Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

AOS FIEIS AMIGOS, APOSENTADOS E PENSIONISTAS

O poeta latino, Horácio (sátiras, 1103) nos adverte: “Est modus in rebus, sunt denique fines ultra quos nemo audeat.” Traduzindo: Há no comportamento humano, uma medida, um limite além do qual não nos é licito avançar sem que se atinja a raia da tolerância e se ponha em jogo a estabilidade e a normalidade, condições necessárias para que haja paz e prosperidade na vida de uma nação.

No que tange à conduta de nossos governantes, dos políticos e de certos cidadãos brasileiros, sem a menor dúvida, atingimos esta medida, este limite de transigência que não nos permite mais permanecer de braços cruzados. Errar é humano, mas errar de caso pensado, planejado, fazer do erro uma norma de conduta e pretendermos impor aos demais nossas vidas como padrão a ser adotado, é intolerável.

Nós brasileiros, desde muito, desde já, estamos vivendo a hora do basta. De nossos dirigentes nada mais resta a não ser um bando de náufragos, em noite escura, a braços com ondas incontroláveis. Refiro-me a esta onda de corrupção em cuja crista se equilibra os surfistas dos poderes da república.

A titulo de ilustração citamos apenas esta conhecidíssima e interminável lista de fatos escandalosos e escabrosos que provocaram a criação de inúmeras comissões parlamentares de inquérito, pesquisas da policia federal e do Ministério Público, decisões judiciais, cujo resultado, sempre estacionou à sombra da mais refrescante e confortável impunidade. A verdade é que acusados e acusadores investigados e investigadores formam todos uma mesma e única sociedade de compadres cujo único interesse é garantir os próprios cofres bem recheados. Depois do reboliço que se arma à luz de um novo jato escandaloso e de duelo de morte que se fere entre executivo, legislativo e demais envolvidos bem como a própria mídia que enche o papo, faz-se sempre um grande silêncio, tempo suficiente para se esconder o fruto do roubo, aqui e lá fora. Ninguém mais volta ao assunto, nem sequer para cumprir a lei da ficha limpa. O interesse era, tão somente, o de simular uma satisfação à opinião pública que, se contenta com pouco, apenas, com as mentirinhas do quotidiano, mais do que suficientes para saciar seu doentio apetite para a verdade e para continuar tocando o bonde da mediocridade. Mas não é só este apagão de princípios que desfigura e anula a ação do poder no Brasil. Muito mais do que tudo isto, a irresponsabilidade, a incompetência e o descaso do povo e pelo povo delineiam as características de nossos governantes. A alienação é tão alarmante que Lula não se envergonhou de declarar a nação que ele foi o melhor presidente que tivemos até agora em nossa história, declaração esta que se encaixa plenamente nos maxilares do ditador Hitler. Auto lá, senhor presidente, porque, no meu entender, o melhor presidente que tivemos, até hoje, foi Tancredo Neves que realizou a grande façanha de morrer, antes de tomar posse e de haverem feito coincidir sua délivrance com a efeméride de Tiradentes para não perder a carona de glória que lhe era oferecida por nosso herói nacional.

É hora sim meus amigos e amigas, de fazer uma pausa para refletir por que, no dizer do Profeta Jeremias (12.11) a terra toda está mergulhada na desolação porque ninguém há que reflita.

Pelo que tenho deduzido das numerosas manifestações de nossos companheiros no após eleições, é quase unânime o pensamento e o anseio de todos os aposentados no sentido de que nos reunamos em torno de um organismo de autêntica representação de nossa classe. Os que até agora lutamos conseguimos plantar uma semente muito promissora que já se converteu em bons frutos, mas que precisa ser regada e cultivada para chegar à colheita plena. O grupo de operários que irá cultivar esta messe tem que ter absoluta autenticidade de adesão à nossa causa. Esta autenticidade se resume numa irredutível disposição de luta, numa afiada vigilância sobre a movimentação de nossos inimigos e numa total disposição, nos limites da capacidade de cada um, nas mãos dos dirigentes que irão coordenar a atividade de todos. Nossa classe, como toda a união de sócios, terá que se compor de dirigentes e de dirigidos. Dos dirigentes irá depender a força de nossa organização nas mãos de seus executores, que serão todos os aposentados e pensionistas. Felizmente, este grupo de dirigentes, com muita espontaneidade, já vai se delineando entre aqueles que se manifestam como capazes de colaborar nesta grande empresa que se organiza. Uma idéia que surge, de maneira concreta, vinda de Gelson Amaro, seria a criação de um Forum Virtual de Discussão, idéia esta que já recebeu o apoio do ASOV. Jogo com duas realidades inconfundíveis. A primeira é que nós aposentados somos uma classe que depende exclusivamente de si mesma para continuar existindo com dignidade e com justiça. Ou nossos DIREITOS serão respeitados, ou presenciaremos a derrocada do Estado Democrático de direito e mergulharemos na mais desastrosa das ditaduras pela prática de um holocausto bilhões de vezes superior ao que foi posto em prática por Hitler contra os judeus. A segunda realidade é a de nossos inimigos que só se lembram de nós para nos perseguirem, para sugarem nosso sangue e usurparem nossos direitos. Lutar com todas as armas, ainda que seja com o estilingue de Davi, confiar com a mesma confiança que tinha o povo de Deus face ao Golias da ambição e do ódio e esperar que se cumpra a palavra da SABEDORIA: OS HUMILDES SERÃO EXALTADOS. Este é o caminho que devemos continuar trilhando. Os frutos colhidos até agora nos provam que estamos bem orientados.

Estamos criando uma nova mentalidade pelo despertar das consciências. “Grite a plenos pulmões, sem parar, solte como trombeta o som de sua voz, mostre ao povo seus crimes e faça a casa de Jacó conhecer seus pecados”. Isaias 58.1.

José Cândido de Castro

Novembro de 2010

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