Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

                                                   " Ser idoso, é um privilégio dado por Deus. Eu gosto de ser velho!!!"

                                                                   Odoaldo Vasconcelos Passos
                                                                                                                               Aposentado / 73 anos
 
 
 
Uma das incertezas dos jovens é pensar na crueza e na limitação da vida quando chegar à terceira idade, se chegar! Nada mais incorreto podem crer. É bacana e prazeroso ser idoso. É deitar à sombra de uma amendoeira frondosa sentindo a aragem da vida amaciar o seu desgastado corpo. Até os neurônios já combalidos pelo constante uso ainda conseguem injetar grandes alegrias e qualidade de vida aos idosos para compensar a perda do vigor físico, já em processo de decadência. Os sonhos se multiplicam, a nossa inteligência parece se revigorar e o nosso bom senso ganha dimensões nunca imaginadas. Quem teve uma vida passada recheada de valores morais como cidadania, trabalho, amor, perdão e alguma fantasia não precisa se preocupar com a rabugice e outros distúrbios próprios da idade maior.
 
A terceira idade é um manancial de conquistas muitas vezes negadas aos mais jovens em razão da correria destes para vencer na vida. Vejamos algumas dessas conquistas: ao abrir a televisão nós, os maiores de idade, assistimos com curiosidade as boas notícias e com desdém as más; nas longas filas dos caixas dos supermercados não fazemos cara feia e a odiada espera não nos desgastam; ao atravessarmos uma rua movimentada ajudados pela bengala ou pela mão de um jovem o fazemos com a mesma alegria de um cãozinho puxado pela coleira.
 
A morosidade dos movimentos, a visão comprometida e os ouvidos surdos tornam-se uma verdadeira distinção para lhes poupar a azáfama de ver e ouvir tantas desventuras deste mundo em ebulição. Os idosos não se importam mais em negar um favor ou emprestar dinheiro, pois não podem mais ser taxados de mesquinhos ou pão duro; os atropelos da vida moderna não mais os assustam (exceção aos automóveis que não respeitam a faixa dos pedestres) e muitos outros aparentes estorvos. Os achaques, as doencinhas e os remédios permanentes não lhes causam nenhuma inconveniência.
 
O sexo não incomoda mais com as suas incertezas. E, o Sexo não é amor.  O  verdadeiro amor atinge o ápice da qualidade nessa esplendorosa fase da vida, com as rugas das nossas companheiras já brotando e a cumplicidade de ainda nos aquecer à noite e nos velar durante o dia para aumentar o nosso bem estar. A nossa inteligência intuitiva nos convida a ler muito, escrever uma crônica ou editar um livro sobre a nossa não menos longa experiência. A única covardia que se fazem aos idosos é a limitação do tempo que ainda lhes resta para curtir as maravilhas da vida terrena. Do zero aos oitenta os seres humanos ganham minutos, horas, dias, meses e anos infindáveis para brigar e sobreviver com galhardia. A partir dos oitenta vislumbra-se uma sonegação miserável dessa preciosa concessão para o idoso curtir as suas alegrias.
 
A ciência precisa intensificar as suas pesquisas para encontrar a chave do tempo, destinada a alargar a faixa da permanência na terra dos homens da terceira idade para saborearem as delícias desta bela e doce vivência terrena.
 
José Batista Pinheiro, aos 84 – Cel Rfm EB

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