Dilma ganhou – mas quem leva é Michel Temer
A loucura coletiva de uma nação que já virou folclore!
O Brasil tem agora seu próprio deus: José Antônio Dias Tóffoli
29/10/2014 foto: Lidia Putini Lopes
Crer ou não crer, eis a questão.
Grande parte da humanidade acredita em um Deus. Seja qual for a forma na qual ele foi apresentado por seus criadores.
No
Brasil, a partir de 26 de outubro de 2014, ele se chama Dias Tóffoli. O
único dono da verdade no último pleito presidencial brasileiro. Crer ou
não crer? Só a fé em um deus, nesse deus, pode levar a uma resposta.
O
todo poderoso no comando dos destinos de nossa nação e de mais de 200
milhões de seres humanos foi reprovado duas vezes em concursos para o
cargo de juiz e fez carreira advocatícia dentro do PT. Foi condenado em
processo decorrente de Ação Popular, na 2.ª Vara Cível e Fazenda Pública
do Amapá, conforme publicação do Diário de Justica Eletrônico, em 08 de
setembro de 2009. E no dia 17, aos 41 anos, foi nomeado por Luiz Inácio
«Lula» da Silva para o cargo de ministro no Supremo Tribunal Federal.
O
mundo olhava curioso e o Brasil ansioso para a porta do gabinete desse
«novo deus» que iria nascer naquele momento em que abrisse a boca e
anunciasse o resultado da votação de uma nação inteira elegendo por mais
4 anos o governante de seus destinos.
17
horas do dia fatídico, quase toda a nação sentiu o peso de suas mãos
sobre a central controladora da vontade de cada um (liberdade
obrigatória) a fechar com chave de chumbo os direitos de cidadania do
povo, engolidos pelo buraco negro sem retorno.
Nação
de proporções continentais, 17 horas de um dia não são necessariamente
17 horas até o fim da linha, pela qual o sol navega sobre suas terras.
Há aquele estado lá longe, no fim da linha, chamado Acre, onde o pôr do
sol se faz esperar, enquanto no início da linha as trevas da noite já
baixaram sobre os viventes.
20
horas e tudo se encontra sob o chumbo da porta que não mais se abre e
impede a sabedoria humana de um dia poder controlar seus próprios
feitos. O que esse mais «novo deus» fez nesse espaço infinito de 3 horas
com a chave de nosso destino nas mãos nenhum vivente vai saber.
O
perdedor liderava até quase 90% de apuração das urnas. De repente, tudo
silenciou. O «novo deus» brasileiro não publicou mais os resultados
parciais. O tempo entrou no ritmo do pulsar dos corações humanos e esse
«novo deus», na regência da sinfonia, abre as cortinas de seu palco e
sem conseguir controlar seu sorriso de vitória, proclama à nação: temos
presidentA.
Acredite quem quiser.
Dias
Tóffoli, o guardiao da única chave e do conteúdo do túnel da vontade
(liberdade obrigatória) da nação Brasil, deixa de ser um homem. Aqui o
PT acaba de parir mais um «deus» dentre tantos outros. Só ele sabe, viu e
vestiu a roupagem de testemunha única de seu conteúdo.
A
culpa foi do Acre que não votou 100% contra. Ah o Acre, esse pedaço de
Brasil tão longe de tudo, que nem chega a 2% de votantes, produz o
impossivel: decidiu pelo resto do Brasil. Castigo divino, diriam os
crentes naquele outro Deus. Ele percebeu a tempo que sua devota de nome
Marina saiu de lá e ousou afrontar o novo deus com a chave do buraco
negro entregue pelo PT em suas mãos.
Quaisquer dados que sair de sua boca será a verdade com a qual todos os brasileiros terão que viver. Crendo ou desacreditando.
O
resto virou passado. Deixou de existir. Foi tragado pelo buraco negro
no qual foi jogada a vontade de quase 150 milhões de brasileiros. Sem
retorno. Sem vestígios. Sem história. Sem existência. O passado desse
deus condenado, para quem quiser ver, permanece, entretanto, nos anais
da justiça do Amapá.
