Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

PESQUISA ASSISTÊNCIA MÉDICO - SANITÁRIA - 2009

Movimento Dignidade aos Aposentados e Trabalhadores do Brasil

São Paulo, 19 de novembro de 2010.

Vez por outra surgem notícias que nos fazem pensar, e escrever.

Li a nota do IBGE sobre a pesquisa em epígrafe (vide a seguir), e recomendo atenta leitura a todos os escorchados contribuintes brasileiros. É até pitoresca, apesar de ser às nossas custas, e deveria ficar para os anais da língua portuguesa pela dificílima missão que o encarregado teve ao escrevê-la. Lamentavelmente o texto é apócrifo e assim não podemos nominar o autor; mas face ao encargo do zeloso servidor e por patente dever de ofício, quem a redigiu foi iluminado por uma aguçada imaginação e num malabarismo literário escreveu 2.759 palavras e símbolos aparentemente buscando dar algum sentido, mas propositalmente pouco dizendo. Seja lá quem escreveu evidentemente não pôde falar da inépcia da saúde pública brasileira tida como exemplar na campanha presidencial da candidata governista, porém ele, e por obrigação profissional, tinha que divulgar os dados pesquisados pelo IBGE! - Como falar de números sem dizer nada ou quase nada? Como mensurar e estabelecer padrões com o passado e fazer com que os leitores e analistas se conscientizassem que o pouco é muito, quando na verdade é quase nada, e o que é ruim tem pouca significância quando na verdade é uma tendência ao absurdo. E a herança maldita? Que sina horrível, mas superou com galhardia.

Há uma técnica de obstrução à lógica que políticos usam comumente, trata-se do poder do discursionismo, talvez imaginem que tenham o dom da palavra, da oratória; mas num Congresso que elege Tiririca isso não tem mérito algum. As Excelências falam, falam, e absolutamente não dizem nada. O mesmo se repete quando são proferidas sentenças no STF ou no STJ, enfim em tribunais. Há um momento que o palestrante sequer sabe o que está falando e no meio tantas “excelências”; “solicito a palavra”; “pela ordem” tem-se a impressão que Dom João VI adentrará ao ambiente e abrirá os portos às “nações amigas”; isto é, se um dia resolveram o problema do custo Brasil! Afinal não há quem encare os custos e a burocracia dos nossos portos, mas com isso eles não se preocupam; afinal por lá tem um monte de sindicatos e políticos “mamando” (portos).

Surge aplicados ao texto em questão o símbolo → % (porcentagem) para invariavelmente expressar a quase totalidade do que subiu, cresceu ou foi ofertado em relação a períodos anteriores - 177 vezes (cento e setenta e sete); ou seja, 6,5% do texto é feito do símbolo %.

Números absolutos, excluindo-se as datas não aparecem mais do que 30/35 vezes; e bem sabemos que números absolutos nos permitem de uma forma clara obter uma dimensão que não seja subjetiva. O texto nos dá ainda 28 vezes a palavra aumento ou amentou; → cinco vezes a expressão diferença ou reduziu a desigualdade.

Compreendemos que isso não faz muita diferença ao eleitorado; pois em nosso país dois mais (+) dois não tem importância se for cinco ou doze; muito menos terá importância se alguém falar ou escrever que em determinada região: - entre 2009 e 2005 constatou-se um “extraordinário” aumento na oferta de leitos hospitalares de 30% (e sem mencionar que elevaram de 1 leito para cada mil habitantes para 1,3 - quando o ideal seria bem mais do que isso. A Organização Mundial da Saúde define como 3,0 a 3,2). Mas em todo esse texto, de quase três mil palavras, há uma única expressão do que realmente importa, “DIMINUEM OS LEITOS”.

