Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

SOCIEDADE COM PODEROSOS E MÃO NA CUMBUCA

Estamos, novamente, recorrendo às fábulas de La Fontaine, ou por outras, correndo atrás da sabedoria que dorme nas estantes das bibliotecas desde os anos de 1621. Ele, La Fontaine, foi um dos habitantes de nosso planeta que brindou seus contemporâneos com a mais rica eclosão de sabedoria popular nas páginas das fábulas que escreveu e legou a todas as gerações do futuro.

Como não sou digno, sequer, de desatar as sandálias de seu gênio, estou a lhe pedir licença para pegar carona em uma de suas fábulas na tentativa de sugar um pouco da sabedoria que ela encerra. A página literária que me inspira, neste momento, traz por título: “A SOCIEDADE COM OS PODEROSOS”. Aconteceu, nos bons tempos de outrora, à sombra de uma gameleira, quando se encontraram o leão, a vaca, a ovelha e a cabra. O momento se apresentava como especialmente propício para que o leão entrasse com a dele para depois sair também com a sua. – Olá, vocês ai, ruminantes, será que pretendem continuar a vida comendo capim, talvez nunca lhes passou pela cabeça algo melhor. Jamais foram provocados pelo sabor de uma carne fresca? A conversa teve seqüência, evoluiu. Todos externaram seus pontos de vista e avaliaram seus prós e contras. No final, convieram em criar uma sociedade de caçadores. Prevaleceu a proposta do leão. É simples, ponderou ele. A sociedade se baseia no trabalho da caça. Cada sócio terá que ir à luta. Toda a presa que for apanhada será dividida em quatro partes, iguais, tocando para cada sócio o quinhão a que tiver direito. Selado o pacto, partiram para a ação. A primeira a ser bem sucedida foi a vaca. Apresentou uma capivara apanhada junto a uma aguada que regava as pastagens vizinhas. Sem perda de tempo, o leão empunhou uma peixeira e dividiu a presa em quatro pedaços iguais.

Consciente de sua liderança foi logo usando da palavra e determinando: - Segundo o que ficou combinado entre as partes contraentes, o primeiro quinhão me pertence porque eu sou um dos sócios. Quanto ao segundo, sem dúvida, também será meu porque sou o mais forte da turma. No que tange ao terceiro, não há nem como questionar sua posse. Minha condição de leão garante incontestavelmente, meu direito sobre o mesmo.

E, para concluir, ai de quem se atrever a por a mão sobre o quarto pedaço. No mais, passem bem companheiros e sócios e continuem trabalhando forte porque a vida não está fácil.

A vaca, a ovelha e a cabra se entreolharam pasmas com o que acabavam de ouvir e presenciar e, cada uma fez suas ponderações. A vaca mugiu: - Bem sabia eu que sociedade com poderoso jamais deu certo. Poderoso e ditador é a mesma coisa. Sua prepotência é que funciona como lei. A ovelha acrescentou: - É incrível que, depois de tanto ouvir as ponderações dos mais velhos e experientes, ainda caiamos numa esparrela como esta. E a cabra, com sua voz de falsete, sublinhou: - Eu, hein! Nem vou contar esta história ao meu bode porque ele vai me reprovar por inventar moda e de querer aparecer perante o galã do leão. Cruz credo, sai fora porque é fria.

Dando graças a Deus por saírem dali com vida, lá se foram elas amargando sua decepção mas jurando aprender a lição de que mais vale um feixe de capim verde e macio do que a promessa de um vermelho pedaço de carne nas unhas de um leão.

Esta é a fábula e o contendo moral que dela emerge. Cumpre-nos agora dar nomes aos bois, ou se meus amigos aposentados preferirem vamos pensar alto e puxar para a realidade brasileira o que os irracionais se encarregaram de nos ensinar.

Dentre os animais alguns são conhecidos e qualificados como velhacos, traidores, astutos e violentos. Outros, por sua vez, são tidos como mansos, fieis e amigos. O leão sempre açambarcou a figura do velhaco, do traiçoeiro, do traidor, do astuto e do violento. Já os outros, ou seja, a vaca, a ovelha e a cabra cultuam a mansidão, a boa fé, a paz e a boa convivência.

O que aconteceu na fábula já o sabemos de sobra. Transportemos os fatos para a arena da política nacional e observemos o comportamento dos dois grupos. Lula, faminto por votos, revestiu-se das necessidades dos trabalhadores, dos aposentados e, como se representasse um papai Noel de esperanças, despejou aos seus olhos um saco de promessas e de maravilhas. Até para o problema das secas do nordeste ele garantiu soluções. Prometeu uma eterna aliança com os trabalhadores, inclusos os aposentados.

Era a troca do capim seco da caatinga pelas vacas gordas das regiões centro, leste, oeste, invadindo, inclusive, as florestas de cocaína do vizinho Evo para ter o com que dopar os brasileiros, facilitando o processo de alienação a que seria submetido.


Mais, oferecia aos seus parceiros, como garantira a figura do leão que ia invadindo sua personalidade e fazendo crescer sua juba de traidor.

Premidos pelas necessidades, os sempre bem intencionados e sofridos aposentados, ainda que desconfiados, acreditaram, ou melhor, arriscaram e embarcaram na sociedade da velhacaria e da astúcia. Embarcaram no voto cego e entregaram o próprio pé ao laço da traição e meteram a mão na cumbuca da mais safada das raposas. Aí está o leão da caatinga, roncando papo e sibilando ameaças. Vou vetar as pretensões dos vagabundos e dos irresponsáveis. O primeiro pedaço é meu, o segundo também, o terceiro nem se fala e ai de quem, sequer, pensar em meter a mão no quarto. Vá trabalhar aposentado vagabundo porque eu preciso de seu dinheiro para curtir Fidel Castro, para ajudar o Hugo Chaves a comprar armas, para garantir a Evo Morales, recursos no cultivo da cocaína e, o que é melhor, para enriquecer o urânio com que a fera lá do Irã irá fabricar a bomba atômica para explodir o planeta e fazer sossegar em definitivo o rabo dos ditadores nos quintos dos infernos.

E agora, meu amigo e querido aposentado, será que de cara com tamanhas evidências, você irá arriscar-se ainda mais uma vez, a fazer experiências com quem só vive gozando sua cara, com quem rouba seu seguro, com quem trai sua boa fé, com quem ajuda a fabricar bomba para explodir seu cérebro, com quem manda você trabalhar e a ele sustentar, que o dinheiro que você ganha é dele para fazer todo o tipo de FARRA?
La Fontaine, La Fontaine, dê um pulinho aqui na terra. Convoque a vaca, a ovelha e a cabra que nos venham ensinar a nós aposentados o que devemos fazer com o leão da caatinga.

Os irracionais já entenderam, mas nós humanos continuamos naquela de esperar para ver o que acontece.

E, se acontecer, se é que já não aconteceu?

Aposentado, risque de seu dicionário o verbo esperar. Siga o conselho de Santo Expedito: Não deixe para amanhã o que pode ser feito hoje.

Passe-me um email: JÁ FIZ!!!

Com um abraço, de quem sempre confiou em você.

José Cândido de Castro
Junho de 2010

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