A
massa aqui desintegrada perambula em átomos pelo espaço cideral do
universo. Antes da desintegração nas mãos do «novo deus» brasileiro, ela
foi registrada lá naquela outra central que nunca dorme. Barack Obama,
no futuro, ao cruzar-se com Dilma Vana Rousseff e cumprir seu protocolo
daquele sorriso de garotão irresistível das praias ensolaradas do Hawai,
vai sussurrar-lhe no ouvido: «eu sei o que você fez ontem». Mesmo que o
sussurro seja a imaginação de sua própria consciência. Culpada ou
inocente.
É
isso aí brasileiros e brasileiras (politicamente correto: brasileiras e
brasileiros). Já que não podemos nos jogar pelo túnel fora do buraco
negro, que tudo traga e não retorna, resta-nos esperar o 1° de janeiro
de 2015. O cheiro de fumaça já desponta mostrando que vamos ter
novidades no front. Sem o «novo deus» Dias Tóffoli.
Não
que o povo brasileiro vá tomar atitudes sérias e mudar os
acontecimentos. Mas na corrida insana pelo Poder tudo é possível. Quem
dorme cai fora. Nos horizontes brasilienses já desponta o próximo
interessado, mesmo que por caminhos tortuosos, a chegar à sonhada
cadeira de comando. O PMDB. Trazendo consigo seu representante para a
cadeira maior da nação: Michel Temmer, na função de Vice, será nosso
próximo Presidente. Há quem duvide? Eu não.
Nos
termos de nossa Constituição de 1988, qualquer impeachment até 31 de
dezembro porá um fim a este mandato. E junto com ele o mandato do
Vice-Presidente que assumiu a Presidência. Não existe possibilidade de
impeachment para candidato eleito, mas ainda não empossado. Nem
prorrogação de posse de Vice, no cargo de Presidente, assumido em outro
mandato que se extinguiu. Um Vice-Presidente eleito não assume
diretamente a Presidência em outro mandato. Michel Temmer sabe disso. É
doutor em direito constitucional.
Se
Dilma Rousseff não for empossada em 1° de janeiro, não haverá posse de
seu Vice. Mas o Congresso o será. E na vacância do cargo e falta de Vice
tomará posse o presidente da Câmara dos Deputados, o terceiro na ordem,
conforme a Constituição. Se empossada, Michel Temmer será
constitucionalmente o Vice Presidente que terá de assumir a cadeira
vacante da Presidência a partir daquele dia, se isso ocorrer.
Outra
questão jurídica crucial, inusitada, que se apresenta: um impeachment
decidido em uma legislatura se prorroga ou não em outra começada, com
novo Congresso eleito para outro mandato?
Constitucionalmente
a resposta é não. Este Congresso não tem poderes para votar impeachment
para a próxima legislatura. Um candidato que venceu um pleito para o
futuro estaria impedido de assumir, em virtude de um impeachment sofrido
em um mandato passado? A resposta nua e crua sob o crivo da lei é não.
Como a coisa se apresenta constitucionalmente, mesmo caindo agora Dilma
Rousseff teria legalmente pleno direito à posse em 1° de janeiro. Com a
palavra o Prof. Dr. Michel Temmer, especialista na área.
Tudo
inútil, portanto, qualquer movimentação, gritaria, prós e contras,
saliva gasta, tempo e energia perdidos, ataques, pareceres e
contra-pareceres, demonstrações, quebra-quebras... e por aí afora, até
31 de dezembro.
Em
1° de janeiro o Brasil terá de tomar uma decisão. Ou engole tudo que
lhe foi enfiado goela abaixo, levando consigo até suas impressões
digitais para provar que se ele votava era mesmo ele quem votava, mas
tirando-lhe o direito de saber se quem ele quis eleger realmente recebeu
seu voto... ou reage e dá um basta.
Fascismo
vermelho sobre nossa nação e esse «deus» chamado Dias Tóffoli precisam
desse basta. A nação brasileira merece um pouco mais de respeito. Ainda
acreditamos que a democracia é possível.
Um
PMDB e um Michel Temmer na Presidência não é o que esperávamos e
sonhávamos mas, mesmo que por caminhos tortuosos, é um começo de
mudança, uma luz no fim do túnel, a única possibilidade constitucional
que se apresenta aos brasileiros, sem maiores traumas à nação.
E digerível. Pois nos liberta das garras de um Luiz Inácio da Silva.
* Lidia Putini Lopes
Advogada e agricultora
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