Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

SALÁRIO PAGO A APOSENTADOS DESVALORIZA 46%


DO ASOV
diario grande abc
26aff46be9É comum ouvir, ao conversar com algum aposentado, que ao dar entrada no benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro social) ele se aposentou com oito salários-mínimos, por exemplo e, hoje, ganha o equivalente a apenas quatro, ou seja, a metade. Mas, por que isso ocorre? Porque o governo federal estabelece formas diferentes de correção para o piso, que equivale ao salário-mínimo, e para quantias acima, que podem chegar ao teto de R$ 4.159.
Hoje, a Previdência Social reajusta o menor valor de aposentadoria, R$ 678, com o mesmo método usado para corrigir o salário-mínimo, pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) mais o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás – o intuito é dar ganho real, ou seja, acima da inflação, para quem recebe o piso. Neste ano, a correção aplicada foi de 9%.
Para rendimentos acima do piso, porém, o reajuste é feito apenas pelo INPC, que mede a variação do custo de vida das famílias que ganham entre um e cinco salários mínimos, e alcançou 6,2% neste ano.
Nos últimos 13 anos, porém, houve momentos em que o governo decidiu corrigir os benefícios pelo IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), que considera preços para famílias e empresas, o que gerou correção um pouco maior, e, em outros, concedeu ganhos reais. Mesmo assim, de lá para cá a diferença nas correções gerou perdas de 45,7% ao aposentado. Por exemplo, quem se aposentou com R$ 1.300 em 2000, atualmente recebe R$ 3.170,51. Se o reajuste seguisse o mínimo, o segurado estaria recebendo R$ 5.837,09, ou seja, R$ 2.666,58 a mais.
Os cálculos foram feitos com exclusividade para a equipe do Diário pelo especialista em Previdência Social Newton Conde, diretor da Conde Consultoria Atuarial e também professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). “Apesar da grande diferença, é importante esclarecer que a Previdência nunca se propôs a reajustar os benefícios pelo mínimo, mas pela inflação.”
Conde simulou, ainda, que se o benefício tivesse sido corrigido pelo IGP-DI durante os 13 anos, eles seriam 12,6% maiores do que o que é pago hoje, e a aposentadoria alcançaria R$ 3.626,07.
Se durante o período o reajuste tivesse sido feito somente pelo INPC, no entanto, os valores seriam 5,1% menores, e o aposentado estaria recebendo R$ 3.015,24.
“Só o INPC não basta para o aposentado, que por não ter ganho real, enfrenta cada vez mais dificuldades para sobreviver com o que recebe do INSS”, afirma o diretor da Associação dos Aposentados e Pensionistas do Grande ABC, Luís Antônio Ferreira Rodrigues.
REGIÃO – No Grande ABC, a média dos valores dos benefícios pagos a aposentados é de R$ 1.404,41 e, embora não seja possível mensurar quantos segurados ganham o piso, sabe-se que a maioria recebe mais do que o valor mínimo.
Para se ter ideia da diferença entre os reajustes aplicados na última década, o valor das aposentadorias, que era de R$ 674,01 em 2003, subiu 108,3%, enquanto o salário-mínimo, que passou de R$ 240 para R$ 678, aumentou 182,5%. “Por isso os aposentados têm de voltar ao mercado de trabalho ou se associar a alguma entidade, para ter direito ao convênio médico ou a consulta com o profissional da associação que ele não tem condições de pagar”, explica Rodrigues.
Na região, cerca de metade dos 260,2 mil aposentados seguem trabalhando, sendo que 30% têm registro em carteira e continuam contribuindo com o INSS.
Abaixo-assinado pede correção igual
A diferença de métodos usados para a correção dos valores do piso da aposentadoria e de quantias acima está sendo discutida no Congresso Nacional.
O deputado federal Arnaldo Faria de Sá recebeu abaixo-assinado com 5.528 assinaturas pedindo que o aumento do salário-mínimo seja estendido a todos os benefícios previdenciários. As assinaturas, recolhidas por Almir Papalardo, que atua em defesa dos aposentados e mantém blog Aposentado! Solte o Verbo, foram protocoladas no início do mês junto à Presidência da Mesa Diretora da Câmara, conforme informações do gabinete do deputado federal.
O abaixo assinado é uma forma de sensibilização do Projeto de Lei 01/07, parado na Câmara desde 2008, para que ele volte a ser discutido na casa.
O projeto estabelece políticas de valorização do salário-mínimo de 2008 até 2023, ao pedir aumento real. No entanto, não era extensivo aos benefícios acima do piso.
A proposta recebeu emenda do senador Paulo Paim para que o mesmo reajuste seja aplicado à aposentadoria, independente de seus valores.

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