Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

O QUE NÃO FOI DITO (CLEMILCE SANFIM DE CARVALHO

DO BLOG DOS APOSENTADOS

Em plena campanha eleitoral, em que os candidatos fogem à sua realidade e, como robôs, assumem o personagem de ‘bom moço’ ou ‘defensor da legalidade’, ou ainda, de ‘salvador da pátria’, deparamo-nos com falhas imperdoáveis na elaboração dos quesitos selecionados pelas produções de entrevistas e debates.

Mensalmente, os noticiários mais ouvidos nas rádios ou televisões assacam contra a Previdência Social – pública – toda sorte de comentários inverídicos, comunicando números falaciosos de déficits inexistentes, quase anunciando a falência do sistema e a consequente abertura das portas para a concorrente previdência complementar.

Na verdade, não deveria haver concorrência entre os sistemas previdenciários: eles se complementam, de fato. O que poderia justificar os ataques intermitentes contra a velha Previdência, velha e humanitária, é a cobiça que o filão que ela representa aguça nos caçadores de lucros.

Fazer programas políticos de debates, como o da TV Bandeirantes (05/08), sem oferecer à discussão o tema da Seguridade Social é simplesmente desrespeitar o interesse da sociedade.

Os 27 milhões de aposentados / pensionistas e toda a massa de trabalhadores ativos querem saber sobre o destino que os presidenciáveis querem imprimir às questões pendentes. Como exemplo:

1. o tratamento que os candidatos pretendem, com relação à DRU (Desvinculação de Recursos da União) e a outros desvios orçamentários, que atualmente comprometem as receitas da Seguridade Social e são os responsáveis, tanto por benefícios com valores progressivamente defasados, quanto pela falsa ideia de que a Previdência Social brasileira é deficitária;

2. o posicionamento dos postulantes ao governo do Brasil quanto à votação das Propostas de Emenda à Constituição (PECs), que estão discutindo o fator previdenciário, o reajuste parelho de Salário Mínimo e benefícios e a reposição dos benefícios em termos de número equivalente de Salários Mínimos;

3. seu pensamento acerca da administração do patrimônio imobiliário da Previdência Social, cujos imóveis estão, em grande parte, ocupados irregularmente, cedidos graciosamente a órgãos da própria Administração Pública ou invadidos por sem-teto, deixando assim de gerar receita tão necessária à manutenção do sistema e seus programas de atendimento.

Falaram muito, até de forma jocosa, quanto ao interesse de um dos candidatos pela Saúde. Certo; a saúde é direito fundamental inserido na Constituição Federal, porém ela faz parte de um tripé: Previdência, Saúde e Assistência Social. E para esses três direitos há, na própria CF, as receitas do artigo 195, como não nos cansamos de dizer e escrever.

Se os candidatos se comprometessem a excluir das receitas do orçamento da Seguridade Social a insolente e repudiada DRU, a Saúde estaria a salvo, com mais 20% para se reerguer e se expandir. Saúde de ‘primeiro mundo’ estaria à vista, por direito, sem reforma alguma.

Outra candidata, por sua vez, que prega a reforma tributária, não explicita qual reforma: se a versão dos empresários conservadores ou a pretendida pelos trabalhadores, com justiça social.

Pois é. Perdeu-se tempo e ampliou-se o vazio! Os temas nacionais, os realmente importantes para a sociedade e o país, ficaram para outros debates. Ou outras eleições.

O que precisaríamos ter ouvido, não foi dito.



Clemilce Sanfim de Carvalho

Auditora-Fiscal da Receita Federal do Brasil

clemilcecarvalho@bol.com.br

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