Por força de ofício, muito já vi e me envolvi no tema da Organização Mundial da Saúde, e o de fato enfoca várias questões sobre as políticas públicas de saúde. Números de leitos, especialização de atendimentos de emergência, ações preventivas, vacinação, educação paramédica; enfim muitos itens e tudo isso em atendimento dividido geograficamente e proporcional a eventuais riscos que as populações corram. Certos indicadores são primários, em especial números de leitos.

Se desejássemos citar o que interessa, e ainda dentro da campanha presidencial, falaríamos da “herança maldita deixada por FHC” e da “bendita a ser deixada por Lula” e que será legada a Dilma; mas isto em face da simples analogia que o tempo imputa e não perdoa; somente Lula não sabia disso quando criticava seu antecessor e esquecia-se de fazer a sua lição de casa:

- Pois bem, o Brasil tinha em 1980 → 3,7 leitos para cada mil habitantes, e uma população de 119 milhões de habitantes, já em 1997 → possuía 3,5 leitos para cada mil habitantes, e nossa população eram de 157,6 milhões. Em 2001 → 2,9 leitos para cada mil habitantes, para uma população de 171,9 milhões. Em 2005 → 2,4 e em 2009 →caiu para 2,3 leitos para cada mil habitantes enquanto isso a população chegou até os primeiros dados do censo (2010) do IBGE a aproximadamente 185 milhões de habitantes; o que vale dizer que “na era Lula” a oferta de leitos no Brasil caiu pelo menos 21% enquanto a população cresceu aproximadamente 7,5%. (variação 2009/2001). Provavelmente em 2010 cairá mais ainda.

Pior será se considerarmos os dados tão apenas do SUS. O IBGE nos informa que existiam em 2009 - 1,6 leitos para cada mil habitantes. Este é o verdadeiro atendimento da prodiga rede pública brasileira. Metade do padrão recomendado pela Organização Mundial de Saúde, assim como Educação, Analfabetismo retrocedemos na última década perante nossos vizinhos Sul-americanos. É o milagre do crescimento ouviram falar? Este é o nível que o país se enquadra em padrão mundial e do que se pode alegar em ser uma rede comparável aos padrões de Orçamento de Saúde e Seguridade Social. Comparável a quem? A Rússia, por exemplo, possui mais de 9 leitos por mil habitantes, na Europa, entre 4 a 5 nas policlínicas e em algumas especialidades até 6; USA 3,2; Canadá 3,9 (públicos).

Vimos na última campanha muito falarem sobre saúde pública; isto é, nos intervalos dos discursos sobre Paulo preto e da Erenice Guerra que bem sabemos que ficará em paz, pois nada acontecerá a ela; - a população mais carente é a que mais sofre e que menos sabe o que acontece e também pouco se interessa, e é feliz sendo analfabeta política e se orgulha disso. No Congresso desejam estabelecer a nova CPMF, já que a antiga mal propiciava verbas para o orçamento da saúde e esta nova deverá seguir o mesmo caminho, mas afinal esse foi o desejo da maioria do eleitorado e assim voltamos ao começo do paragrafo em que a CPMF por ser um imposto “embutido em preços” quem mais sofrerá ou pagará serão os cidadãos de baixa renda. Portanto, na prática: - “saúde é o que não interessa! Pagar imposto é o que interessa” Foi desta forma que votaram nas últimas eleições. Alguma dúvida?

O que se gastou em Saúde Pública em 2009 (R$ 62,2 bilhões) correspondeu a 76,7% do déficit causado por 988 mil ex- servidores públicos federais (inativos) que foi de R$ 47,7 bilhões; e que estão prestes a mais um polpudo aumento. Só o Judiciário “solicita 56%”.

