Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

NOVE ANOS DE PESADELO - A AMARGA TAÇA TRANSBORDA



A (Amarga) Taça Transborda

Nunca pensei que apenas para exercer o direito básico a uma aposentadoria, teria de tomar de conhecimento de coisas que me são refratárias, indigestas e me fazem mal só de ler e ouvir sobre elas. Estou cansado de ações, antecipações de tutela e seu oposto – postergações de tutela - processos, liminares, embargos de declaração, movimentos legais, ilegais, advogados, advogados da “união”, procuradores e toda essa fauna que invade o meu espaço mental quando o que devia estar acontecendo era eu estar tocando a vida, o estado longe de mim e eu mais longe ainda...dele.


Minha aposentadoria, pela qual paguei, é bom que se lembre - ao contrário de tantas outras falsas, junto com inúmeros “benefícios”, “vantagens” e outras senvergonhices arrancadas do lombo de quem trabalha por parte de quem pode manipular o estado – está sendo roubada há mais de nove anos. Esta é razão porque estou cansado deste circo onde o palhaço, sem nenhuma vontade de minha parte, sou eu mesmo. Mas aí eu lembro que estou “vivendo” em um país onde – alguém recentemente disse com sabedoria:


“Um dos lugares mais adequados do mundo para você desperdiçar sua vida.”
Qualquer um que não teve a mente abduzida por essa ideologia podre vigente no país há de concordar, embora eu, ao contrário dos abduzidos, conceda aos idiotas o direito que eles me negam:


Por mim são livres para pensar e acreditar em besteiras, desde que besteiras não se transformem numa agenda deles para nos prejudicar – o que infelizmente é o que se passa neste lugar onde desperdiçamos nossas vidas. E é neste lugar que uma senhora idosa, indiferente aos que lhe são semelhantes neste quesito – os idosos – passa os dias falando asneiras e dando pedaladas pra trás levando essa trapizonga chamada Brasil de volta para os primórdios do século passado.


Eu não sei se a parte boa e maior deste país e da qual faço parte, vai continuar através de sua oceânica tolerância, sendo apenas boa e trabalhadora, mas também deixando-se utilizar como o instrumento ideal dos canalhas que estão destruindo a nação.


Como ex trabalhador da Varig e assaltado do Aerus, sei que tem gente lutando para reverter essa situação criminosa, sei que os caminhos da justiça de Justiça têm apenas o nome e que o país caminha para uma recessão cuja data inicial, não detectada pelos incautos, é primeiro de janeiro de 2003, início do lullalato. Foi quando começou o desmonte não só da Varig, mas de tudo que se consegue pelo trabalho duro e pelo mérito e que existia de bom nesse país.


Estar há mais de nove anos à margem da vida e por obra de um bando de canalhas realmente me tira toda a vontade de acompanhar a peça sinistra que se desenrola, com um ou outro passo à frente e uma longa corrida para trás, supondo que um dia ainda estarei vivo para usufruir do que paguei para ter. Não dá mais, como disse antes, para ouvir falar em tutelas, embargos, AGU, Adams (da família Luís Inácio), Previc, advogados, sindicatos e o que quer que se proclame - mas não resolva - uma situação que nem era para ter acontecido. Não posso permitir que os miasmas da putrefação institucional em curso no país me roubem o que ainda me resta de sanidade emocional. Talvez eu tenha chegado ao ponto em que esses canalhas quiseram nos colocar, não sei. É a taça que transborda.


JC Bolognese

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