Wadih Damous
Faltam explicações
Publicado: 8 de maio de 2014 às 15:45
A Polícia Civil do Rio acusa o caseiro Rogério Pires de cumplicidade
no assalto que redundou na morte do coronel Paulo Malhães, que, dias
antes, tinha confessado para a Comissão da Verdade alguns crimes
gravíssimos cometidos contra presos políticos na ditadura. A polícia
chegou a afirmar que o caseiro confessara sua participação.
Em conversa comigo e com integrantes da Comissão de Direitos Humanos
do Senado, porém, o caseiro Rogério negou ter admitido para a polícia
participação no crime. Sua família também acusou a polícia de ter
forjado seu depoimento.
Rogério é analfabeto e sequer tinha advogado. Diante dessa situação, oficiei à Defensoria pública para que a instituição designasse um patrono para assumir seu caso, o que já foi feito.
Podemos até estar diante de um crime comum, como sustenta a polícia do Rio. Mas seria uma coincidência que isso tivesse ocorrido logo depois de Malhães começar a falar para a Comissão da Verdade.
É inegável que a história tem pontos obscuros, que devem ser esclarecidos.
Por que os criminosos, uma vez na casa, esperaram a chegada do coronel e sua mulher, já que supostamente estavam lá apenas para roubar objetos?
Por que, uma vez o coronel tendo retornado à casa, ficaram com ele trancados num cômodo durante oito horas?
Por que, se são ladrões da periferia de Nova Iguaçu, teriam retirado discos rígidos de computadores?
Por que tiveram a ideia de usar luvas cirúrgicas, de modo a não deixar impressões digitais?
Por que a notícia da morte de Malhães foi postada num site mantido pela esposa do coronel Brilhante Ustra meia hora antes de ser divulgada nos sites da grande imprensa?
Enfim, são perguntas que devem ser respondidas.
A busca de um bode expiatório não servirá a ninguém: nem à Justiça, nem à consolidação da democracia.
E, diante dessas dúvidas, por que não permitir que a Polícia Federal acompanhe as investigações, conforme já solicitamos ao ministro José Eduardo Cardozo.
Em tempo: mesmo que a necropsia confirme a versão de infarto como causa mortis do coronel, isso não afasta a hipótese de assassinato. Há antecedentes do uso de drogas, por parte de integrantes do aparelho repressivo da ditadura, para causar infarto. Um ex-colaborador que fazia grampos telefônicos para agentes da repressão foi morto assim. E o ex-tenente Amílcar Lobo sofreu uma tentativa de assassinato quando lhe foi aplicada à força, numa rua de Copacabana, uma injeção que causaria infarto. Como Lobo era médico, correu para um hospital próximo, onde pediu uma contra-medicação que lhe salvou a vida.
Rogério é analfabeto e sequer tinha advogado. Diante dessa situação, oficiei à Defensoria pública para que a instituição designasse um patrono para assumir seu caso, o que já foi feito.
Podemos até estar diante de um crime comum, como sustenta a polícia do Rio. Mas seria uma coincidência que isso tivesse ocorrido logo depois de Malhães começar a falar para a Comissão da Verdade.
É inegável que a história tem pontos obscuros, que devem ser esclarecidos.
Por que os criminosos, uma vez na casa, esperaram a chegada do coronel e sua mulher, já que supostamente estavam lá apenas para roubar objetos?
Por que, uma vez o coronel tendo retornado à casa, ficaram com ele trancados num cômodo durante oito horas?
Por que, se são ladrões da periferia de Nova Iguaçu, teriam retirado discos rígidos de computadores?
Por que tiveram a ideia de usar luvas cirúrgicas, de modo a não deixar impressões digitais?
Por que a notícia da morte de Malhães foi postada num site mantido pela esposa do coronel Brilhante Ustra meia hora antes de ser divulgada nos sites da grande imprensa?
Enfim, são perguntas que devem ser respondidas.
A busca de um bode expiatório não servirá a ninguém: nem à Justiça, nem à consolidação da democracia.
E, diante dessas dúvidas, por que não permitir que a Polícia Federal acompanhe as investigações, conforme já solicitamos ao ministro José Eduardo Cardozo.
Em tempo: mesmo que a necropsia confirme a versão de infarto como causa mortis do coronel, isso não afasta a hipótese de assassinato. Há antecedentes do uso de drogas, por parte de integrantes do aparelho repressivo da ditadura, para causar infarto. Um ex-colaborador que fazia grampos telefônicos para agentes da repressão foi morto assim. E o ex-tenente Amílcar Lobo sofreu uma tentativa de assassinato quando lhe foi aplicada à força, numa rua de Copacabana, uma injeção que causaria infarto. Como Lobo era médico, correu para um hospital próximo, onde pediu uma contra-medicação que lhe salvou a vida.
Wadih Damous é presidente da Comissão da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB.
Comentário:
É interessante como a OAB se preocupa com assuntos que interessam ao governo do PT. Nove milhões e quinhentos mil aposentados e pensionistas, do Regime Geral da Previdência Social Urbano, que recebem benefícios acima de um salário mínimo, estão sendo torturados, roubados, desrespeitados e humilhados há15 anos pelo governo federal, iniciando pelo PSDB de FHC e tendo no PT de Lula e Dilma, a sua continuidade, sem que a OAB tenha a sensibilidade de apurar a denuncia que eu lhe fiz, em 10/03/2010, entregando em mãos do Presidente Ophir Cavalcanti, aqui em Belém-PA, pedindo-lhe a interferência e a defesa da Instituição, em favor da nossa classe, que continua indefesa. Oficialmente ele me respondeu que tinha passado a carta para a Comissão tal. Como não recebi resposta da tal Comissão, lhe fiz outra carta e obtive a mesma resposta. Até hoje, quatro anos depois, não se fez nada a respeito. Vejam que eu estou falando de 9,5 milhões de pessoas idosas, que têm filhos, esposa, netos, etc. e na maioria dos casos essas pessoas são o sustentáculo das suas famílias. Com as anuais reduções de suas rendas, os aposentados e pensionistas, anualmente, em número de 300 mil, caem para 01 salário mínimo, deixando-os incapazes de cumprirem com seus compromissos. Em função desse estelionato, morrem milhares de idosos aposentados e pensionistas motivado por depressão, suicídios, etc. por não aguentarem tamanha humilhação. MESMO ASSIM, A OAB NÃO SE SENTE NO DEVER MORAL E PROFISSIONAL DE DEFENDER OS DIREITOS DESSES IDOSOS ABANDONADOS A SUA PRÓPRIA SORTE. É MUITO ESTRANHO ESSE COMPORTAMENTO DE UMA INSTITUIÇÃO QUE SE DIZ DEFENSORA DA LEI. O nosso caso, é caso de JUSTIÇA e quem a pratica, são os advogados que a OAB os credencia. Muito estranho!
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