Companhia dos Aposentados

Tribuna dos Aposentados, Pensionistas e Trabalhadores do Brasil

HOLOCAUSTO DOS APOSENTADOS

Holocausto dos aposentados

As Organizações Globo têm muito do que se envergonhar perante a Nação. Fazem uma edição criminosa do debate Collor X Lula, nas eleições de 2000; tentam ignorar deliberadamente a campanha das Diretas Já, e o editor e apresentador do Jornal Nacional chama o povo brasileiro de Homer Simpson, um idiota de histórias em quadrinho, e permenece impassível no cargo, são alguns exemplos. A tantas peças se junta agora o editorial do jornal, publicado nesta quinta-feira (27), onde defende, em linguagem direta, que aposentado bom é aposentado morto.

Apesar da gravidade, a opinião do jornal não terá repercussão, pois O Globo não tem mesmo nenhuma credibilidade. É publicação que se move aos ventos do poder, seja econômico, político ou militar. Ah, estes últimos e O Globo!!!

Contudo, por tratar de aposentados e pensionistas, faremos aqui algumas ressalvas necessárias. O citado editorial defende o veto ao reajuste de 7,72% no valor dos benefícios, bem como para o fim do redutor das aposentadorias, chamado fator previdenciário. As duas medidas foram aprovados, com larga maioria, no Senado e na Câmara Federal.

Com o maior cinismo, O Globo se faz de “bom conselheiro” para o presidente Lula, apelando para a “sensatez”, para a verdadeira dimensão de “homem público” e abandono das propostas aventureiras e irresponsáveis do programa do PT.

Mais do que fantasiar-se de cordeiro, da forma como O Globo defende os vetos, ele comete crimes de discriminação e preconceito. Não há respeito e consideração nenhuma para com 9 milhões segurados do INSS que recebem mais do que um salário mínimo.

Abusam de expressões como demagogia, febre de gastança, hemorragia nas finanças públicas e projetos irreais. O texto está impregnado de excessos, falsidades e desonestidade.

As entidades que legitimamente defendem os aposentados são denominadas “grupos organizados”, termo que remete às quadrilhas do crime organizado. Afirma-se que o fim do fator implicará em despesas de R$ 4 bilhões por ano, quando ele nunca possibilitou “economia” superior a R$ 1 bi/ano, nos seus dez anos de existência. Insiste-se que as contas da Previdência têm um déficit de R$ 40 bilhões, quando, no mesmo dia, o senador Paulo Paim afirmou que o sistema arrecadou R$ 273 bi e pagou R$ 211 bi, no ano passado, com base em dados da Secretaria de Política de Previdência Social.

Em janeiro deste ano o salário mínimo teve reajuste de 9,68% e não houve quebradeira alguma. As finanças públicas do Brasil estão melhores do que nunca. Se os aposentados não puderem ter agora alguma melhoria, quando isso será possível? Dizer que não há perdas, porque os benefícios são corrigidos pela inflação oficial implica em desconhecer todas as mobilizações de trabalhadores no mundo por ganhos reais, única forma de galgar algum avanço. O que se reivindica é simplesmente a paridade entre os benefícios e as contribuições pagas enquanto na ativa.

Lembramos, por fim, que o cuidado e o respeito com as pessoas estão muito acima da liberdade de imprensa. Claro que o dito editorial não é jornalismo, mas ainda assim deveria evitar essa verdadeira apologia contra os aposentados. Evitar esse incitamento a hostilidades contra os mesmos, como se o reajuste e o fim do redutor fossem o caos. Um pouco de equilíbrio e ética. Mas talvez isso seja querer demais de O Globo.

Robson de Souza Bittencourt
Presidente da FAP/MG BH - 27/05/2010

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