemerência fingida de um Estado populista que em nada alterada o estado de evolução do indivíduo? E os aposentados, como ex-contribuintes que sequer correções justas de seus benefícios recebem, enquanto ouvem falar que o regime (RGPS) é deficitário “sem igual no mundo”, mas é o único que paga benefícios a quem nunca contribuiu além de pagar benefícios e salários a funcionários públicos de maneira sem qualquer comparação alguma a qualquer canto do planeta. Permitimos a espoliação moral de todos os nossos sentimentos, e este é o maior déficit que esta nação sofre- o déficit da moralidade e que vem de cima para baixo a começar das mais altas autoridades dessa nação. (OSWALDO)

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