Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

RECADO DAS URNAS








O Brasil quer mudar; quer afirmação dos direitos; quer nova política social; quer diretrizes claras sobre a posição do homem diante dos governos.
Se assim não fosse, certos resultados vindos das urnas teriam projetado outro cenário. O que vemos, nestes primeiros momentos, é a renovação das Câmaras Municipais em percentuais elevados – algumas em cerca de 40%. O banimento de figuras históricas do mundo político e a inversão do poder partidário na composição das bancadas municipais são algumas observações que se pode inferir do processo eleitoral que se encerra, no primeiro turno de 2012.
Por trás de toda a alteração havida, consideramos que as lideranças políticas precisam pensar em 2014. Todos os reeleitos, no primeiro turno, com larga margem de votos, foram os que tiveram trabalho para mostrar. Aquela velha política do ataque, do desmonte, não elege mais. Governantes que pretendem se manter à frente da política têm que apresentar agenda positiva, cobrindo lacunas nas áreas da saúde, educação, emprego… Senão, não têm qualquer chance, daqui para a frente.
Os eleitores, trabalhadores em sua maioria, sufragaram profunda derrota em nomes coroados, que passaram longe da possibilidade de disputar, pelo menos, um segundo turno. Por sua vez, partidos ‘nanicos’ lutarão, em algumas capitais, em 28 de outubro, pela possibilidade de assumir a governança de cidades importantes. Dá para pensar! Aquele antigo rolo compressor ficou no passado, como vemos. Vale a integridade, como também a coragem e o trabalho, para emocionar e atrair quem vota.
Já é um início de mudança que, esperamos, se aprofunde. Não pode o cidadão ficar à mercê de conluios políticos, com votações programadas, de um modo geral tratadas às escuras e cujos resultados surpreendem pela mudança de posição dos parlamentares. Os compromissos assumidos têm que ser respeitados; as promessas de campanha precisam ser acompanhadas e cobradas em tempo, pelos eleitores. As votações têm que ser abertas.
A Reforma da Previdência apresentada, apreciada e votada em 2003, em tempo recorde, foi um balde de água fria nos trabalhadores, atingidos profundamente em seus direitos; especialmente os aposentados e pensionistas, que votaram maciçamente no governo – que prometera não mexer em seus direitos. A decepção causada à massa trabalhadora, arrasada em suas convicções, levou-a, por meio de suas entidades de classe, às mais diversas cortes, propugnando por reaver direitos suprimidos.
São processos longos, alguns com os pleitos reconhecidos e decisão de reposição (caso de fatias salariais e proventos confiscados), mas aguardando o arrastado processo de precatórios. Não basta ganhar na Justiça…
Colocar o Brasil em ordem depende da definição adequada das prioridades. Depende, também, de nós, votantes, fazermos o nosso papel direitinho. Quem escolhe o legislativo, com a poderosa arma do voto, somos nós. Não adianta, depois da má escolha, jogar pedra, rogar praga, nem atacar as decisões tomadas contra a sociedade, com votações que golpeiam o sistema de Seguridade Social, como exemplo. Temos que agir preventivamente, escolhendo os melhores nomes, com história conhecida, integridade ilibada e compromisso nacional e social.
O recado foi dado; que saiba ser interpretado pelos dirigentes políticos. Não precisa nem olhar o interior, com seus mais de 5.500 municípios: basta prestar atenção nas capitais. Não adiantou o poder econômico, o horário esgarçado (processo antidemocrático), menos ainda o apoio dos líderes que continuam se achando donos dos votos das pessoas. Há que se analisar os resultados com minúcia e cuidado.
Os trabalhadores, se quiserem, escolhem os seus candidatos, fecham-se em torno deles e ponto final. Só aposentados e pensionistas são 30 milhões de vidas; some-se a isso o peso de parentes, amigos e, ainda, trabalhadores ativos.
É como a história do elefante, que não é o rei da floresta porque não sabe a força que tem.

(*) Auditora-fiscal da Receita Federal do Brasil
clemilcecarvalho@bol.com.br

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