Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

SONHAR, SONHAR, SONHAR .... VELHINHOS E VELHINHAS APOSENTADAS...


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sonhar, sonhar, sonhar... Velhinhos e velhinhas aposentadas...

Valdemar Habitzreuter
Toma isto em consideração: atende à justiça e esquece a violência. É o uso que Zeus impõe aos homens: os peixes e os animais selvagens e os pássaros alados podem devorar-se uns aos outros, porque entre eles não existe o direito. Mas, aos homens, concedeu ele a justiça, o mais alto dos bens”. 

A admoestação acima foi feita no sec. VIII a.C. pelo poeta épico grego Hesíodo (em Erga - Os Trabalhos e os Dias) dirigindo-se ao seu irmão Perses para que não se valesse de meios escusos oferecendo presentes aos juízes para obter um quinhão maior na partilha dos bens da família entre os dois.
Já na antiguidade remota, antes mesmo que qualquer código civil, ou código legislativo, tenha estado em vigor na interpretação do direito, havia a preocupação para que a justiça fosse independente de qualquer ingerência que lesasse o direito das pessoas. A justiça pauta-se tão-somente pelo direito e não por tortuosidades que levam ao aviltamento do ser humano como ‘animais selvagens devorando-se uns aos outros’.
O termo direito e justiça se equivalem. (A palavra direito tem sua derivação do latim dirigere, dirigir, orientar; justiça vem de jus, ou jubere, mandar, ordenar). Por direito entende-se, pois, as regras que dirigem ou orientam a conduta das pessoas para que haja organização e paz social, em que as pessoas se contentam com aquilo que lhes é devido; da mesma forma, por justiça entende-se a ordenação de preceitos precisos que visam ao entendimento entre as pessoas quando se trata de dar a cada um seu equivalente de esforço e trabalho.
Mas na nossa ‘evoluída sociedade moderna’, sintetizando séculos de estudos filosóficos, antropológicos e sociais, parece que em nada se avançou em matéria de direito. Avançou-se muito, isto sim, em sofisticação verborrágica dos ‘doutores em direito’ para confundir e não para esclarecer os fundamentos legítimos da justiça. Nossa Justiça (refiro-me à brasileira) pauta-se na força e na forca. O mais forte é beneficiado. O fraco que se dane, que vá dormir ao relento e vire-se como puder, de preferência com a corda no pescoço e que morra o quanto antes para que não incomode mais...
Infelizmente é isso, meus amigos velhinhos e velhinhas aposentadas, que presenciamos em nosso lindo país e rico por natureza, mas pobre em democracia onde os fortes dirigem e ordenam regras para subjugar os fracos, tendo seus direitos menosprezados. A defasagem anual dos proventos da aposentadoria é um exemplo de safadeza do poderoso leviatã que é o governo, deixando milhares de aposentados passando necessidades na idade avançada, após anos de trabalho árduo e tendo contribuído por muitos anos para a Previdência estatal.
Por Zeus, quando se reconhecerá este ‘o mais alto dos bens’ – a justiça? Por que governos não se orientam pelas regras do direito para a paz social?
Ontem (22 de julho) estive na reunião que a FENTAC/CUT/SNA convocou em Curitiba para os ex-trabalhadores e aposentados da Varig/Transbrasil para tratar do caso Aerus e afins, e tive a impressão que tudo irá água abaixo. Os integrantes dessa federação querem reorganizar movimentos para pressionar o governo a conceder o benefício da tutela, ou antecipação dos valores que o Aerus prioritariamente tem direito com a causa ganha pela Varig na defasagem tarifária; enfim costurar um acordo entre governo e aposentados do Aerus.
Acho isto ótimo, mas algo me intriga. A senhora Graziela e demais integrantes se lamentaram de terem sido enganados pelo staff do governo nas negociações anteriores. Aí me pergunto: e o senador Paim do PT? Também ele foi enganado? Será que nunca se encontrou com a presidente – já que são do mesmo partido – para tratar do caso Aerus, pelo interesse que tinha em dar uma solução para o caso? É provável que tratou isso com ela. E no entanto, ele nos frustrou ao proclamar que haveria acordo. Ele foi enganado? Ou nunca se interessou de verdade em procurar a Presidente? Presumo que o empenho do ilustre senador não seja tão-somente pelos votos dos velhinhos e velhinhas...
Se a senhora Graziela e FENTAC quiserem reiniciar novo diálogo com o governo seria de bom-tom convidar o senador Paim, e juntos ter uma audiência com a presidente e elucidar de uma vez por todas o porquê da negativa de um acordo. Não imagino que seja recusado a um senador da República, que é do mesmo partido da presidente, esta audiência.
Enquanto isso, meus amigos velhinhos e velhinhas do Aerus, façamos o seguinte: nada de stress. Entreguemo-nos à magia do sonho. Com isso não quero dizer que não nos empenhemos para que obtenhamos uma solução para esta triste situação que nos aflige, mas prevenidos pelos percalços que estarão pelo caminho. O sonho é a força espiritual que nos ajudará nesta luta. Sonhar tem dois aspectos. O aspecto da esperança e o aspecto do alívio. Ao sonhar estamos levitando na etérea dimensão das possibilidades, aliviando as tensões da dura realidade.
Sonhar, sonhar, sonhar, meus amigos, e um dia acordaremos com o ‘miraculum’ da bendita realidade do usufruto de nosso Aerus.
Título e Texto: Valdemar Habitzreuter, 23-07-2014

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