Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

O ABSTRATO DIA DO APOSENTADO

Almir Papalardo
 
Como todos certamente já devem estar cansados de saber, o aposentado brasileiro, espantosamente, também tem o seu dia de comemoração. É o próximo dia 24 de janeiro. Viva pois com louvor e merecimento o trabalhador aposentado! Mas, na verdade, é o único dia do ano em que no Brasil colocam os aposentados nos píncaros da glória! Um dia somente de homenagens, reconhecimento e afagos, e os outros 364 dias, de duras e impiedosas chineladas. 

Ouve-se então naquele mentiroso dia dezenas de discursos inflamados, com parlamentares cobrando direitos não reconhecidos dos segurados do RGPS, exigindo que se faça maior justiça para os indefesos previdenciários. Todos os políticos exibindo falsa sensibilidade, defendem os aposentados com grande ênfase e clamor, reconhecendo que essa categoria desprezada precisa de fato de maior proteção, mais justiça e um pouco de mais carinho. 

Reconhecem que, como numa fileira de bois resignados que caminham para o abate, todos os aposentados que ainda ganham mais de um salário mínimo, seguem submissos, tristes e conformados através de um corredor estreito como o do pobre animal que vai direto para a carnificina. É o que na realidade acontece com os aposentados. Juram os senadores e/ou deputados nos seus discursos, num simples momento de empolgação e vedetismo, que irão acabar com este perverso morticínio dos aposentados.

Por fim, passado o dia 24 de janeiro, longe dos focos de holofotes, acabam-se as enganosas e fajutas homenagens para o aposentado. Já a partir do dia seguinte, voltam os velhinhos à dura realidade, acordando daquele sonho maravilhoso, voltando a ter somente, coitados, grandes pesadelos. 

Apagam-se suas vans esperanças de que os nossos direitos serão afinal reconhecidos pelos nossos governantes. Tudo não passou de uma falsa ilusão! Passado o Dia do Aposentado, quando as homenagens foram fartas, bonitas e acima de tudo justíssimas, mas curtíssimas, só 24 horas, tudo volta a rotina anterior. Tudo regride ao velho massacre. Duvidamos que algum senador ou deputado se recorde do seu bonito discurso feito com brilhante galhardia no dia anterior.

Tanto é verdade que há 17 anos esse procedimento é repetido sem que nada de positivo seja realmente efetivado. Como prova disso tivemos nesse período um percentual de reajuste de 113,85%, enquanto o outro grupo de aposentados, representando dois terços, pertencentes ao mesmo regime, tiveram um índice superior de correção de 191,45% (salário mínimo), com uma diferença a maior de 77,60%, mesmo tendo no período laboral descontos para o INSS muito inferiores aos nossos. Onde então está a lógica disto? Por que a isonomia e paridade entre aposentados não existem? Me respondam, se puderem, as cabeças pensantes dessas equipes econômicas do governo. E chamam a isso de melhor distribuição de renda...

Enfim, o dia do Aposentado não passa de uma miragem para enganar o trabalhador, podendo o Legislativo, 
responsável pelas leis deste país, apagar tudo o que aqui foi escrito, se realmente tiverem coragem, sensibilidade e um pouquinho de sentido de justiça. É só colocarem em votação os Pls 01/07, 3299/08 e 4434/08, liberando-os do bloqueio feito pela Câmara dos Deputados, que já perdura, perversamente, por seis anos consecutivos. 

Comecem pelo Pl 01/07 que já tem protocolado na Mesa Diretora da Câmara uma petição, "Percentual Único de Correção das Aposentadorias", com 5.500 assinaturas, solicitando a sua necessária e urgente votação. Fica aqui lançado o desafio...

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