Enfim menos de um milhão de brasileiros, uma verdadeira elite concentradora de renda em um país com pouco menos de 190 milhões de habitantes que sequer auferem senso de saúde pública dos governantes; propiciaram um déficit ao Tesouro da nação cujos primários indicadores leitos hospitalares/habitantes são comparáveis ao Turcomenistão ou a Botswana fruto de um mal proposto orçamento de um fundo de previdenciário - RPPS - e que na verdade é um estelionato contra a nação. Tal Regime de Seguridade, com suas taxas de reposição de benefícios de quase 100% e atualizadas pelas remunerações equiparadas aos servidores da ativa não existem em qualquer canto do planeta, pois fogem ao senso de realidade e da justiça social sendo um atentado contra a moralidade e à Previdência Púbica Nacional - o INSS, e a própria carga fiscal como um todo.

Concomitantemente a isso, palhaços, mensaleiros e toda sorte daquilo que o voto popular conduziu ao Congresso até travestidos de algum ideário, legislam em causa própria e em prol de um corporativismo renitente em todos os cantos e Poderes a despeito da precariedade da saúde pública; da educação e da segurança. Nos intervalos se distraem em conversas fugazes sobre pífios aumentos ao salário mínimo; dos aposentados ou até mesmo sobre o bolsa família. Pão e circo, e a nação tolera.

Em breve teremos outras notícias do nosso censo - IBGE; mas uma delas parece inevitável a chamar nossa atenção. Já somos uma nação com aproximadamente 1.700 cidadãos centenários, e isto é fantástico, já superaram a terceira idade - atingiram a quarta! Certamente não foi graças ao INSS e muito menos ao SUS. Viver mais no Brasil é um crime e é por isso que inventaram o fator previdenciário. Bem isto de uma forma ou de outra veem ocorrendo no mundo todo. Estes 1.700 são os verdadeiros heróis do censo 2010! Sabe lá o que é superar 100 anos de hipocrisia política que insiste e não consegue falir o Brasil?

Outro dia recebi um e-mail de um cidadão injuriado lamentado não ter mais esperanças na Previdência Social brasileira depois do que Sarkozy fez na França - elevar a idade mínima de 60 para 62 para a aposentadoria integral. A princípio fiquei intrigado e olhei seu nome para saber se era de origem francesa. Ao meu certificar que não era, me ative ao aspecto que mencionava que a Sra. Rousseff havia dito recentemente, numa de suas falas que elevar a idade para a elegibilidade à aposentadoria era uma tendência mundial. Assim hoje respondi a ele:

- Meu caro, não será Dilma que copiará Sarkozy; para azar dos franceses ele acaba de nos plagiar. Explico-lhe: - No Brasil para que um cidadão fique livre do fator previdenciário deve chegar próximo aos 60 anos de idade e superar pelo menos 38 anos, de contribuição assim “poderá” estar franqueado do maldito redutor. Numa outra forma de abordar a questão deverá contribuir por 35 anos no mínimo e atingir 62 para se aposentar. Pronto está igual à França de Sarkozy, e foi daí que ele “tirou a idéia”. Porém, há algumas ressalvas. A saúde pública francesa é praticamente gratuita; consultas médicas apenas €1,00, e não pense que igual ao SUS. A expectativa de vida por lá supera 80 anos e aqui 72,4 anos; Os medicamentos com coparticipação de custos ou são gratuitos; por aqui nos contentamos com genéricos, e olhe lá! Agora por lá não deve haver nenhum louco que deixe alguém na fila de atendimento de um hospital; ou até mesmo um que se preste a escrever um comunicado como esse do IBGE dando conta do panorama da saúde pública do país a milhões de contribuintes sem explicar absolutamente nada; ou melhor, tentando dizer que estamos muito bem e vivos, pois se continuamos a ouvir tiros e porque ainda não fomos atingidos por nenhuma bala perdida, afinal não se ouve o tiro pelo qual se morre. Meu caro, aqui ainda existe muito gente que aceita que façam o que querem com o nosso dinheiro e com a nossas vidas; porém pensando bem, ela não nos foi legada por Deus para ser sugada por vagabundos.

Um abraço, muita saúde e fique paz.

Oswaldo Colombo Filho
Movimento Brasil Dignidade


Link para nota do IBGE

http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1757&id_pagina=1

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